Irmandade em Teste

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Narração: Felipe Titto

Depois da discussão que tive com a Pabllo na manhã passada, no outro dia, acabei mandando "algumas" mensagens pra ela por impulso, mas nem chegaram a ser visualizadas. Já esperava por isso.

Estava um calor insuportável, então decidi dar um mergulho na piscina do quintal. Sentado na beira, só de cueca, dei uma olhada no relógio e vi que já estava tarde. Lembrei que não tinha visto meu irmão o dia todo, mas não fiquei muito preocupado, já que também estava meio nervoso com ele por tudo o que fez no dia passado e provavelmente ele estava dormindo como de costume após encher a cara de bebida.

Dei uns mergulhos e me deitei em uma das espreguiçadeiras e logo veio o Gabriel, com a mesma roupa do dia anterior e uma ressaca daquelas. Ele tinha um olhar triste e se sentou ao meu lado, apoiando o queixo na mão.

- Bom dia - ele disse, mas eu só ignorei, respirando fundo. Ao perceber que eu não respondia, ele fez um bico e levantou as sobrancelhas. - Você já foi mais educado, irmão - soltou, me fazendo sentar direito e encará-lo sério.

- Você tem noção do que fez? - perguntei, juntando as mãos enquanto o encarava. Ele revirou os olhos e se jogou na cadeira com um braço atrás da cabeça. - Ah, pelo amor de Deus... sermão agora não. Tô com dor de cabeça - resmungou.

Fiquei irritado com o que ouvi e me levantei, apontando pra ele.

- Deveria ter pensado nisso antes de encher a cara como um louco!.

- O que foi isso? Ficou maluco? - Ele se levantou também com os dentes cerrados.

- Estou cansado! Você precisa aprender a se controlar! Chega! - Falei, com o coração batendo forte de nervoso. Gabriel arregalou os olhos, ficando em silêncio por um momento, desviando o olhar.

- Estou tentando... - ele começou, mas eu o cortei, cruzando os braços e erguendo o queixo.

- Não, você não está!

- Estou sim! - Ele elevou o tom - Você não faz ideia do esforço que estou fazendo! - Ele se levantou, ficando na minha frente.

- Você precisa de ajuda com isso. Não envolva mais pessoas nessa droga! - Eu disse, e ele franzia o cenho. - Você arrastou a Pabllo pra isso, Gabriel!... A Pabllo!. - gritei novamente. - Tem noção disso?.

- El... ela... - Ele enfraqueceu, antes de apontar pra mim. - Ela não tem nada a ver com isso!

- Ah.. - eu dou uma risada irritado. - Agora ela tem sim... - Gabriel me ouvia mas parecia não entender o que eu falava. - O que foi, Biel? Bebeu tanto que não se lembra de ontem? - debocho.

- Eu me lembro de tudo! - Ele respondeu.

- É mesmo? Até de quando ela teve que te trazer bêbado até a porta de casa? - abaixo a minha voz e Gabriel fica paralisado com seus olhos atentos. - Cê conseguiu fazer até ela passar por isso.

- Eu... eu... - Ele tentou articular, mas eu já estava me afastando por alguns passos, passando a mão pela barba, com a outra na cintura.

- Eu nem deveria tê-la envolvido nisso. Pedir pra ela sair contigo foi um grande erro - balancei a cabeça negativamente encarando o chão em quanto sorria decepcionado.

- Você está errado... - Ele murmurou.

- Ah, eu não estou não. Se quer saber, pergunte a ela mesma o que achou de sair contigo. Se quiser, podemos ligar pra ela - sugeri, apontando pra dentro de casa onde estava os telefones.

- Pare... - Gabriel pediu. - Eu entendi. Você está certo, sei o que causei.

- Pois bem, que bom.

- Mas eu ainda vou tentar reconquistar ela..

- Gabriel.. - o corto dando voltas pelo lugar, mas ele continua a falar determinado.

- ...Estávamos bem no início do dia, e ela sabe que sou bom... Só preciso de..

- Deixa ela em paz!. - Aviso com os nervos a flor da pele, Gabriel arregala os seus olhos espantado e frisa seu olhar em mim e eu pisco repetidas vezes ao perceber o que disse. - eu.. - pigarreio a garganta. - quero que deixe todos nós em paz do seu alcoolismo, é isso. Agora me faça o favor de não me colocar mais no meio dos seus planos jogados pelo ralo, seja o que for que queira fazer, não me inclua. - finalizo a conversa.

Depois disso tudo, me tranquei no meu quarto, refletindo sobre o turbilhão que estava acontecendo.

Na hora do almoço, nós dois descemos na cozinha e tentamos nos ignorar, mas Gabriel quebra o silêncio primeiro:

- Não vou te pedir desculpas de novo, sei que essa vinheta já tá chata... A única coisa que posso fazer por mim agora é procurar algo para tratar isso que eu tenho, e não se preocupe que não vou te envolver nisso pra me ajudar.

Sinto uma mistura de alívio e incerteza ao ouvir que Gabriel está disposto a buscar ajuda, mas ainda me sinto magoado.

- Posso te ajudar nisso - respondo, tentando expressar minha vontade de apoiá-lo.

Após um silêncio tenso, Gabriel desvia o olhar para a comida à sua frente e solta uma informação que me deixa tenso.

- A Pabllo perguntou de você ontem.

Um arrepio percorre minhas costas. Tento disfarçar minha preocupação.

- E isso importa? - respondo evitando olhar pra ele, tentando parecer indiferente.

- Ela parecia esperar que você fosse também - insistiu Gabriel.

Sinto meu coração bater mais rápido. Engolindo em seco, tento manter a compostura diante da revelação.

- Bobagem. Ela provavelmente só queria que eu fosse para impedir que você cometesse o exagero que cometeu.

Seguimos o almoço em silêncio, Gabriel parecia preocupado com a Pabllo e sentia remorso, era bem evidente pra mim que sou irmão dele. E por um lado, eu também estava preocupado em relação a ela.
Pra ter perguntado de mim, queria mesmo que eu fosse, nitidamente se sente mais a vontade comigo... Isso me deixou se sentindo péssimo.

Solto em Você - Pabllo Vittar e Felipe Titto (fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora