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89. PROFUNDIDADE
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Bokuto parecia ainda mais miserável do que Osamu havia imaginado. Ele tinha simultaneamente o rosto de um cachorro abandonado e o de um homem condenado à forca, enquanto esperava sentado nos degraus em frente a porta principal.

— Você me seguiu? — perguntou Osamu quando se aproximou. Reconhecia bem a culpa na coruja.

— Eu fiquei preocupado.

— Por que não interferiu quando me viu enfrentar aqueles caras?

— Porque eu sabia que você podia lidar com isso.

Talvez, apenas talvez, Osamu já não estivesse tão bravo. Já que se sentiu bem sob a perspectiva de que Bokuto o achava forte o suficiente para cuidar de si mesmo.

Honestamente, não queria ter que enfrentar aquele assunto. Mas conhecer Baba e ouvir seus conselhos o fez mudar de perspectiva. Não poderia simplesmente desistir desse bombado, nas palavras dela. E, como Atsumu havia dito, deveria tentar.

— Vamos conversar.

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Foi Osamu quem disse para eles conversarem, porém já fazia cinco minutos que eles estavam sentados lado a lado, no telhado, e nenhuma palavra havia deixado sua boca. Tão pouco Bokuto havia dito algo.

Okay, respire Osamu. Respire e faça a pergunta.

— Por que você não me contou?

— Quer a verdade?

— Se mentir pra mim está tudo acabado.

— Tudo bem. Shoyo me mandou calar a boca.

— E você simplesmente obedeceu? Você faz tudo que aquele príncipe mandar?

— Sim. — Foi uma afirmação curta e seca, porém decidida. De alguém que já tinha tal convicção há muito tempo. — Sim, eu faria.

— E se ele mandasse você cortar a própria garganta?

— Ele certamente teria um motivo.

Isso era insano. Se devotar tanto a alguém assim.

— Por quê?

Nem sequer Osamu sabia exatamente o que estava perguntando, mas Bokuto ainda respondeu.

— Shoyo é minha única família. A única que importa.

Não querendo tocar na pauta de que eles também eram parentes, Osamu continuou em um terreno seguro.

— Mas e quanto seu pai? Ou sua mãe?

— Meu pai… Ele fez coisas imperdoáveis. E minha mãe… Ela é um caso complicado.

— Você quer falar mais sobre isso?

— Não tem muito o que falar, ela só era maluca. E obcecada com a realeza. E também odiava a mãe do Shoyo.

— Isso não parece ser pouca coisa.

— Eu nunca soube exatamente o motivo, mas acho que era inveja. Porque a Hana era… A tia Hana era extraordinária. Uma guerreira formidável. E uma mãe excelente. Muitas vezes desejei que ela fosse a minha mãe.

— A sua era ruim?

— Não, ela era apenas uma mãe. E o segundo lugar. Sempre.

— Lembro de você comentar que ela treinava você como um louco.

O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora