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77. NAMORADOS SÃO PRIORIDADE
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Nem os Céus saberiam dizer quanto tempo eles ficaram abraçados. Um inspirando o cheiro do outro, a realidade de que finalmente estavam juntos caindo sobre ambos como um pesado cobertor. Isso até que Osamu se afastou, segurou os ombros de seu gêmeo e deu uma boa olhada.

Atsumu parecia incrível. Ele parecia lindo, embora um pouco pálido, o rosto cheio de sardas. O cabelo longo e dourado. E as magníficas caudas. Ele parece bem. Parece saudável.

Osamu nem pensou antes de acertar um tapa no braço dele.

— Ai, que isso?

Atsumu olhou o lugar acertado e resistiu a tentação de esfregar o latejar pequeno.

— Idiota. Tem noção de como a gente te procurou? De como estávamos preocupados? Eu devia te descer o cacete.

A raposa dourada abriu e fechou a boca, piscando. Então abriu um sorriso triste.

— Desculpa.

— Não é pra você pedir desculpas, idiota. Eu não estou bravo, eu só… — Mais lágrimas escorreram pelos olhos de Osamu. Como explicar como havia passado os últimos anos? Como precisava forçar seus pensamentos para longe da imagem de seu irmão e pai mortos, porque essa mera possibilidade o deixava incapaz de seguir em frente? Como explicar as madrugadas em claro, preocupado em se eles estavam comendo, se tinham um teto sobre a cabeça quando chovia? — Eu só tô muito feliz. Lágrimas idiotas.

Osamu esfregou o rosto, tentando parar a torrente interminável de lágrimas, mas a mão de Atsumu o impediu. Ele também tinha lágrimas escorrendo pelo rosto. E elas pareciam brilhantes. O próprio Atsumu parecia reluzir.

— É bom chorar. Faz bem — murmurou Atsumu, acariciando a bochecha de Osamu.

Para onde tinha ido o moleque de sete anos que rira de Osamu quando ele caiu e quebrou um dente? Que o chamou de fraco por chorar?

— Você tá brilhando, desgraçado — rebateu Osamu.

— Oh, é mesmo. — E parou, aquele brilho se foi. — Eu nem percebi.

— É bonito. Você é bonito. Você… — Osamu conteve um soluço. — Onde você esteve? O papai veio com você?

A expressão de Atsumu ficou estranha por um momento, mas logo foi disfarçada.

— Não, o papai não veio. Ele ficou no Norte. E sobre onde eu estive… Isso é uma longa história.

— Que seja — Osamu puxou seu gêmeo para outro abraço —, o que importa é que você está aqui agora.

Osamu sentiu seu irmão se aninhando em seu pescoço e sorriu em meio ao choro. Ele podia estar diferente, mas ainda era o mesmo. Ainda era Atsumu.

O abraço foi quebrado mais uma vez, porém foi pelo som alto de vidro quebrando no andar de baixo. Os gêmeos se separaram e trocaram um olhar antes de começar a correr. A cena na sala de estar era um tanto inusitada. O sofá estava tombado. E o príncipe Shoyo estava atracado em Bokuto como um coala, segurando seu rosto com força e… tentando lambê-lo? O som de vidro quebrado foi Bokuto se jogando de costas na janela, no caso jogando o irmão.

— Que? — exclamou Osamu, enquanto Atsumu soltou um riso disfarçado de tosse.

— Cunhado, tira o seu namorado de cima de mim pelo amor dos Céus! — implorou Bokuto ao notar eles ali.

— Divindade errada, eu não gosto do Céu, então não posso te ajudar.

— Samu! — Bokuto virou os olhos de cachorrinho para o gêmeo prateado.

O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora