Billie

Apos o almoço, mamãe havia preparado alguns cookies, eu entrego um para Ayla, que leva ate a boca, mordendo um pequeno pedaço. Seus olhinhos brilham ao provar o doce

-- mãmã... Tolati!-- ela mostra para S/n o cookie em sua mão

-- é de chocolate neném?-- S/n pergunta e a pequena condorda voltando a comer

Ayla, com seus olhinhos brilhando e um sorriso de satisfação estampado no rosto, devorava o cookie como se fosse o melhor presente do mundo. S/n sorriu, observando sua filha com um olhar cheio de amor e ternura.

-- Você gostou, né? Mas come devagar, tá bom? Não queremos dor de barriga depois -- disse S/n, tentando moderar a empolgação da filha com o doce.

-- É bom ver ela tão feliz -- mamãe disse, observando a cena com um sorriso. -- Eu não fazia cookies assim há tanto tempo. Acho que encontrei uma nova razão para voltar a fazer mais vezes.

Papai, que observava a interação, acrescentou:

-- Talvez possamos fazer disso um hábito, sabem? Almoços em família com a pequena Ayla aqui. Parece que trouxe um novo ar para esta casa.-- A sugestão de papai encheu o ambiente com uma sensação de esperança e alegria por futuros encontros.

-- Eu adoraria isso -- S/n respondeu, claramente tocada pela oferta e pela recepção calorosa de todos.

-- Eu também -- concordei, sentindo uma onda de emoção. Era como se, apesar de tudo o que havia acontecido, estávamos todos começando a tecer novos laços, construindo uma família mais ampla e unida em torno de Ayla.

A pequena, alheia às conversas dos adultos, continuava a saborear seu cookie, ocasionalmente olhando em volta com curiosidade e felicidade. Era evidente que, mesmo sem entender completamente o que estava acontecendo, ela sentia o amor e a aceitação que emanavam de todos ao seu redor.

Esse momento, simples mas profundamente significativo, marcou o início de uma nova fase em nossas vidas, um lembrete de que a família pode crescer e se fortalecer mesmo a partir das circunstâncias mais inesperadas. E no centro disso tudo estava Ayla, nossa pequena e doce ponte para um futuro cheio de possibilidades e amor compartilhado.

(...)

-- da tchau bebê -- S/n pede para Ayla se despedir. Ayla, já envolta na atmosfera sonolenta que antecede a soneca da tarde, levanta sua mãozinha pequena e acena de volta, um gesto doce que derrete o coração de todos presentes.

-- au -- ela murmura, a voz suave e arrastada pela sonolência. Meus pais acenam de volta, sorrindo e claramente emocionados com a despedida.

-- Até logo, princesinha -- diz minha mãe, a voz carregada de carinho. Meu pai apenas acena, o sorriso orgulhoso e os olhos brilhando com uma luz que não vejo há muito tempo. Eu me aproximo, não resistindo a dar um leve beijo no topo da cabeça de Ayla.

-- Tchau, pequena. Até breve -- sussurro, sentindo uma mistura de felicidade e saudade antecipada. S/n me lança um olhar de gratidão e compreensão, reconhecendo o momento significativo que estamos compartilhando.

Quando elas finalmente saem, o silêncio que se segue é preenchido com uma sensação agridoce. Por um lado, a casa parece subitamente vazia sem a energia vibrante de Ayla. Por outro, há uma sensação palpável de começo e possibilidade, como se estivéssemos todos à beira de algo novo e profundamente significativo.

-- Elas trazem vida a este lugar, não é?-- minha mãe diz, quebrando o silêncio, seus olhos ainda seguindo a figura de S/n e Ayla enquanto elas se afastam.

-- Sim, trazem -- respondo, o coração pleno de emoções conflitantes. -- E eu mal posso esperar pelo próximo encontro.

