Capítulo 7

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— Ah... Nós duas somos irmãs, mas só do mesmo pai. Meu pai traiu minha madrasta com minha mãe na época que minha madrasta estava grávida de Luci. Por isso, temos quase a mesma idade.

Eu estranhamente estava confortável para contar essas coisas pra ele.

— Você foi criada por sua mãe?

— Sim, mas ela morreu depois de câncer de fígado, ela usava quase todo o dinheiro que meu pai dava de pensão pra comprar bebidas.

— Então você praticamente se criou sozinha?

— Basicamente, sim. Agora que estou morando com a família do meu pai, não posso me dar ao luxo de incomodar ninguém naquela casa já que eu sou a intrusa, sou a culpada pelo desconforto delas.

— Você não é intrusa, seu pai que traiu sua madrasta, por que seria sua culpa?

— Mesmo assim. Eu não posso fazer nada que vá desagradar Cassandra e Luci, afinal eu sou fruto da traição do meu pai. Por isso não posso ficar exigindo o mesmo nível de tratamento que Luci, já tenho mais que o suficiente.

— Você não tem que agradar ninguém, não foi você que errou. Não se cobre tanto assim.

— Mesmo continuando com o mesmo pensamento, obrigada por suas palavras.

— Obrigada por me contar.

— Killian! — Escutamos uma voz masculina e quando virei para olhar, era um homem muito elegante e bonito.

— Oi pai. — Falou se levantando.

Pai?! Oh... Que genética boa.

O pai dele tinha olhos verdes iguais ao olho esquerdo de Killian, ele deve ter puxado o olho direito azul da mãe né?

Me levantei também.

— Sullivan me falou que você estava aqui com uma amiga. — Ele olhou pra mim.

— Meu nome é Charlotte, muito prazer. — Estendi a mão e ele apertou.

— Sou Ethan Blanc. Você é a primeira menina que Killian traz aqui.

— Pai... — Ele soltou um suspiro.

— Certo, por que veio de repente? Nem me avisou.

— A cafeteria daqui é muito boa, queria apresentar para Charlotte.

— Sei... — O pai dele olhou pra ele e depois pra mim segurando a risada.

Acho que o senhor Ethan entendeu alguma coisa errada.

— O que aconteceu com sua mão, Killian? — Falou olhando a Mão enfaixada dele.

— Salvei uma donzela em perigo.

Ambos eu e Ethan olhamos para Killian incrédulos.

— Bom... não vou mais incomodar vocês e preciso voltar ao trabalho. Foi um prazer te conhecer, Charlotte.— Ethan saí.

— Seu pai é muito simpático. — Me sentei no sofá.

— Apenas com quem ele quer, ele gostou de você. — Se sentou também.

— Você acha?

Por algum motivo, fiquei feliz em saber disso.

— Você está com dificuldade nas outras matérias além de matemática? As provas vão começar em pouco tempo.

— Infelizmente sim. Esses assuntos são muito mais avançados que minha antiga escola.

— Quer que eu te ajude?

— Tá brincando?

— Não, posso te ajudar, igual ontem.

— Não vai te incomodar?

— Não.

— Tem certeza? — Falei receosa.

— Você está agindo como se fosse me prejudicar ou algo assim. — Ele levantou uma de suas sobrancelhas.

Soltei um suspiro.

— Tudo bem, aceito sua ajuda. Mas promete que vai me falar se eu estiver incomodando?

— Você não está incomodando.

— Jura de mindinho que vai falar? Eu odeio ser um incômodo para as pessoas. — Levantei meu mindinho e ele me olhou perplexo. — Você jura?

Ele levantou a mão e entrelaçou seu dedo mindinho com o meu.

— Eu juro. Satisfeita?

— Sim. — Abri um sorriso.

Ele me encarou por um breve momento, mas logo voltou ao nosso assunto principal.

— Pode ser na sua casa depois da aula?

— Não! Luci mora comigo.

— Então pode ser na minha casa.

— Sua família não vai se importar?

— Minha mãe e meu pai passam o dia todo fora e meu irmão mais novo faz parte do clube de Jiu-jitsu, então ele passa o dia treinando.

— Se não for problema pra você, eu agradeço.

— Combinado então, às 14h horas então?

— Sim.

— Quer uma carona pra casa?

— Não, eu vou pegar ônibus.

— Eu vou de táxi, posso te deixar no caminho.

— Tudo bem então.

Nos levantamos do sofá e Killian já foi chamando o táxi no elevador.

— Killian, posso fazer uma pergunta?

— O que foi?

— Por que está sendo tão legal comigo?

— Porque eu quero.

Olhei pra ele mais confusa do que eu já estava.

— Eu gostei de você.

— De mim? Por que?! — Falei mais confusa ainda.

— Você me trata como um amigo da escola.

— Eu sou muito desprovida de inteligência por não estar entendendo o que você está falando?

— Você não fala comigo esperando algo em troca, a maioria das pessoas acham que eu sou muito distante, me deram até aquele apelido ridículo de "Intocável".

— Isso é porque você é excepcional em tudo que você faz.

— Não sou excepcional em tudo que faço.

— E o que você não sabe fazer?

A porta do elevador abriu.

— Não sei cozinhar. — Ele saiu do elevador e eu o segui.

— Mas você sabe fazer muitas outras coisas, ninguém é perfeito.

— Mas algumas pessoas acham que eu sou, e isso é muito irritante.

— Ah...

Depois de alguns minutos o Táxi chegou e eu passei meu endereço.

— Antes que eu me esqueça!

— O que?

— Você pode por favor não ficar me encarando no intervalo igual hoje? Se Luci suspeitar...

— Tudo bem, não vou mais fazer isso.

— Obrigada. E obrigada pela sua ajuda hoje.

— Não foi nada.

Depois de uns minutos cheguei em casa.

— Até amanhã.

— Até. — Entrei no meu condomínio.

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