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S/n

Eu volto do banheiro, e no corredor da empresa conseguia escutar o choro estridente de Ayla. Ao chegar na sala de Billie, vejo a garota completamente devastada, enquanto Billie parecia assustada

-- o que aconteceu?-- pergunto confusa

-- eu não fiz nada... Eu só não deixei ela comer tinta de carimbo, não sei nem onde ela encontrou aquilo!-- Billie fala e eu dou risada

-- Oh, Ayla... -- Eu me aproximo, tentando conter meu riso ao ver a situação. Ayla estava com os olhos marejados de lágrimas, claramente frustrada por não ter conseguido o que queria. -- Comer tinta definitivamente não é uma boa ideia, amor. -- Me agacho ao lado dela, levantando-a em meus braços para acalmá-la. -- Vamos limpar essas lágrimas, certo? Não podemos comer tinta, ela é para desenhar, não para a boca.

Billie ainda parece um pouco nervosa, mas aliviada por eu não estar chateada.

-- Eu só virei as costas por um segundo, e quando vi, ela estava tentando abrir o carimbo.

-- Está tudo bem, Billie. Essas coisas acontecem. -- Tento tranquilizá-la, balançando Ayla suavemente em meus braços. -- Ayla é rápida e curiosa. Temos que ficar de olho nela o tempo todo. -- Ayla, ainda soluçando, começa a se acalmar no conforto dos meus braços. Olho para ela, séria. -- Ayla, tinta não é comida. Nós comemos frutas, legumes e outras comidinhas gostosas, certo?

Ayla acena levemente com a cabeça, ainda um pouco chateada, mas parece entender a mensagem.

-- você está com fome?-- ela nega com a cabeça, deitando sua cabeça em meu ombro de forma manhosa -- isso tudo é manha, provavelmente ela esta com sono

Billie sorri aliviada, observando a interação.

-- Acho que você tem razão. Ela deve estar precisando de um cochilo -- Billie comenta, olhando para Ayla com carinho. -- Você quer que eu pegue o paninho dela?

-- Seria ótimo, obrigada -- respondo, agradecida pela ajuda.

Enquanto Billie vai buscar o paninho, continuo a balançar Ayla, cantarolando baixinho para ela. A tensão do momento vai se dissipando à medida que ela se acalma em meus braços, seus soluços se transformando em respirações mais tranquilas e regulares.

Billie retorna com o paninho, um sorriso gentil no rosto ao nos ver mais calmas. Ela entrega o paninho, e Ayla o agarra imediatamente, esfregando o rosto contra o tecido familiar, um sinal claro de que está pronta para descansar.

Billie organiza as almofadas sobre o pequeno colchão que ela colocou no espaço reservado para Ayla, e quando a pequena finalmente adormece, eu deito ela ali

-- não sabia que eu poderia acabar com os sentimentos dela ao impedir ela de comer tinta -- Billie diz baixo, porém de forma brincalhona

-- eu costumo dizer que crianças, até seus seis, sete aninhos, são apenas pensamentos intrusivos ambulantes. E nós, adultos, temos que imprimir que esses pensamentos intrusivos tentem contra a própria vidinha... Parabéns, você passou no primeiro teste -- falo e Billie ri

Billie sorri, parecendo relaxar ainda mais com a brincadeira.

-- Então eu deveria esperar mais desses "testes"? -- ela pergunta, meio brincando, meio séria, olhando para Ayla adormecida com um misto de afeto e uma nova compreensão do que significa cuidar de uma criança.

-- Oh, com certeza -- respondo com um sorriso cúmplice. -- Cada dia é uma nova aventura. E cada aventura é um teste de paciência, criatividade e rapidez nos reflexos.

Echoes of a Lost Loop (Billie Eilish/You)G!POnde histórias criam vida. Descubra agora