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"I'm not angry anymore
Well, sometimes I am
I don't think badly of you
Well, sometimes I do"

"Eu não estou mais com raiva
Bem, às vezes eu estou
Eu não penso mal de você
Bom, às vezes eu penso"

(I'm Not Angry Anymore, Panamore)

64. RECONCILIAÇÃO
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— Você é um idiota.

— Eu sei.

— E um desgraçado.

— Eu sei.

— E um imbecil.

— Eu sei.

— É um maldito viciado em chocolate.

— Aí é golpe baixo.

Ele soltou um risinho, a vibração do som reverberando pela bochecha de Saki. Ela tenta dizer a si mesma que não se aconchega melhor para sentir aquele riso. Uma das mãos de Shoyo está acariciando seu cabelo, a outra suas costas, esfregando círculos longos e lentos.

Exatamente como ela gostava de ser confortada quando criança.

— Eu não sou mais uma criança, sabe?

— Não é como se você tivesse crescido muito. Você deve estar uns quatro centímetros mais alta. Talvez três?

Saki sentiu as bochechas corarem, lembrando sobre como costumava afirmar que ficaria mais alta que seu pai. O resultado: ela ainda se encaixava perfeitamente em seus braços.

— Me solte agora, já parei de chorar.

— Não. Você vai tentar me bater assim que eu soltar. — Inferno, ele a conhecia como ninguém. Porém, ao contrário de suas palavras, ele a soltou. — Você cresceu muito, Misaki.

Ela realmente planejava bater. Ele merecia isso. Porém a expressão no rosto dele. E ele…

— Você está tão… diferente.

Mais do que isso. Não era apenas sua aparência. Era sua presença.

O cabelo laranja foi substituído pelo branco natural. Os olhos castanhos estavam mais brilhantes, as pupilas verticais em evidência.

— Algumas coisas aconteceram. — Um dar de ombros. — O clima está estranho.

— Definitivamente. Eu não tenho ideia do que falar.

— Nem eu.

Ambos sabiam bem que tinham muitas coisas para conversar. Ambos tinham muitas coisas para esfregar na cara um do outro. Muitos desabafos precisavam ser feitos. Porém agora que estavam cara a cara… Tudo sumiu.

— Eu tenho mousse de mamão — murmurou Shoyo.

— Eu não acredito que você está tentando me comprar pelo estômago.

— Com canela e açúcar.

— Eu aceito.

Saki tentou não parecer muito feliz quando um potinho com um de seus doces favoritos foi colocado em suas mãos. Ela saboreou a primeira colher, sentando no chão e relaxando contra a parede de pedra. Shoyo a seguiu um momento depois.

— Quantas vezes eu já não lhe disse para verificar a comida primeiro? — perguntou Shoyo.

— Você não me envenenaria.

— Não fale de boca cheia. — Ela mostrou os dentes. Ele riu e revirou os olhos. — Você não mudou nada. E eu já te envenenei antes.

— Foi um treinamento.

O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora