O Reinado do Corvo (AtsuHina)

❅ 51 ❅

"Oh, darling, all of the city lights
Never shine as bright as your eyes"

"Oh, querido, todas as luzes da cidade
Nunca vão brilhar tanto quanto os seus olhos"

(Car's Outside, James Arthur)

51. LUZ
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Osamu ajeitou o capuz sobre a cabeça, mesmo que já houvesse feito isso várias vezes. Suas orelhas estavam abaixadas e a cauda bem escondida.

Hoje ele definitivamente iria até o mercado.

Esteve trabalhando sua confiança nos últimos dias, cada dia avançando um pouco mais longe, indo além daquela praça. Mas ainda não havia ido para nenhum lugar relevante. As vezes saia da propriedade e dava a volta nela, sozinho. Mas não ousava ir além.

E isso lhe dava nos nervos.

— Você sabe que não precisa se forçar, né? Vai no seu tempo — disse Bokuto de onde estava, apoiado no sofá.

— Eu não estou me forçando. — A coruja levantou uma sobrancelha. — Quer dizer, eu estou. Mas sinto que eu estou acomodado. Qualquer passo para fora da minha zona de conforto vai ser forçado.

Bokuto não respondeu nada, apenas sorriu minimamente.

— O quê? — perguntou Osamu, talvez corando um pouco.

— Nada. Podemos ir ou você vai verificar seus capuz de novo?

Osamu rosnou levemente e se virou, abrindo a porta e saindo.

— Suas orelhas estão em pé — provocou Bokuto ao passar por ele para abrir o portão, ao qual segurou aberto. — Primeiro as damas.

— Você está engraçadinho porque eu não estou com um calhamaço na mão? — Osamu passou e esperou enquanto Bokuto trancava tudo, suas orelhas já haviam abaixado de novo. Era um saco manter elas assim de propósito. — Eu ainda posso invocar minhas facas.

— Estou de bom humor, então guarde as lâminas.

Osamu revirou os olhos e começou a andar, já familiarizado com o caminho para a praça. Seus olhos se moviam de um lado para o outro, procurando. Ameaças, mudanças, tudo era percebido. Bokuto vinha logo ao lado, relaxado porém alerta.

— Por que você está de bom humor?

— Eu preciso de um motivo para estar de bom humor?

— É mesmo. Você é o esquisito que está sempre com um sorriso no rosto.

Bokuto engasgou em uma risada e não disse mais nada. Eles seguiram em um silêncio confortável. Não demorou para chegarem na praça.

— Você guia o caminho agora — disse Osamu, nem pestanejando quando Bokuto segurou sua mão.

Osamu esteve calmo até ali, pois era um caminho já conhecido. Porém agora estava começando a se sentir ansioso. Sua respiração ameaçou travar, mas continuou obrigando o ar a entrar em seus pulmões. E a sair.

— Respire — lembrou Bokuto, em uma voz tranquilizante, enquanto eles passavam por uma ruela.

— Estou tentando.

— E vai conseguir. Tem algo que eu quero mostrar para você.

— O quê?

Mas Bokuto não respondeu mais nada. Osamu não soube se foi uma estratégia dele ou se realmente havia algo para ser visto, mas ajudou a controlar sua ansiedade. Sua respiração veio com mais calma e suas palmas pararam de soar tanto.