The lawyer and the journalist

Na melhor das hipóteses...

P.O.V Sadie

Depois de ter passado o dia inteiro bolando perguntas e tentando ligar pra tudo que é assessor de imprensa do tal do Ben Lockwood, mas ninguém me atendia. Ninguém queria falar comigo aparentemente. Qual o problema desse pessoal? Eles não queriam a imagem vinculada aos veículos de informação impressa? Porque aparentemente tudo que saía sobre eles era digital, por sites de notícias ou redes sociais. Impressos, só informações não oficiais e nenhum furo interessante. Era disso que eu precisava, de um furo interessante. E precisava ser a primeira a conseguir. Mas depois, eu bati tanta perna, fiz tantas ligações que meu gás tava acabando. Eu tinha que recarregar, então dei uma pausa no final da tarde. Tava tomando um cafézinho gostoso na padaria e parei pra prestar atenção no jornal. 

Só podia ser sacanagem.

Do nada eu vejo o Malcolm junto com a equipe do Lockwood, ele estava trabalhando com ele, era seu gerente de campanha. É sério isso? Esse filho da puta trabalhava com o Ben Lock fucking wood? Ah, não pode ser. Cada vez que via ele falando eu ficava mais puta, meu sangue fervia mais...

-Sadie. - eu não acredito que esse maldito tava atrás de mim não. Virei devagar e infelizmente não era um delírio.

-Oi gerente do Lockwood.

-Olha, eu descobri hoje que você queria cobrir a campanha dele, se eu soubesse antes, eu nem teria...

-Nem teria o que, seu arrombado? Nem teria dormido comigo, é isso?

-É isso. - ele suspirou, sério. - Eu não posso me relacionar com jornalistas que cismam em cobrir a campanha dele sem fazer parte da equipe. Você não é a única que vive atrás de nós. Mas já estou de saco cheio de gente tentando.

-Ei! Ei, que porra é essa? Você parece outro cara depois que soube disso! Eu não to cometendo nenhum crime não, eu só escolhi um cara pra ser a jornalista de campanha, eu to fazendo meu trabalho! Eu lá ia adivinhar que vocês esquisitões não falam com mídia física? Só ficam nas mídias digitais? E que ninguém de fora entra?

-Você deveria no mínimo ter me falado sobre esse seu interesse... Sabe bem que eu estava nesse meio. Eu poderia estar associado a qualquer candidato e essa nossa relação não daria certo. Se sabem que alguém da equipe dele dormiu com uma JORNALISTA, eu estaria na rua e minha carreira estaria acabada. Igual a sua. Então tá tudo acabado.

-Quer saber? - eu joguei uma nota de 20 no balcão e levantei, pegando meu café. - Você não tá terminando comigo, porque a gente nunca teve porra nenhuma e eu deixei isso claro o tempo todo. Então vê se me deixa em paz e não fica me seguindo, me achando em todo lugar que eu vou. - por fim, joguei o café na cara dele. Tava morno, então não ia ter nenhuma queimadura séria. Ele não vale meu réu-primário. Fui embora em passos rápidos e saí andando a esmo. Eu nunca senti nada por ele, mas dessa vez eu tava disposta a tentar me abrir, tentar permitir que eu sentisse. E aí ele vem todo babaca. Afinal por que essa quadrilha do Ben não aceitava ninguém "de fora"? Ou de outro tipo de veículo? No mínimo suspeito, então era melhor eu sair dessa e encontrar outro candidato.

COMECEI BEM, HEIN? PUTA QUE PARIU!

Todo meu trabalho jogado no lixo e mais um dia perdido. Já vi matérias de todas as minhas concorrentes e eu to aqui parada no tempo. Sinceramente... Eu tava prestes a desistir, só me demitir de uma vez mesmo. Pera, que? Que tipo de pensamento é esse? Eu sou uma jornalista premiada, caramba! Eu já conquistei um maldito Pulitzer! Desistir é o caralho! Eu vou continuar atrás do Ben Lockwood e vou entrar pra turminha dele. Eu vou fazer parte daquela máfia, eu to determinada! Mas amanhã... Amanhã eu começo com isso. Eu to exausta de ter trabalhado à toa o dia todo. E o melhor lugar pra lidar com exaustão... É no bar.