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Aviso: Contém breve menção a escravidão do Tsumu, menções de estupro, assédio, sangue e violência.

66. CONGELAMENTO
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Atsumu ainda estava caindo.

Pelo som de gelo anterior, havia suposto que cairia em um lago, porém não. Era um buraco. Um buraco aparentemente infinito. Estava simplesmente em queda livre.

A raposa caiu por dezenas de metros antes que um corpo sólido colidisse com o seu. Um aperto firme ao redor de sua cintura, então um solavanco quando pararam em meio ao ar. Estava muito escuro ali, mas Atsumu reconheceu o cheiro de flor.

Sua Alteza o havia pegado.

Gelo estalou em algum lugar e eles estavam caindo de novo, inclinado dessa vez. Atingiram uma parede, o impacto fazendo Atsumu chiar de dor. Ainda deslizaram um pouco antes de parar de vez.

— Tsumu — murmurou Sua Alteza. Várias e várias vezes, como uma oração.

Seu aperto permaneceu firme, mesmo enquanto os ajeitava. Ele chutou a parede, provavelmente criando apoios para os pés, e colocou Atsumu sentado em suas coxas. A respiração da raposa estava difícil, seu coração batia no peito tão forte que doía. Não havia sequer conseguido gritar enquanto caía para uma possível morte.

Alguma parte sua sabia que Sua Alteza o pegaria.

Uma respiração ofegante atingiu o topo de sua cabeça, o peito em que estava apoiado tremeu e o coração sob a pele estava tão acelerado que o som ecoava naquele lugar vazio. Um nariz se arrastou pelo seu cabelo, então por seu rosto quando levantou a cabeça.

Brilhantes olhos azuis, arregalados de pânico, encontraram os seus.

— Eu sabia que você me pegaria.

Sua Alteza soltou um riso trêmulo.

— Sim, eu peguei você. Está machucado?

— Não, mas está doendo.

Atsumu já estava arrependido de ter escolhido aquele método para punir seu namorado.

Ali estava muito mais frio do que lá em cima. Os dentes de Atsumu estavam começando a bater.

— Abra a boca — mandou Sua Alteza.

— Hã?

Sua Alteza colocou seus lábios nos da raposa, enviando uma rajada de ar quente para dentro da boca de Atsumu. Fazendo aquilo por alguns minutos, se sentiu muito melhor e mais aquecido.

— Como…

— Poupe palavras. O ar está cheio de cristais de gelo. Tente respirar o mais devagar possível. — Atsumu obedeceu. — Te respondendo, eu acendi uma chama dentro da minha boca.

Os olhos de Atsumu se arregalaram, entendendo o que isso implicava.

— Eu preciso tirar você daqui então deixe para brigar comigo depois — avisou Sua Alteza. — Escute, eu preciso que segure em mim e fique quieto.

Atsumu acenou devagar e passou seus braços pelos ombros de Sua Alteza, o abraçando, apoiou sua cabeça na curva do pescoço dele. Uma pequena parte sua entrou em pânico ao sentir o braço que o segurava soltar, mas manteve o controle. Não se moveu um milímetro.

Luzes começaram a brilhar ao redor deles. Era o príncipe usando seu poder. Não havia mais nada ali. Apenas a parede na qual estavam apoiados. As luzes se mantiveram perto, seus feixes desaparecendo na escuridão completa.

"Onde estamos?"

— Em um buraco de cobra. É basicamente uma cadeia de cavernas subterrâneas que percorrem todo o continente. Essa é uma das entradas. Minha mãe chamava de "labirinto favorito".

O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora