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"Alarms will ring for eternity
The waves will break every chain on me
My bones will bleach. my flesh will flee.
So help my lifeless frame to breathe

And god knows I'm not dying but I bleed now"

"Alarmes tocarão eternamente
As ondas  quebrarão todas as correntes em mim
Meus ossos vão branquear, minha carne me abandonará
Então ajude meu corpo sem vida a respirar

E Deus sabe que eu não estou morrendo mas eu sangro agora"

(My Blood, Ellie Goulding)

65. RAIVA
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O silêncio na mente de Saki era ensurdecedor.

— Eu te ensinei por pouco tempo, mas acredito que foi o suficiente — continuou Shoyo. — O que é capaz de fazer alguém tão novo perder a memória?

— Muitas coisas. O tempo separados… — Saki se interrompeu sozinha. Estava lentamente juntando as peças.

— Um evento traumático — respondeu Shoyo. — É a resposta correta. Qual evento?

Deliberadamente. Ele estava deliberadamente sendo cruel ao mesmo tempo que era bondoso. Não estava contando de imediato para dar tempo para Saki fugir disto.

— Você não vai me dizer isso.

— As perguntas que você deve estar se fazendo provavelmente são… Por que Hikaru não lhe mandou uma carta? Atsumu escreveu, mas seu marido não.

— Você disse que Hikaru era irritante e que discutia com ele. Karu nunca foi bom escrevendo então eu presumi…

— Mas Atsumu poderia ter escrito por ele. Ou eu poderia ter chamado um escrivão.

A respiração de Saki parou a meio caminho de seus pulmões.

— Você não vai me dizer isso — repetiu ela.

— Eu vou. Os mortos não escrevem cartas, Misaki.

— Não.

Um soluço escapou dela. Um som tão quebrado que não lhe era característico.

Hikaru era humano. Total e inegavelmente humano. Eles nunca poderiam ter uma ligação de almas. Nunca poderiam compartilhar emoções e pensamentos.

— Há quanto tempo? — perguntou, temendo a resposta, as lágrimas se acumulando em seus olhos.

— Vinte anos. Ele morreu pouco tempo depois que vocês se separaram. E Atsumu presenciou.

Outro soluço. Ódio, luto e tristeza estavam se reunindo em seu âmago. Por vinte anos ela esteve procurando um fantasma. O ódio vinha em grandes quantidades.

Era tão, tão injusto. Por que não poderia ter uma ligação de alma com o homem que amava? Por que puro-sangues eram tão cruéis?

— Não foi sua culpa — garantiu Shoyo.

— Eu era a mais forte. Deveria ter conseguido proteger os meus.

Eles costumavam viver escondidos em uma área pobre da Capital. Uma pequena família feliz. Os dias eram repletos de felicidade e alegria. Porém os senhores de escravos bateram em suas portas.

Não havia falta de escravos. Eles só eram gananciosos por mais dinheiro, mais poder. E duas raposas, uma dourada e uma prateada, eram sinônimo de ambos.

— Eles eram muitos, Misaki. Se não houvessem fugido, teriam morrido os quatro — disse Shoyo.

Ela começou a tremer e mordeu o lábio. As lembranças daquele dia voltando com força.

O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora