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O torneio das valquírias estava cada vez mais próximo, na verdade aconteceria em dois dias, então, Stella estava focada no treinos particulares com Hela, sua cunhada que tinha centenas de anos de experiência em combate, mas m combate mais... Sanguinário. 

— Você lambeu o sangue do seu inimigo que estava na espada? — perguntou Stella durante o intervalo onde as duas estavam sentadas no chão no ringue de treino da Casa do Vento.

— Sim, qual o problema disso? — questionou Hela fazendo Stella arregalar os olhos. — O mais importante numa batalha com mais de um oponente é a intimidação.

— Eu sei disso, mas, é um pouco demais para mim — disse a princesa rindo. — Já pensou em quantos pessoas você já matou?

— Hm... Eu nunca cheguei a pensar realmente nisso — Hela olhou para o céu. — Boa parte da minha vida foi apenas matar e matar. E até eu vir parar aqui nesse mundo, era assim. Só não matava tanto quanto antes, ou discriminadamente sem se importar.

Stella olhou para o rosto da cunhada, se lembrava da forma em que a conheceu, como era magra, pálida, sem vida alguma nos olhos cinza esverdeados, e como Nyx fora a cura dela.

— E meu irmão te ajudou a mudar um pouquinho mais — disse e Hela arqueou a sobrancelha.

— É, acho que Nyx foi a melhor coisa que me aconteceu... Pelos deuses — soltou um riso nasalado. — Parece até uma mentira que estou viva — olhou de esguelha para Stella que a encarava com um sorriso idiota no rosto. — E você e Adonis?

— Ah — suspirou a princesa. — Adonis é... Eu não sei nem dizer o quanto ele me faz bem. É como se minha vida toda tivesse sido só um conto de fadas mentiroso, sabe? Com Aidan... Eu realmente achava que ele me amava...

— Não quer dizer que não amasse — Hela disse e Stella ergueu as sobrancelhas. — Acredito que ele gostava sim de você.

— Então, por que ele simplesmente me deixou ir? — a voz da princesa era baixa e cheia de mágoa.

— O amor assusta, Stella — a cunhada disse e olhou para o céu azul com poucas nuvens. — Quando eu notei que estava amando o seu irmão, eu fiquei com um medo genuíno. Talvez foi isso que Aidan sentiu.

Stella respirou fundo e também olhou para o céu, haviam certas coisas que era melhor nem pensar sobre.

***

— Preciso de você no continente — disse Azriel a Adonis enquanto os dois estavam no escritório do encantador de sombras.

O ruivo arqueou uma sobrancelha encarando o pai que estava focado em documentos de outros espiões.

— E quanto tempo isso vai demorar? — questionou.

— Não sei — Azriel respondeu e então olhou para o filho. — Você nunca me perguntou a duração de suas missões.

Aquilo era verdade, se o pai de Adonis falasse que a letra A na verdade era a letra Z, ele concordaria de olhos fechados, mas as coisas tinham mudado.

— O torneio das valquírias é daqui dois dias, Stella vai participar e eu gostaria de estar lá.

Azriel respirou fundo e assentiu com a cabeça.

— Desculpe, mas eu realmente preciso que você vá...

— Você não pode ir no meu lugar? — questionou Adonis e Azriel franziu as sobrancelhas. — Se é algo tão importante, acho que você mesmo pode fazer.

O olhar de Azriel analisou o filho de cima a baixo e Adonis sentiu que suas sombras e as do pai agora se estranhavam como cobras prontas para brigar.

— Sua mãe precisa de mim por causa desse torneio — disse Azriel.

— Ah, então você pode deixar de ir numa missão importante pela sua parceira e eu não posso pela minha noiva?

Adonis respirou fundo, em centenas de anos jamais, jamais, tinha questionado as ordens do pai.

— É diferente, Adonis — rosnou Azriel. — Eu não estarei ajudando apenas por que sou parceiro da sua mãe, mas por que estou com ela e as outras valquírias desde o começo, assim como Cassian. É fundamental que tanto eu quanto ele participemos.

— Claro, que cabeça a minha — disse o ruivo num riso amargo. — Você nunca deixou de fazer suas missões pela mamãe, nunca.

Azriel respirou fundo e com uma calma letal colocou as mãos sobre a mesa curvando o corpo na direção do filho.

— Está insinuando que eu não me importo com a sua mãe? — os olhos avelã brilhavam com uma raiva que Adonis jamais viu, afinal, tudo o que ele sempre via nos olhos do pai tanto para si quanto para os irmãos era amor, um amor incondicional.

— Não — respondeu Adonis tentando não tremer. — Eu só acho que podemos deixar de lado algumas coisas pelas pessoas que amamos, apenas isso.

Azriel estreitou os olhos encarando o filho, as sombras mais escuras em volta dele assim como as de Adonis em volta do ruivo.

O mestre-espião da Corte Noturna respirou fundo sem tirar os olhos de Adonis.

— Assim que o torneio acabar, você sai em missão, entendeu? — disse Azriel.

Adonis respirou fundo, de certa forma mostrando gratidão ao pai, então abaixou a cabeça em sinal de respeito, suas sombras recuando e ficando mais calmas. Assim que fora dispensado e saiu do escritório escuro do pai, Adonis pode respirar aliviado, jamais sentiu aquela tensão na presença de Azriel e para ser sincero não queria sentir nunca mais.

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