CAPÍTULO 10

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  Marilyn atravessou o corredor, conduzindo a carruagem de alimentos. Havia frango, macarrão, peixe, salada, até sorvete.
  O japonês executou um sinal negativo com a cabeça e a comissária exerceu um aceno. Caminhou até os fundos e deixou o carrinho atrás das cortinas. Noh então questionou.
  — Yuma, você viu?
  — Sim, ela não tem a menor cortesia.
  — Não isso. Eles ainda usam talheres de metal.
  — Queria que eles usassem hashi? Eu sei que é falta de respeito, mas estamos na "América".
  — Não por causa disso! Houve uma proibição desse tipo de talher desde o ataque às Torres Gêmeas.
  — Ah... — Ele fez uma cara de tédio e pôs as palmas na nuca. — Deve existir uma exceção, feito em classes executivas. Mas, mesmo assim, isso não importa...
  — O que não importa?
  — De que adianta barrar talheres, se uma garrafa ou até uma lixa de unha podem virar uma arma? Você sabe mais do que ninguém disso. A segurança é ilusória e serve apenas para nos sentirmos seguros.
  — Não é verdade, os guardas pediram até para tirar os sapatos.
  — Noh, é um teatro. Contratam pessoas sem treinamento nenhum para manusear detectores que não detectam.
  Estão todos mentindo?...
  — Tudo é tão estranho por aqui.
  — Se refere ao avião ou o país?
  — Tudo... — a coreana exprimiu um leve gemido. — Tem uma coisa que há tempos quero te contar... Pergunte, Noh...
  — Pode falar, sou a única pessoa do seu lado.
  Vamos lá, pergunte sobre a trava... A trava!
  — É sobre suas pálpebras... elas me fazem lembrar dela...
  — M-minhas pálpebras?... - reagiu receoso - Por favor, não diga mais isso, essa viagem é boa demais para ser estragada.
  — Ok... - Noh ajeitou a postura ereta — Foi só algo que me passava pela cabeça, desculpe...

Ystería no Voo7300Onde histórias criam vida. Descubra agora