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Os encontros com Adonis tinham que ser ainda discretos, durante os jantares em família eles tentavam ao máximo não trocar olhares, mas era impossível, principalmente quando as sombras dele serpenteavam por debaixo da mesa indo até as pernas dela. O resultado era Stella ter que ir correndo para o quarto e esperar apenas alguns minutos que ele aparecia e o lugar mais silencioso era o closet da princesa. No começo era até divertido, mas começou a ser perigoso porque em uma das vezes Stella deu de cara com Hela assim que saiu do quarto, a cunhada levava Asra para a cama e se havia uma coisa que Hela sabia era ser observadora, mas por sorte, sabia esconder bem segredos.

Por mais que quisesse tê-lo todos os dias, todas as noites, Adonis não poderia ser dela, afinal ele sempre tinha que fazer missões importantes e secretes, muitas vezes na companhia de Azriel e no exato momento o ruivo estava em missão, mas sozinho já que o pai deste estava na casa do rio junto da família.

Era um dia especial, um jantar entre a Corte Noturna e a Corte Invernal, apenas para manter a boa convivência e política entre as duas forças. Toda a família de Stella estava ali e arrumada elegantemente fazendo a corte aos visitantes que pareciam pedaços de neve em meio ao salão de festa, achava impressionante como eram brancos demais.

— Ah — escutou o suspiro de Lissa que estava ao seu lado e olhou para a prima que olhava chateada a taça com água.

— O que foi? — perguntou Stella sorrindo.

— Raphael não deixou que eu bebesse hoje — disse a ruiva com um bico.

— E desde quando ele manda em você?

— Desde quando eu fico totalmente fora de mim bêbada — respondeu Lissa olhando para o parceiro que a olhava semicerrando os olhos do outro lado do salão.

— Uma taça não vai fazer mal — a princesa morena diz.

— Uma taça me deixa alegre — diz Lissa.

— E você não quer ficar feliz?

A prima a olha e Stella ergue e desde as sobrancelhas diversas vezes. Lissa abriu um sorriso largo, olhou para Raphael que fazia uma feição que dizia claramente para ela não faz o que estava prestes a fazer e a princesa mostrou a língua para o parceiro que abriu a boca indignado.

Stella fez uma cara de deboche para o macho e entregou uma taça de vinha para Lissa e elas brindaram antes de começarem a beber, depois deram risada com os rostos bem pertinho da outra.

— O que as duas pestes estão aprontando? — a voz grossa disse se aproximando e as duas olharam direto para cima para poderem ver o rosto de Nikos, seu primo e que era totalmente a copia escarrada do pai, Cassian, o que mudava eram as orelhas pontudas com brincos de argola prata em cada uma e o cabelo mais curto.

— Você usa algo além da armadura, olha só — diz Stella e o primo finge um sorriso.

Estava vestido com uma túnica preta, calças também da mesma cor e nos pés botas.

— E a sua língua parece de trapo — o macho retruca entre os dentes.

Stella faz uma careta para o primo que olha para o lado e faz uma cara de como se estivesse com uma dor de barriga, e essa cara só aparecia quando sua tia Nestha o estava olhando com severidade, para tirar a prova a princesa olhou para a tia que encarava Nikos com os olhos azul acinzentados afiados e severos.

— Aconteceu alguma coisa? — Lissa o pergunta com preocupação e Stella olha para o primo que da um sorriso sem graça para elas.

— Não, nada — ele responde e Stella da o sorriso mais diabólico que sabia.

— Foi uma intervenção — ela disse e Lissa a olhou enquanto Nikos transpareceu o desconforto.

— Sofreu uma intervenção? — a princesa da Diurna perguntou e Nikos grunhiu irritado. — Por que? — prendeu o riso.

— Algo desnecessário — ele respondeu.

— Aposto que foi por que você passa tempo demais na esbornia — disse Stella e Nikos o olha com os olhos avelã os semicerrando. — Você é tão previsível, Nikos.

— Eu não sei por que meu estilo de vida incomoda tanto — ele diz pegando uma taça de vinho. — Não estou matando ninguém.

— Te falta responsabilidade e está sendo prejudicial a você mesmo — disse Lissa. — Talvez seja isso que está incomodando tio Cassian e tia Nestha.

— Não acho — ele diz dando de ombros, as asas enormes dando espasmos.

A conversa dos primos ia fluir, porém, algo branco esbarra em Nikos que levava a taça de vinho a boca, o esbarrão faz com que ele derrube o liquido na túnica e um ofego assustado sai da fêmea que causou aquilo.

Os cabelos brancos como a neve, pele extremamente clara, olhos azuis espantados e as mãos sobre a boca, usava um vestido azul gelo e os cabelos coltos saindo em gordos cachos pelas costas.

— Aerin! — a voz de Vivianne, a Grã-Senhora da Invernal ecoou pelo salão ao chamar a atenção da filha mais nova.

— Minha nossa, me desculpe! — disse a princesa desesperada e Nikos apenas deu risada.

— Está tudo bem, acontece — ele diz e com magia faz com que o vinho e a mancha sumam da túnica. — Viu?

O rosto branquelo da princesa ficou completamente vermelho e saiu correndo logo em seguida deixando os três primos completamente confusos. Polar, a irmã mais velha, passou correndo por eles logo depois seguindo a irmã.

— Ela é muito tímida... — disse Kalias aos pais de Stella.

Bom, se ela se recordava bem nunca havia ouvido mais do que dez vezes a voz de Aerin, filha do meio dos cinco filhos de Kalias e Vivianne, uma das duas fêmeas. Ela sempre esteve junto de Polar na sombra da mais velha que tinha um brilho e confiança que jamais fora visto em Aerin.

Os olhos violeta da princesa foram para o primo que olhavam na direção que a fêmea de cabelos brancos havia corrido.

— Está escorrendo — ela disse fazendo Nikos a olhar enfezado.

— Você não presta — ele respondeu fazendo as duas fêmeas ali rirem.

Os três continuaram a beber juntos e logo Raphael se juntou a eles e infelizmente quando Stella o olhava ela se lembrava de Adonis e sentia saudades, pois queria ele com ela ali, queria que ele estivesse ao seu lado assim como Lissa agora estava ao lado de Raphael, rindo e o olhando como se ele fosse a única coisa que importasse no mundo e ele a olhando para se ela fosse o mundo dele os olhos brilhando como o mar raso... O relacionamento deles era invejável.

— Saudades de quem não devia? — Nikos perguntou e Stella o olhou.

— Não — ela respondeu. — De quem devia, mesmo.

Nikos ergueu as sobrancelhas.

— Está com outro já? — ele perguntou.

— Você não faz ideia — disse Stella o dando uma cotovelada de leve e o primo gargalhou passando o braço pelos ombros dela.

Ela olhou para Lissa que prendia o sorriso sugestivo enquanto tomava vinho, mas logo ambas gargalharam e perguntam surgiram dos dois machos, mas ainda não era hora de dizer a eles, na verdade nos planos de Stella não era falar e sim mostrar a todos. 

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