35

296 39 11
                                    

O forte das valquírias estava lotado de telespectadores que iriam assistir ao torneio. Rhysand havia deixado regras claras para que toda a população de Velaris pudesse assistir, a mais importante delas sem dúvida era que ferimentos graves ou morte não seriam tolerados... Stella sabia que ele tinha tomado aquele cuidado a mais por que ela estaria naquele ringue.

Muitas das aspirantes olhavam para ela, tinha certeza que algumas não achavam justo sua participação já que não era uma Valquíria, mas passou pelo treinamento delas e representaria a família toda ali.

— Animada? — a voz de Adonis chegou até ela e Stella olhou para cima para poder ver o rosto do amado que deu um sorriso pequeno.

— Sim, e você? Animado para torcer para sua noiva maravilhosa? — passou os braços pelo pescoço de Adonis que deu um sorriso preguiçoso levando as mãos à cintura dela.

— Com toda certeza — a voz dele era baixa e rouca.

Adonis se abaixou inclinando o rosto até o de Stella a dando um beijo demorado.

— Certo, meninas! Todas em posição para entrar na arena! — dizia Emerie passando pelo corredor e deu dois tapas amigáveis no ombro de Adonis. — Vamos garotão.

— Já vou — respondeu ele vendo a madrinha passando até sair do corredor para a arena junto das outras fêmeas. Adonis deu um longo suspiro, as sombras dele dançando em volta de Stella. — Prometa que vai tomar cuidado, certo?

— Prometo, sairei daqui inteirinha — o deu mais um selinho demorado. — Eu te amo.

Adonis deu um sorriso doce e em seguida um beijo na testa da amada noiva que seguiu para o torneio o deixando para trás, para que ele apenas a assistisse assim como todo o restante.

***

O torneio começava com uma fase eliminatória em um percurso que fora projetado cuidadosamente por Cassian e seu pai. Não era igual aquele que se fazia para ser apto a passar pelo Rito de Sangue, mas era parecido e cruel da mesma forma.

Apenas as fêmeas mais habilidosas estavam conseguindo passar quase ilesas, além disso muitas tentavam passar a perna na outra para tirá-las do caminho. Stella quase caiu três vezes, mas a princesa jamais se deixaria vencer e estava mostrando a força e garra que havia herdado dos Grão-Senhores que assistiram orgulhosos a filha assim como todo o restante da família.

***

Após o intervalo do almoço chegou a hora da segunda e última parte do torneio das valquírias e apenas dez fêmeas foram classificadas para as lutas que seriam por eliminação, Stella estava animada, havia caído com uma boa lutadora, mas sabia que venceria em menos de vinte minutos.

— Você é a filha dos Grão-Senhores? — perguntou uma fêmea desconhecia e Stella a encarou de forma amigável.

Jamais a tinha visto antes, os cabelos eram loiros, a pele bronzeada, olhos um sendo castanho e o outro azul.

— Sim, e você?

— Apenas uma leal sudita que se juntou há pouco às valquírias — a fêmea deu um sorriso orgulhoso.

— Sério? Achei que não estavam deixando novatas participarem.

— Meu caso foi diferente, eu pedi um teste especial para mostrar as chefias que que era capaz de passar por isso — ergueu os braços se espreguiçando.

— E com quem você lutou?

— Cassandra, eu acho que era esse o nome dela — a fêmea deu de ombros. — Eu sou a primeira luta. Espero ver você nas finais.

Deu um sorriso gentil para Stella que devolveu com uma reverência amigável e assistiu a fêmea misteriosa voltar para a arena onde a princesa poderia estudar seu estilo de luta.

Fora para o bancos de espera em volta da arena de terra branca e fina onde duas fêmeas estavam com espadas em mais e prontas para lutar e vendo como a misteriosa de momentos anteriores se movia Stella tinha apenas uma certeza... Ela não era nem de longe uma novata.

Cassandra, pode me ouvir? — a voz de Stella correu até a mente da prima.

— Sim.

— Quem é essa fêmea loira?

— Acho que o nome dela é Ryona, algo do tipo.

— Você deixou ela participar do torneio? Olha para ela! Nunca que ela é uma novata!

— De fato ela tem experiência, por isso deixamos que ela participasse.

— Isso está errado, tem algo de errado nela.

— Não se preocupe, é apenas uma guerreira com experiência.

Stella deu um sobressalto quando Ryona nocauteou a oponente em cinco minutos, a princesa olhou para o camarote onde o Círculo Íntimo estava, olhou diretamente para a prima que a olhava também.

Cassandra!

— Fique tranquila, você da conta dela.

Cassandra deu uma piscadela em sua direção e Stella bufou cruzando os braços. Sim, ela daria conta de Ryona tranquilamente, mas não deixava de pensar que havia algo muito errado na fêmea.

***

As lutas foram boas, equilibradas e muito, muito, cansativas. O sol já se punha quando a última luta entre Stella e Ryona fora anunciada, a princesa estava na arena com a espada em punho girando a arma habilisosamente de forma despretensiosa para se distrair da oponente que estava do outro lado com uma postura de soldado invejável e expressão dura no rosto.

Com o sinal de Cassian, as duas foram para ao menate já começando com brutalidade, as lâminas se encontrando, golpes sendo trocados, quase uma dança mortal. Stella tentava a todo custo desarmar a oponente, encontrar uma brexinha que fosse na guarda dela, mas Ryona parecia uma muralha.

— Vamos, filha! — escutou o pai torcendo freneticamente, parecia até mesmo uma tiete.

Stella girou e encontrou a lâmina de Ryona já a esperando, estava agora cara a cara com a fêmea que deu um pequeno sorriso malicioso.

— Você tem que entender uma coisa — disse Ryona. — Nada disso é pessoal.

O olhar de Stella ficou confuso.

— O quê?...

Foi apenas o tempo da pergunta até sentir a dor aguda e profunda de uma adaga qual Ryona escondia entrar bem no meio de sua barriga. O mundo pareceu ficar lento, pareceu parar de girar quando Stella sentiu um choque correndo pelas veias, algo legal... Venenoso.

Ouviu de longe os gritos dos pais, dos tios, do irmão e de Adonis, sabia que todos estavam agora correndo até ela e prontos para colocar as mãos em Ryona que a empurrou e rapidamente virou a ponta da própria espada para o peito enfiando a lâmina ali.

O corpo de Stella atingiu o chão, as mãos foram até onde a adaga estava enfiada em seu abdômen, em seguida uma sombra a cobriu e ela fora levantada do chão às pressas pelo pai que berrava desesperado alguma ordem, a mão do seu outro lado segurava seu rosto entre as mãos e falava com ela, mas Stella estava tão longe... Tudo estava ficando tão frio, tão calmo... Desaparecendo, mas a última coisa que viu em sua memoria antes de desfalecer fora o rosto de Adonis, o rosto tranquilo, calmo, suado e corado depois de eles terem feito amor, o sorriso largo dele, o riso... O amor dela e antes de tudo finalmente sumir ela sentiu algo se partindo, como se uma linha estourasse, um laço se rompendo.

Corte de Estrelas Caídas Onde histórias criam vida. Descubra agora