— Ah... Nós duas somos irmãs, mas só do mesmo pai. Meu pai traiu minha madrasta com minha mãe na época que minha madrasta estava grávida de Luci. Por isso, temos quase a mesma idade.
Eu estranhamente estava confortável para contar essas coisas pra ele.
— Você foi criada por sua mãe?
— Sim, mas ela morreu depois de câncer de fígado, ela usava quase todo o dinheiro que meu pai dava de pensão pra comprar bebidas.
— Então você praticamente se criou sozinha?
— Basicamente, sim. Agora que estou morando com a família do meu pai, não posso me dar ao luxo de incomodar ninguém naquela casa já que eu sou a intrusa, sou a culpada pelo desconforto delas.
— Você não é intrusa, seu pai que traiu sua madrasta, por que seria sua culpa?
— Mesmo assim. Eu não posso fazer nada que vá desagradar Cassandra e Luci, afinal eu sou fruto da traição do meu pai. Por isso não posso ficar exigindo o mesmo nível de tratamento que Luci, já tenho mais que o suficiente.
— Você não tem que agradar ninguém, não foi você que errou. Não se cobre tanto assim.
— Mesmo continuando com o mesmo pensamento, obrigada por suas palavras.
— Obrigada por me contar.
— Killian! — Escutamos uma voz masculina e quando virei para olhar, era um homem muito elegante e bonito.
— Oi pai. — Falou se levantando.
Pai?! Oh... Que genética boa.
O pai dele tinha olhos verdes iguais ao olho esquerdo de Killian, ele deve ter puxado o olho direito azul da mãe né?
Me levantei também.
— Sullivan me falou que você estava aqui com uma amiga. — Ele olhou pra mim.
— Meu nome é Charlotte, muito prazer. — Estendi a mão e ele apertou.
— Sou Ethan Blanc. Você é a primeira menina que Killian traz aqui.
— Pai... — Ele soltou um suspiro.
— Certo, por que veio de repente? Nem me avisou.
— A cafeteria daqui é muito boa, queria apresentar para Charlotte.
— Sei... — O pai dele olhou pra ele e depois pra mim segurando a risada.
Acho que o senhor Ethan entendeu alguma coisa errada.
— O que aconteceu com sua mão, Killian? — Falou olhando a Mão enfaixada dele.
— Salvei uma donzela em perigo.
Ambos eu e Ethan olhamos para Killian incrédulos.
— Bom... não vou mais incomodar vocês e preciso voltar ao trabalho. Foi um prazer te conhecer, Charlotte.— Ethan saí.
— Seu pai é muito simpático. — Me sentei no sofá.
— Apenas com quem ele quer, ele gostou de você. — Se sentou também.
— Você acha?
Por algum motivo, fiquei feliz em saber disso.
— Você está com dificuldade nas outras matérias além de matemática? As provas vão começar em pouco tempo.
— Infelizmente sim. Esses assuntos são muito mais avançados que minha antiga escola.
— Quer que eu te ajude?
— Tá brincando?
— Não, posso te ajudar, igual ontem.
— Não vai te incomodar?
— Não.
— Tem certeza? — Falei receosa.
— Você está agindo como se fosse me prejudicar ou algo assim. — Ele levantou uma de suas sobrancelhas.
Soltei um suspiro.
— Tudo bem, aceito sua ajuda. Mas promete que vai me falar se eu estiver incomodando?
— Você não está incomodando.
— Jura de mindinho que vai falar? Eu odeio ser um incômodo para as pessoas. — Levantei meu mindinho e ele me olhou perplexo. — Você jura?
Ele levantou a mão e entrelaçou seu dedo mindinho com o meu.
— Eu juro. Satisfeita?
— Sim. — Abri um sorriso.
Ele me encarou por um breve momento, mas logo voltou ao nosso assunto principal.
— Pode ser na sua casa depois da aula?
— Não! Luci mora comigo.
— Então pode ser na minha casa.
— Sua família não vai se importar?
— Minha mãe e meu pai passam o dia todo fora e meu irmão mais novo faz parte do clube de Jiu-jitsu, então ele passa o dia treinando.
— Se não for problema pra você, eu agradeço.
— Combinado então, às 14h horas então?
— Sim.
— Quer uma carona pra casa?
— Não, eu vou pegar ônibus.
— Eu vou de táxi, posso te deixar no caminho.
— Tudo bem então.
Nos levantamos do sofá e Killian já foi chamando o táxi no elevador.
— Killian, posso fazer uma pergunta?
— O que foi?
— Por que está sendo tão legal comigo?
— Porque eu quero.
Olhei pra ele mais confusa do que eu já estava.
— Eu gostei de você.
— De mim? Por que?! — Falei mais confusa ainda.
— Você me trata como um amigo da escola.
— Eu sou muito desprovida de inteligência por não estar entendendo o que você está falando?
— Você não fala comigo esperando algo em troca, a maioria das pessoas acham que eu sou muito distante, me deram até aquele apelido ridículo de "Intocável".
— Isso é porque você é excepcional em tudo que você faz.
— Não sou excepcional em tudo que faço.
— E o que você não sabe fazer?
A porta do elevador abriu.
— Não sei cozinhar. — Ele saiu do elevador e eu o segui.
— Mas você sabe fazer muitas outras coisas, ninguém é perfeito.
— Mas algumas pessoas acham que eu sou, e isso é muito irritante.
— Ah...
Depois de alguns minutos o Táxi chegou e eu passei meu endereço.
— Antes que eu me esqueça!
— O que?
— Você pode por favor não ficar me encarando no intervalo igual hoje? Se Luci suspeitar...
— Tudo bem, não vou mais fazer isso.
— Obrigada. E obrigada pela sua ajuda hoje.
— Não foi nada.
Depois de uns minutos cheguei em casa.
— Até amanhã.
— Até. — Entrei no meu condomínio.
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Apenas Você
RomanceCharlotte é uma jovem que sempre teve uma vida comum, até sua mãe falecer e ela precisar ir morar com o pai milionário. Agora ela terá que se adaptar a essa nova realidade estudando em uma escola para elite econômica.