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85. ROUPAS
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Aquelas palavras rondavam a cabeça de Atsumu. Passaria batido para os desatentos. Ou para quem não conhecesse o príncipe. Mas elas grudaram em seu cérebro e se recusaram a soltar.

Sua Alteza disse ‘consertar’ o útero de Sugawara. Não curar. ‘Consertar’ como se quebrado. ‘Curar’ como se doente.

O uso de palavras não era aleatório. Havia mais nisso do que Atsumu tinha conhecimento.

Porém não seria agora que ele poderia perguntar.

— Você pode ir agora — dispensou Sua Alteza, lhe dando um beijo tão rápido que nem deu pra sentir o frio de seu corpo.

A raposa olhou, inclinando a cabeça para o lado enquanto Sua Alteza voltava para sua mesa, sentando atrás da enorme pilha de trabalho acumulado depois de rabiscar algo em um caderninho de bolso, ao qual jogou em algum lugar do escritório. Com sua magia, Sua Alteza nunca precisava se preocupar em perder as coisas.

— Nem um beijo de despedida? — resmungou baixinho.

Tudo bem, Sua Alteza havia lhe dado um beijo de despedida. Um rápido e quase inexistente, porém ainda um beijo. Mas Atsumu precisava de mais. Talvez fosse porque havia passado os últimos dias muito grudado em Sua Alteza, estava sentindo saudades. Contudo Atsumu não queria atrapalhá-lo no trabalho.

Com isso em mente, a raposa se levantou e foi até onde Sua Alteza já estava debruçado em papéis. Com um sorriso afetuoso, Atsumu se inclinou e deixou um beijo no cabelo do namorado e depois se virou para ir embora. Um puxão suave em sua cauda o fez virar mais uma vez.

— Quando eu terminar aqui, vamos sair em um encontro.

— Sim, vamos. — Atsumu sorriu e se inclinou para um beijo. — Boa sorte, Sua Alteza.

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Sakusa estava sentado no chão, do lado de fora do escritório de Sua Alteza. Ele parecia distraído, seu rabo (que literalmente havia surgido do nada) ondulando de um lado para o outro. Havia um caderno apoiado em sua perna, e com uma mão desenhava nele. A outra acariciava distraidamente a própria barriga.

Silenciosamente, Atsumu sentou ao lado dele e se inclinou para espiar o caderno.

As linhas do caderno eram precisas. Perfeitas e simétricas. O boneco não tinha rosto, porém não era isso o importante. Não era isso o bonito. Bonito era o vestido que estava ganhando forma.

Sem nenhuma cor vibrante, apenas seu esboço, o vestido tinha uma cauda longa, não muito esvoaçante, com um corpete simples. Parecia ainda na fase de planejamento.

— Nossa. — Sakusa deu um pulinho. — Não foi a intenção assustar.

— Eu tenho minhas dúvidas.

— Eu não sabia que você desenhava. É um belo vestido.

— Não, ele é sem graça. É simples demais.

Atsumu olhou o desenho de novo.

— Eu achei lindo.

— As peças mais ornamentadas na sua vestimenta são as meias com desenhos de luas.

— …é bonitinho. Me sinto confortável assim.

— E eu acho isso uma fofura. Você é todo fofo. — Sakusa se aproximou como se fosse beijar os lábios de Atsumu, mas desviou e beijou sua bochecha, deixando a raposa corada. — Viu só?

O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora