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“Lonely (are you lonely?)
Passion is crashing as we speak
You seem so lonely (are you lonely?)
You're the ground my feet won't reach
So if you're lonely, darling, you're glowing
If you're lonely, come be lonely with me”

“Você se sente só? (Você se sente só?)
Nossos dedos dançam quando eles se encontram
Você parece tão solitário (você se sente só?)
Eu serei o único sonho que você procura
Então se você se sente só, não precisa me mostrar
Se você está sozinho, venha ficar sozinha comigo”

(This Side of Paradise, Coyote Theory)

87. SOZINHOS
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Sakusa queria ficar bravo com Shoyo. Ele estava furioso. Furioso por ele ter escondido seu bebê. E não o perdoaria por completo tão cedo. Mas ficar bravo era diferente. Não conseguiria ficar distante nem se tentasse. Não conseguiria deixar de amá-lo.

Principalmente agora, vendo ele tricotar uma roupinha para sua bebê.

— Foi você quem fez todas essas roupinhas? — questionou Sakusa, sua filha deitada em um dos braços, o armário aberto diante de si. Havia alguns vestidinhos pendurados. De todas as cores, exceto vermelho. Havia um branco com cerejas. As cerejas eram cor de rosa.

Era tudo tão fofo e adorável que ameaçava seu objetivo de continuar bravo.

Sakusa olhou para trás quando não ouviu uma resposta. Shoyo estava adicionando azul a um macacão branco, sua expressão concentrada. O demônio não precisava de uma confirmação. Havia sido ele a ensinar o príncipe a tricotar. Conhecia bem aquela técnica.

— Shoyo.

— Hmm. — Shoyo ergueu seu rosto, sua expressão séria. — Você prefere tubarões ou baleias?

— Baleias. Por que você faria tubarões azuis?

— É fofo. Já decidiu o nome dela?

Sakusa olhou a bebê gordinha nos braços, suas bochechas eram rosadas, completamente fofas. Ela olhava para todos os lados, estendia os braços e as asas. E sorria, banquela, sempre que olhava para Sakusa. Ela parecia um pequeno pêssego.

— Momoko — respondeu Sakusa. — Minha Momo.

— Farei torta de pêssego para o café da manhã.

Contra sua vontade, Sakusa riu, mas rapidamente engoliu o som, então ficou parecendo um engasgo.

— Quando você arrumou tempo para fazer todas essas roupinhas?

Um dar de ombros.

— Você sequer está dormindo?

— Às vezes. Atsumu ajuda bastante.

O silêncio caiu entre eles, de uma maneira desconfortável. Como o relacionamento deles podia ter mudado tanto em poucas horas?

— Acho que as coisas vão ficar estranhas — comentou Shoyo, focado no tricô.

A raiva caiu sobre Sakusa, como um cobertor pesado, e ele apertou Momo contra seu peito.

— Você acha? Me diga, e se eu sumisse agora? Fosse embora daqui com Momo?

— Muitas coisas aconteceriam.

— Como por exemplo?

— Nem Shiro nem eu ganharíamos a lealdade dos demônios, ficaríamos eternamente presos nesse desafio e nenhum de nós seria declarado o príncipe herdeiro.

— Seu pai não é tão paciente assim.

— Ele está esperando setecentos e catorze anos para me ver morto. Acho que é um pouquinho mais do que paciente. E sabe o que acontece quando nenhum de nós é declarado herdeiro? — Sakusa engoliu em seco e não respondeu. — Você sabe, Kiyoomi?

O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora