Wolff

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Eu tenho corrido pela selva
Eu tenho corrido com os lobos
Para chegar até você, chegar até você
Eu estive nas ruas mais sombrias
Eu vi o lado escuro da lua

Wolves


Se Torger Wolff fosse um animal, ele seria um urso.

Ursos eram grandes, fortes, predadores, e o mais importante, meramente amigáveis. As pessoas gostavam dos ursos apesar da altura e todos sabiam que possuíam seu tempo de reclusão durante o inverno. A pelagem macia também era admirada, muitíssimo cobiçada.

Seu velho pai o chamava de kleiner bär. Um apelido que perdeu-se quando cresceu e tornou-se órfão. Uma perda jamais entendida por sua mãe, que isolou-se tão profundamente, que seu filho aprendeu a criar-se sozinho. Em nenhum momento tentou entender a dor dela, ou a sua própria, engolindo qualquer ressentimento.

Ele nunca buscou um sentido para a morte, ou explicação divina. Seu pai havia falecido, e aquele foi o fim da história para ele. Talvez teha aceitado tão facilmente por ser apenas uma criança ou porque estava ocupado sobrevivendo com tão pouco afeto de sua mãe.

Naquela época infeliz onde o dinheiro precisava ser racionado, a comida poupada e o inverno temido, Toto soube que não podia viver naquele frio país, aceitando um fim tão triste quanto do seu pai. Era inadimissivel continuar trabalhando cegamente por notas amassadas e velhas, enquanto homens menos esforçados venciam na vida facilmente.

Sua mãe jamais entendera toda aquela rebeldia. Ela esperava que se casasse com uma moça da sua cidade enfadonha, tivesse filhos e continuasse trabalhando tanto quanto seu pai. Sendo obrigado a esperar a morte. Por um breve momento conseguiu se satisfazer com o pouco oferecido, porém passava as noites acordado pensando na vida que ainda poderia usurfruir se fosse esperto.

Ele sobrevivia com mesquinharia e não ficava feliz com tão pouco.

O destino então o levou na direção certa quando tornou-se um jovem adulto.

Sentado na pequena arquibancada, usando calças baratas e jaqueta de um verde que detestava. Ele não estava apresentável, mas ainda não sabia o que aquela palavra significava. No entanto, fora daquela maneira que Toto conheceu seu futuro. Eram os carros. Ele sentiu-se admirado com a velocidade, a possibilidade de vencer e conquistar honrarias pelo resto da vida.

Aquele não era um mundo fácil de controlar.

Toto aprendeu da maneira mais difícil que o dinheiro comandava o automobilismo, e todos ao seu redor o considerava inferior. Enquanto ele precisava vender seu velho carro, pedir um empréstimo e ouvir as maldições de sua velha e cansada mãe, os outros pilotos só precisava conversar brevemente com os pais.

Na primeira vez que entrou no seu carro usando macacão e capacete, prometeu vencer a todos para provar que alguns nasciam com dons, outros cheios de dinheiro. Infelizmente, terminou no fim do grid, odiando-se e tendo que ignorar todos os comentários sobre seu desempenho medíocre.

Ele não era o melhor da Áustria!

Ás vezes pensava em voltar para casa, porque sua pequena cama era mil vezes melhor que o colchonete no chão. Seu lar era um quadrado apertado de paredes finas capazes de transmitir o que os vizinhos diziam e quando faziam sexo. Toto precisava lavar as roupas na pia da cozinha, tomar banho de água fria e comer porcarias nas ruas.

Nada era bom para um piloto de baixa renda.

Ele se esforçou.

Todos os dias.

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