Nos despedimos com a promessa tácita de muitos outros almoços em família, de mais risadas e de mais momentos compartilhados. E enquanto S/n e Ayla se afastam, sinto uma convicção crescente dentro de mim: farei o que for necessário para estar presente, para reparar os erros do passado e construir um futuro onde possamos todos, de alguma forma, ser uma família unida.

-- agora nós vamos trocar uma palavrinha -- papai diz e eu concordo com a cabeça o seguindo até seu escritório -- por mais que Ayla seja uma grande bênção... Você tem noção do estrago que fez na vida dessa garota? Com certeza S/n precisou enterrar sonhos, mudar seus planos, seguir um caminho completamente diferente do planejado para si. Billie, amo muito você, mas eu vou ser completamente realista, você foi o pior tipo de ser humano, o monstro mais cruel de todo o mundo. Você deixou elas completamente desamparadas, na época, um simples teste de paternidade resolveriam todas as suas dúvidas. Mas você decidiu questionar a moral de uma mulher que nunca lhe deu motivos para isso.  Eu estou extremamente desapontado, pois não foi isso que lhe ensinei. Esse tipo de conduta é exatamente o tipo de coisa que repúdio. Você tem uma gigantesca divida com essa menina, primeiro por ela ter criado sua filha de forma tao magnífica, e depois pelo estrago que causou na vida dela, que poderia ser evitado

As palavras do meu pai me atingem como uma tempestade, cada frase carregada de verdade e decepção. Não há como me defender ou desviar; as consequências das minhas ações estão expostas, cruas e inegáveis, e a dor delas ecoa profundamente em meu peito.

-- Eu sei, pai -- respondo, a voz baixa, carregada de arrependimento. -- Eu... eu não tenho desculpas para o que fiz. Foi imperdoável. E você tem razão, eu questionei a moral de alguém que não merecia nada disso. Eu estava errada, em todos os sentidos.

Respiro fundo, sentindo o peso das minhas escolhas passadas e a magnitude do caminho que tenho pela frente para tentar, de alguma forma, compensar por elas.

-- Eu quero tentar consertar as coisas. Eu sei que nada do que eu fizer vai apagar o passado, mas... eu preciso tentar. Pela Ayla, pela S/n... e para poder olhar no espelho e me reconhecer novamente.

Meu pai me olha intensamente, a severidade em seus olhos suavizando um pouco, mas o desapontamento ainda presente. Ele suspira, passando a mão pelos cabelos, um gesto de frustração e cansaço.

-- Billie, consertar isso não vai ser fácil, e não vai ser rápido. Isso vai exigir de você mais do que simplesmente cumprir com suas obrigações financeiras. Vai exigir que você mude, de verdade. Que você cresça como pessoa, que aprenda com seus erros, que se torne alguém de quem possamos todos nos orgulhar. Não que continue sendo a moleca irresponsável que sempre foi. Sou seu pai, porém não passo a mão em sua cabeça, você errou muito, principalmente com S/n, o relacionamento de vocês foi rapido, conturbado e a unica pessoa que se machucou nisso tudo foi ela. Você quebrou a confiança dela varias vezes, o relacionamento de vocês acabou por causa disso, e quando você rejeitou a filha de vocês, você quebrou mais ainda o que ja estava completamente quebrado... Eu tenho total certeza que S/n não confia nem um pouquinho em você, mas você tem a chance de consertar tudo, de ser outra pessoa para Ayla.

Aceno, concordando com ele, o coração apertado pela verdade em suas palavras.

-- Eu vou fazer o que for necessário, pai. Eu quero ser melhor. E eu vou ser.

Nosso olhar se encontra, um entendimento tácito se formando entre nós. Meu caminho para a redenção está apenas começando, e embora seja longo e sem dúvida cheio de desafios, estou determinada a percorrê-lo. Por minha filha, por S/n, e por mim.

Echoes of a Lost Loop (Billie Eilish/You)G!POnde histórias criam vida. Descubra agora