O furo ideal

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P.O.V. Sadie


A vida na campanha eleitoral não é exatamente glamurosa. Ficar longe de casa por meses, viver com uma mala, perseguir fontes e escrever histórias que metade do país não vai acreditar mesmo, pode ser desgastante. Mas tem alguns dias que fazem tudo valer a pena. E justo quando você pensa que conhece história... Ela muda. É, é isso que eu sou. Repórter eleitoral. E não pensem que é divertido, cheio de passe livre, festas chiques e fama. Não sou eu a política, eu sou a pobre coitada que tem que correr atrás deles atrás de entrevistas. E tava tão difícil pra mim... A última candidata que apoiei e escolhi para cobrir, se envolveu num escândalo sexual com um monte de inocentinhos que não sabiam o que estavam fazendo (no caso deles, eu duvido bastante que tinha fundamento). Foi só uma jogada política pra derrubar ela de algum candidato rival.

E claro, a política cai, mas passam-se 4 anos e volta como se nada tivesse acontecido. Agora a jornalista filha da puta que a apoiou fica pra sempre na boca do povo. Então eu ainda sou a vilã pra cidade inteira. Ninguém pensa que eu só estava tentando fazer o meu trabalho. E agora, com mais um ano de eleição, a tensão voltou.

-Sadie, você sabe que estamos em ano de eleição. – meu chefe me chamou na sala dele logo de manhã cedo, foi aí que eu achei que tava na rua. Tava fudida, porque não tinha onde cair morta nessa merda!

-S-sei sim.

-Sabe o que isso significa?

-Que eu preciso escolher um dos candidatos pra poder acompanhar e fazer a cobertura política. Eu conheço bem o procedimento.

-Então sabe a pressão que está sobre você esse ano. Temos uns novos concorrentes e dependendo de quem escolher isso pode salvar sua carreira pra sempre ou apenas te afundar mais.

-Já entendi, sem pressão.

-Desculpa, você sabe que eu sempre admirei seus serviços, mas devido aos acontecimentos passados... Tem muita pressão em cima de mim e consequentemente em você. Dessa vez precisa ser épico. Histórico, perfeito! Você precisa impressionar.

-Caso contrário...

-Eu vou ser obrigado a fazer algo que eu não quero.

-Ah, obrigada pela sinceridade, chefe.

-Sadie, qual é! Sabe que somos amigos aqui dentro. Eu não quero te prejudicar. Você é uma repórter premiada! É a melhor profissional que temos por aqui. Mas isso está acima de mim. Até meme você virou da última vez. Nada bom pra imagem da empresa, eu sinto muito.

-Não sinta! Eu vou conseguir uma reportagem faraônica, uma assim... BABILÔNICA sobre o melhor candidato desse ano. Eu vou virar noites estudando e dessa vez eu vou escolher certo! Ninguém envolvido em escândalo nenhum! Eu te prometo. Vou voltar a ser o orgulho dessa empresa e ainda vou ganhar outro Pulitzer!

-Essa é a Sadie que eu conheço. Eu confio em você!

-Obrigada, chefe!

-Agora vai, vai começar sua pesquisa. Você tem muito pra aprender por agora. - fiz o famoso sinal de contingência e me afoguei nos jornais, sites de pesquisa, até na porra da deep web eu fui. Caçar a vida de cada um... Enfim, dois me chamaram atenção. Lena Luthor Danvers... A famosa Luthor da cidade. Aquela que dividia o lar com uma kryptoniana, que mudou todo o legado do irmão psicopata com o outro maluco do Superman e decidiu simplesmente casar com uma alienígena. Eu não sabia o que pensar sobre isso, se eu não sabia, imagina os eleitores. Apesar de que... A Supergirl era diferente, era muito mais amada. O outro, Ben Lockwood. Parecia ser a opção dos que eram mais... Sei lá, nem sei se a palavra "conservador" se encaixa, porque eu odeio essa palavra. Mas aparentemente era um homem sem "podres", o santinho da nação. Ele só tinha um discurso radical em relação aos alienígenas morarem com a gente, mas nunca incitou violência direta. Não é em quem eu votaria, mas eu não sou idiota... Minha carreira tá em jogo, então não tenho que pensar em mim, tenho que pensar no que a cidade pensa! E é em algum desses dois, eu tenho certeza. 

Passei mais algum tempo fazendo o dever de casa sobre os dois. Quer saber? Minhas opiniões que se fodam, meu pensamento que se foda. Eu vou apoiar o idiota do Lockwood, ele tinha um passado muito mais limpo e muito mais chance que a Luthor. Claro que eu queria que ela ganhasse, mas ainda tem muita polêmica ao redor dela e disso eu quero fugir. Então bora atrás desse vagabundo. Mas... Amanhã, aparentemente. Nem vi o tempo passar e do nada já era noite, hora de encerrar o expediente. Bom, vamos guardar as informações e... Tomar um drink, que nunca é demais. Fui ao bar e lá reencontrei um carinha do meu passado, o Malcolm. Ele acha que a gente namorou por 3 meses, mas ele tava mais pra um ficante contínuo. Até que enjoei e larguei ele. Mas acho que ficou sentido até demais, porque nunca mais nos falamos.

-Ah pronto, agora o bar está sendo frequentado por esse tipo de gente. Que queda drástica, melhor eu me retirar.

-Como é que é?

-Sadie McCarthy, além de tonta ficou surda?

-Você ainda tá chateado? Eu nunca disse que a gente tava namorando, eu só...

-Me deu um pé na bunda do nada depois de a gente ter passado várias noites dormindo juntos. Tudo bem, eu entendi errado mesmo.

-Cara, você tá muito emocionado! 3 meses não são nada! O sexo era até bom, mas esse grude todo não dá pra mim não. Por isso eu vazei. Fora que eu tinha que focar na minha carreira.

-Na sua carreira de meme?

-Ah, você é um filho da puta mesmo.

-Só tô te tratando como você me tratou antes. Entendeu? Como se não fosse nada sem sentimentos. 

-Quanto drama. Sabe que eu não sou muito fã desse grude o tempo todo, compromisso, estar sempre no mesmo lugar, mesma pessoa... E não é como se eu não tivesse falado disso quando a gente se encontrou.

-Sei. E agora depois de 3 anos sem nos ver, eu pareço novidade pra você? - peguei meu drink e dei um gole. Claro que ele tava flertando e ainda querendo me jogar na cama, era um emocionado grudento. Mas... Era bonzinho de cama e gostoso, então por que não deixar tudo acontecer de novo? O que a gente teve de fato foi intenso na época, então quem sabe ele não me acende uma chama...

-Até que parece sim...

Claro que isso terminou em sexo. Mais uma vez... Depois de três anos aquele maldito ainda era gostosinho de sentar... Nada mal. Espero  que não grude em mim de novo, mas dessa vez até pensei em continuar vendo ele. Pois eu tava cansada de trabalhar sempre sozinha e estar sempre sozinha. Minhas colegas todas casadas e eu a única sozinha. Não que eu ligasse... Mas... Às vezes fica chato, entediante. Então por que não tentar? Não tinha nada a perder e aparentemente só ele que era enfeitiçado por mim. De toda forma, esperei ele adormecer e vazei do quarto dele, eu precisava voltar pra casa e dormir junto não era minha praia.

The lawyer and the journalistOnde histórias criam vida. Descubra agora