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                              ANNY KAROLINE



A cada dia que se passava eu tinha a absoluta certeza que me encontrava ainda mais fodida. Poderia ser apenas um drama adolescente, mas não era. Perdi meu pai aos cinco anos de idade, o homem que era um poço de carinho comigo e sempre prometia ficar em minha vida. Mas foi totalmente contrário o que aconteceu. Infelizmente existia uma doença que se chamava câncer e tirava das pessoas os entes queridos que elas mais amavam.

Aos meus sete anos, Estela, a mulher que me deu a luz e nada mais que isso, decidiu se envolver amorosamente com Sebástian. Um homem rico e espanhol que visitava o Brasil em um belo verão. Os dois acabaram se conhecendo em uma festa e se apaixonaram loucamente. Meses depois o homem decidiu levar Estela, agora como sua namorada, e sua filha para morarem ao seu lado no país que até então para mim era bastante estrangeiro.

Eu não queria ir. Deixar o país que criei tanto carinho para trás não era uma opção, apenas tive que seguir os passos da minha mãe desnaturada que não podia ver um homem que lhe desse moradia que ela já se atracava.

Tudo no início era uma completa novidade. Sebástian me tratava com amor e demonstrava ser carinhoso comigo. Sempre me perguntava o que eu queria, mas depois virou um completo inferno quando ele me agrediu aos meus doze anos de idade após recusar uma de suas investidas.

Ele fugiu, pois eu o ameacei de o entragar a polícia e em nenhum momento a mulher que eu considerava mãe acreditou em mim. Anos depois ela me deixou para trás alegando em uma carta que iria procurar a felicidade e que nem eu ou Hugo, meu irmão de quatro anos, éramos a felicidade dela. E hoje faz um mês que Estela sumiu sem dar explicações e eu sobrevivia de ajudas que vinham da minha melhor amiga.

Já tinha semanas que eu entregava currículos em Sevilla e nada de encontrar um emprego. Agora tive que apelar e vir até Barcelona até cogitando a ideia de se encontrar um local para trabalhar me mudar com meu irmão e reconstruir a minha vida, já que eu não iria viver de favor pro resto dos tempos.

Entreguei currículos em vários lugares possíveis, mas tinha um que eu tinha um pouco de certeza que poderia ser a minha salvação. Rosy e Fernado tinham um grande carinho por mim e recentemente abriram um restaurante em Barcelona que estava fazendo um grande sucesso. Conheci eles através de Clara, minha melhor amiga, pois eles tinham um filho insuportável que era amigo do Gavi, esse que era apaixonadinho pela minha melhor amiga.

Adentrei o estabelecimento com um sorriso no rosto que foi desfeito após ver o idiota do Pedri sentado justamente no balcão onde eu iria chamar dona Rosy.

— Olha quem deu as caras em Barcelona. — Ele me fitou por completo e passou a ponta da língua umedecendo os lábios. Que esse idiota tinha um tesão do caralho em mim não era novidade para ninguém. — Eu vou para Sevilla essa semana mas agora vi que você estava com saudade da minha presença e veio me ver. Que amor!

Nojo. O que eu sinto por você é nojo, seu idiotinha de merda. Por você e por esse sorriso filha da... tia Rosy, que você tem.

— Me poupe, seu idiota. — Empurrei minha bolsa em seu peitoral para que ele pudesse segurar e assim ele fez. Se eu pedisse para ele latir, ele viria de quatro. — Sua mãe está?

— Bom dia pra você também, Karoline. Tão mal educada que nem cumprimenta os amigos. — Ele arqueou a sobrancelha e acabei por soltar um riso nasal. — Minha mãe está bastante ocupada para conversar com uma garota mimada como você.

Engoli em seco. No fundo era o que todos achavam de mim, que eu era uma garota mimada por sempre estar bem vestida e poder comprar as melhores coisas que eu quisesse. Só que isso tinha acabado já que a minha maldita mãe roubou toda a poupança que meu pai havia deixado para mim. Que maravilha, não?!

Um Lance Falso - Pedri González Onde histórias criam vida. Descubra agora