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"Just blow out the candles
Oh little boy, when will you learn?
You don't play with fire
Unless you wanna get burned
Wanna get burned"

"Apenas apague as velas
Ah, garotinho, quando você vai aprender?
Você não brinca com fogo
A menos que você queira ser queimado
Queira se queimar"

(Burned, Grace VanderWaal)

57. IRMÃOS
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Havia uma lição que Shiro aprendeu com sua mãe, que considerava muito preciosa. Era ela: "diante da face da morte, seja respeitoso e aceite o que ela lhe oferecer."

Era por isso que diante de Shoyo, ele se ajoelhava e baixava a cabeça em submissão. Exatamente como agora.

Seu coração batia no peito, de tal forma que o som ecoava no lugar. Sua respiração estava ofegante, suas mãos começavam a ficar dormentes. Estava tremendo. Estava com medo e muito frio. Apenas as botas de Shoyo estavam em sua visão e isso era suficiente.

Não queria olhar para Shoyo. Tinha medo. Tinha vergonha. Sabia que ele estaria com aquele olhar.

Os olhos de Shoyo sempre foram expressivos. Sempre foram tão transparentes quanto seu canto. Ele sempre foi uma serpente melhor em mostrar suas intenções através de seus olhos. Quando ele era criança, Shiro amava catalogar os olhares de Shoyo.

E aquele olhar... Ah, aquele olhar. O olhar cuidadosamente frio, cheio de ódio e intenção de matar. O olhar que ele tinha antes de matar. O olhar que ele tinha quando chegou naquele campo de batalha, depois de Shiro implorar por ajuda.

O olhar que vinha dirigindo a Shiro desde aquele dia.

— Eu não consigo decidir — começou Shoyo, sua voz perigosamente calma e controlada —, se você é corajoso, ou muito burro de vir aqui.

Aparentemente ele ainda não havia invocado nenhuma arma, o que era bom. Ou talvez não. Shiro não conseguia decidir.

— Uma conversa funciona quando uma pessoa diz algo, e a outra responde. Do contrário é um monólogo.

Shiro baixou ainda mais sua cabeça e respondeu em um fio de voz.

— Eu só queria ver o meu filho.

A voz de Shoyo soou mais fria do que todo o Norte.

— Ele deixou de ser seu filho no dia em que você matou a mãe dele. No dia em que tentou matá-lo.

— Você me obrigou a isso.

Shiro ainda recordava da sensação de não ter mais o controle do próprio corpo. Ainda recordava de estar preso dentro da própria mente, berrando e lutando com tudo que tinha, para se impedir.

Era como se o sangue dela nunca houvesse deixado sua pele. Aquela doce humana que teve a infelicidade de ser amada por Shiro. Não importava quantas vezes lavasse ou queimasse suas mãos. O sangue dela nunca saía.

Foi a segunda vez.

— Não, não, não — disse Shoyo. — Eu não fiz isso. Você fez. Ela era apenas uma prostituta barata que você visitava. Fracamente, qual é a graça em foder com humanos? Eles não aguentam o tranco.

— Eu a amava.

— Eu vejo que tipo de amor era. Aquele em que você lhe corta a cabeça na frente do próprio filho?

— Você me obrigou.

— Não, não, não. Você fez isso. Por livre. E espontânea. Vontade.

Shiro sentiu sua cabeça doer, o poder de Shoyo brincando com suas memórias. Com a veracidade delas.

O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora