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58. PESADELO
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A raposa levantou a cabeça quando sentiu um corpo pequeno e quente se deitando perto de si.

"Shoyo? Filho?", chamou em preocupação. "O que aconteceu?"

O príncipe não respondeu de imediato, apenas soltando uma respiração trêmula. Sua voz estava arranhada.

— Apenas o de sempre.

"Brigou com seu irmão de novo."

Shoyo não respondeu mais nada e apenas se aconchegou. Aoi o cheirou, ainda mais preocupado porque não detectou nenhuma queimadura. O único queimado em Shoyo estava no chamuscado de uma de suas mangas.

Ele havia se queimado por dentro.

"O que aconteceu? Como isso aconteceu?"

— Eu sou um irmão horrível, não sou, professor?

Aoi não conseguiu nem mandá-lo lhe chamar de pai diante do tom quebrado de Shoyo.

"Vamos lá, não diga isso. Aqui", empurrou um punhado de neve para o colo de Shoyo. "Coma um pouquinho de neve para melhorar."

Porém ele não fez um único movimento.

"Vamos lá, Shoyo. Não pode se martirizar assim." Ainda nada. Aoi suspirou. Precisava apelar. "Você não pode ficar ferido dessa forma, não importa o quanto pense que mereça. Você tem pessoas contando com você. Seus concubinos sempre estão contando com você. Eles precisam de você bem e não a beira de um colapso. Atsumu precisa de você."

Aoi era muito bom em manipulação, ou pelo menos se achava bom até ter Shoyo como filho. Manipular essa criança sempre foi uma tarefa impossível. Exceto quando ele se permitia ser manipulado. Como agora.

Shoyo estendeu a mão e pegou um punhado de neve, colocando-o em sua boca e engolindo. Chiou de dor quando a neve entrou em contato com seu interior queimado. Mas depois da dor inicial o alívio foi gratificante.

"Agora, me conte", disse Aoi depois de Shoyo ter comido bons punhados. O corpo dele já estava começando a esfriar, o que era ótimo.

— Shiro veio ver Satori. Por coincidência Atsumu estava junto.

"Então você odiou ver os dois juntos?"

— Pelo contrário, eu adorei. As duas pessoas que eu mais amo juntas.

"Então por que puniu seu irmão?"

Shoyo não respondeu. Aoi não aprovava muitas das coisas que ele fazia. O nível em que ele chegava para atingir seus objetivos era demais, era muito além da linha. Muito além dos limites.

Seu estômago embrulhava só de pensar nas coisas que Shoyo era capaz.

— Ele é teimoso. Vai voltar aqui.

Essa não havia sido a primeira vez que Shiro invadia o palácio. Aoi sabia que ele sempre vinha deixar chocolates para Shoyo. E que Shoyo sempre comia. Ele sempre vinha no aniversário de Shoyo e deixava um presente.

Aoi conseguia contar nos dedos quantas foram as vezes que Shiro não levou uma surra por vir ao palácio.

Em resumo, ele continuaria vindo. Até que Shoyo realmente perdesse a paciência e o matasse.

"E você vai continuar punindo ele. São dois teimosos."

— Eu vou matar meu irmão.

Era verdade. A raposa sentia. Shoyo faria isso.

O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora