— ... E então, depois disso, comecei a receber ameaças por todos os meio que imaginar. Me chamando de todo tipo de palavra que terminava em "fóbico".
— Pelo visto é proibido fazer as pessoas pensarem um pouco...
— Na verdade, querendo ou não, elas só estão se protegendo em suas próprias ideologias ineficazes...
— Parecemos que gostam quando um problema não pode ser resolvido por elas. Se dão ao luxo de relaxar...
Marilyn estava empurrando o carrinho com bebidas quando recebeu a vibração silenciosa do telefonema de Cole. Pôs então a ir para trás da cortina vermelha, refletida ao fundo da aeronave. Estalou a maçaneta do banheiro.
Stella a seguiu incomumente, extravasando para Erick que estava a sentir algumas dores desde que chegou no campo de aviação.
Surgindo da cortina, colheu um copo do carrinho próximo e o colocou na porta junto do ouvido, feito num episódio das Supergatas. Mas, o que ouviu a deixou atordoada, invés de cômica.
Dentro do banheiro, encontrava-se um vaso sanitário, uma pia, um espelho acima, um sabonete líquido, papel-toalha ao lado e, por fim, uma mulher angustiada.
— Alô? — atendeu a aeromoça.
— Você sabe quem é! — retrucou furioso.
— Cole, como estão indo as coisas por aí?! — gaguejou de maneira que seu brilho otimista sumia. — Aqui, a cada segundo parece que piora.
Marilyn com o nariz vedado, teve que afastar o telefone da orelha para não feri-lá na bronca.
— E você acha que não sei?! A nossa conexão pode entrar em pane em qualquer minuto. Acho que é a tempestade ou algum tipo de pulso eletromagnético, igual o que fez aquilo com Diana.
Nesse momento, a voz dele ficou embaralhada por um ranger irritante. Possuía também um atraso e às vezes uma pressa adequada para uma creepypasta.
Um arrepio ocupou a aeromoça. Seus lábios se espaçaram microscópicamente.
— O pulso fez o quê com quem? — Ela abruptamente criou fantasias ordinárias com a palavra "pulso". — Por favor Cole, me diga o que aconteceu?!
— Você não sabe, né?... — a pressa repetidamente. — Ela está morta.
A informação veio súbita para Marilyn. Se existia ainda algum otimismo nela, morreu neste momento. Ela deixou o aparelho cair, criando um chiado tortuoso do outro lado da linha.
— Marilyn! Ainda está aí?!
A aeromoça catou o telefone desolada e disse buscando sensatez:
— Eu preciso de mais tempo para criar coragem.
— Certo, já se passou quase uma hora. Dê seus pulos — interferência. — Ao menos, já conseguiu uma oportunidade para usar o incentivo?
— Estou em dúvida entre duas garotas. Mas ambas parecem anoréxicas.
— Se tem alguém que não é anoréxico é a administração, que vai comer nossos rins se não fizer isso logo. Sabe, você tem o meu respeito.
— Obrigada… mas respeito não vale membros. Vou dar meus pulos, Mas, agora, por favor, não me ligue mais.
Marilyn desligou o telefone, o que fez Stella voltar ao seu lugar espantada. Preciso contar a eles. Eles não vão acreditar em você. Pensou.
A comissária guardou o telefone no bolso e olhou para o espelho enfastiada. Abriu a torneira abaixo do espelho e deixou a água acumular-se na pia. Ela apreciou o fluido subindo, até alcançar a beirada. Assim sendo, enfiou a cabeça no vaso sanitário.
Gritava. Surgiam bolhas. Balançava as pernas igual balançava as mãos, sorrindo enquanto perguntava e servia.
Todos os dias arrumava-se, dava três passos para trás no espelho (Marilyn acreditava que sua alta autoestima era devido a ela efetuar três pulos para longe do espelho), e entregava o maior sorriso que seu rosto poderia oferecer sem rasgar-se. O maior sorriso de Denver.
Perguntava e servia. Entrava dia e saía dia, era a mesma coisa, empurrava o carrinho até o passageiro de lombo invertido na direção dela.
Eu só queria me proteger… E os meus colegas ainda riam às minhas custas…
Puxou o crânio do líquido com a densidade a dificultando. Agachou-se contra a parede do banheiro minúsculo e ficou lá, em posição fetal. O rosto lastimoso via a água da pia chegar nela.
Um relógio preso em uma rotina cíclica, de novo e de novo em um fluxo previsível sem emoção, suspenso apenas pelo desafrouxar de alguns parafusos.
Levantou-se depois de uns dois minutos para se secar com papel higiênico, especialmente o rosto evidentemente.
Ela deu outro leve sorriso ao ver a descarga escorregando em sentido anti-horário.
… Tenho que servir…
Bateu a porta do banheiro para fora. O estalo mais uma vez.
No saimento, Marilyn notou, desconfiada, que o copo no carrinho estava à direita e não à esquerda. Na dianteira, ela ouvia vários sussurros, não muito diferentes do que ela estava escutando antes de ir, mas agora sob a influência de um pensamento ciumento. Descobriram?
Ela segurou os dois lados do véu e, transpirando dores de cabeça, estirou, revelando-se na cabine completamente comum.
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Ystería no Voo7300
Mistero / ThrillerOs investigadores, Emilly Christine e Arthur Nicolas, acostumados a confrontar entidades demoníacas, manifestações sobrenaturais e cultos obscuros, mergulham em uma série de acontecimentos perturbadores envolvendo o Aeroporto de Denver nos EUA, conh...