Billie
Uma semana depois

Eu entro na casa de mamãe, segurando as diversas sacolas que trouxe. Minha mãe me olha confusa

-- o que é tudo isso?-- ela pergunta vindo me ajudar

-- Ayla... Ayla vai vir hoje de tarde. Ela... Ela é alérgica a abacaxi, não faça nada que... Que tenha abacaxi -- falo ofegante

-- calma, respire com calma -- mamãe pede e então eu puxo o fôlego, tentando regularizar minha respiração

-- eu trouxe alguns brinquedos para ela brincar aqui, trouxe as coisas para fazer o almoço, quero garantir que não vai ter abacaxi em absolutamente nada -- falo com mais calma

Mamãe sorriu, um sorriso cheio de ternura e compreensão que só uma mãe sabe dar. Ela pousou as mãos sobre as minhas, me fazendo olhar para ela.

-- Querida, você está fazendo mais do que o necessário. Ayla vai amar estar aqui, e você sabe que eu jamais faria algo que pudesse prejudicá-la -- ela disse, sua voz suave e reconfortante. -- Vamos preparar tudo juntas. Será um dia especial, não só para Ayla, mas para nós também. Vou conhecer minha neta, e isso... isso é um presente.

Eu sorri, me sentindo um pouco mais aliviada com suas palavras. Mamãe sempre teve esse efeito sobre mim, a capacidade de me acalmar e me fazer ver as coisas de uma perspectiva mais serena.

-- Obrigada, mãe. Eu só... eu só quero que tudo seja perfeito para Ayla -- eu disse, ainda um pouco ansiosa, mas me sentindo melhor.

-- E será -- mamãe afirmou com confiança, começando a desembalar as sacolas. -- Agora, me conte mais sobre essa alergia a abacaxi. É sério?

Assenti, explicando o pouco que sabia sobre as reações alérgicas de Ayla e como queríamos evitar qualquer tipo de problema. Mamãe ouvia atentamente, fazendo anotações mentais de tudo que precisava saber.

Enquanto trabalhávamos juntas na cozinha, preparando o almoço sem abacaxi e arrumando os brinquedos que eu trouxe para Ayla, senti uma onda de emoção me envolver. Estava prestes a introduzir minha filha a minha mãe, unindo duas partes importantes da minha vida que até então permaneceram separadas. Era um novo começo, cheio de esperanças e possibilidades. E, apesar da ansiedade e da pressão para que tudo saísse perfeito, eu sabia que, contanto que estivéssemos juntos, tudo ficaria bem.

Quando papai chegou, a tensão pairou no ar, ele esta irritado e chateado comigo desde que mamãe contou para ele sobre minha rejeição inicial com Ayla. Poucos minutos depois, S/n também chegou, com Ayla em seus braços, a pequena estava tímida, e escondia o rosto no pescoço de sua mãe.

-- ei princesa, tudo bem?-- pergunto tentando atrair a atenção de Ayla -- entra S/n, pode se sentar, a casa é sua!

S/n entrou, um pouco hesitante, mas agradecida pelo acolhimento. Ela acomodou Ayla em um sofá macio, tentando incentivar a pequena a se soltar um pouco mais. Ayla, ainda tímida, espiou por cima do ombro da mãe, observando os novos rostos com curiosidade e um leve traço de receio.

Meu pai, apesar da tensão inicial, não pôde resistir à presença de Ayla. Sua expressão amoleceu ao ver a garotinha escondida, e ele se aproximou com um sorriso gentil, tentando quebrar o gelo.

-- Olá, Ayla. Eu sou o seu vovô -- ele disse, sua voz suave e convidativa.

A menina olhou para ele, e então para S/n, buscando algum tipo de aprovação ou segurança. S/n sorriu para ela, encorajando-a. Ayla então ofereceu um sorriso tímido em resposta, o que parecia ser o suficiente para amolecer ainda mais o coração de todos na sala.

Mamãe trouxe alguns petiscos e suco para a sala, criando uma atmosfera acolhedora.

-- Por que não nos sentamos? Podemos conversar um pouco -- ela sugeriu, e todos concordaram, acomodando-se em volta da sala.

S/n parecia apreensiva, mas agradecia os esforços de todos para tornar a situação confortável. Eu não pude deixar de notar a forma como Ayla olhava para tudo ao redor, sua curiosidade natural começando a vencer a timidez.

-- eu trouxe alguns brinquedos seus -- falo e mostro a boneca da pequena sereia para Ayla, que sorri estendendo seus bracinhos para mim, rapidamente eu pego ela no colo

-- quantos aninhos ela tem?-- mamãe pergunta para S/n

-- ela vai completar dois anos daqui a três meses -- S/n responde me entregando a chupeta de Ayla

-- dois anos? Caramba... É muito tempo sem saber que eu tinha uma neta -- papai fala claramente para me provocar e demonstrar sua irritação comigo. Mas eu ignoro, ele tem direito de estar assim, e Ayla esta aqui, não quero que presencie algo hostil

-- Patrick!-- mamãe fala entre dentes

A advertência suave de mamãe para papai funcionou como um lembrete para manter a paz. A prioridade era tornar aquele momento o mais agradável possível para Ayla, e todos entenderam isso, apesar das emoções complicadas.

S/n, vendo a tensão momentânea, tentou desviar o foco.

-- Ela adora brincar no parque. Qualquer coisa que envolva estar ao ar livre, ela está dentro -- disse ela, tentando trazer a conversa de volta para um território seguro e alegre. Papai, pegando o sinal, suavizou seu tom.

-- Bem, talvez nós possamos todos ir a um parque juntos algum dia. Seria divertido, não é? -- Ele olhou para Ayla, tentando estabelecer uma conexão com a neta.

A sugestão pareceu agradar a todos, e o clima se aliviou mais uma vez. Ayla, agora mais confortável, começou a interagir timidamente, especialmente quando se viu no centro das atenções com sua nova boneca.

Eu sorri, sentindo um misto de alívio e felicidade. Ver Ayla sendo aceita pela minha família, apesar das circunstâncias difíceis que nos trouxeram até aqui, aqueceu meu coração.

-- Ela também ama música!-- compartilhei, tentando contribuir com algo que pudesse interessar a todos. -- Qualquer coisa com uma boa batida e ela começa a dançar. Uma vez, no escritório, passamos o dia ouvindo música juntas -- Mamãe riu

-- Parece que ela tem bom gosto então. Talvez ela tenha herdado isso de você

O resto da tarde transcorreu entre risos, histórias e planos futuros. Foi um momento de reconexão e novos começos, um lembrete de que, apesar dos erros do passado, sempre há espaço para amor e perdão na família. Ayla, no centro de tudo, com sua inocência e alegria, era a ponte que nos unia, mostrando que, no final, o que realmente importa é o amor que compartilhamos.

Echoes of a Lost Loop (Billie Eilish/You)G!POnde histórias criam vida. Descubra agora