Surpresas

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- Sam, acorda!

A voz me era familiar. Até que reconheci. Igor. Ele estava de blusa cinza e jeans preto e havia aberto a cortina do meu quarto, deixando-o tão claro que a luz quase me cegou. Sentei-me na cama, zonza de sono e perguntei:

- O que aconteceu para que você viesse me acordar a essa hora? Por que não foi tomar um cappuccino com Marie enquanto eu...

- Eu terminei com Marie ontem.

Parei na hora.

Eles o quê? Mas... Eles eram do tipo "feitos um para o outro"; não tinha como eles terem terminado assim, de uma hora para outra. Perguntei:

- Mesmo sem ter nada a ver, me responde uma coisa: por que você terminou com Marie?

- Ela me importunou muito ontem, pois ela quase morre de ciúmes de você.

O QUÊ?!?!?!?!?!?!?

Marie, a top de todas as garotas daqui, com ciúmes de mim?! Ele continuou:

- Não poderia continuar num relacionamento com uma garota ciumenta, patricinha e chata. Então dei um basta.

- Você não disse isso a ela, disse?

- Claro que sim. Ela estava merecendo.

- Já tomou café? - perguntei, mudando completamente de assunto.

- Não quero. Passei a noite em claro...

Interrompi.

- É natural. Você gosta dela.

- Não foi por isso. - disse Igor me fitando. - Passei a noite em claro pensando em Kim. Em um jeito de entrar.

- Eu também. E sei mais ou menos alguns lugares pra gente procurar.

Levantei-me e peguei o robe que estava na minha cabeceira. Eu estava horrível, toda despenteada, olhos baços sem nenhuma maquiagem. Mas ele pareceu gostar mais assim de mim, de cara limpa. Disse:

- Vou falar com o seu avô.

- Eu vou tomar um banho e comer algo. Depois a gente vai achar a porta.

Assim que ele saiu, peguei a minha agenda e reli o que havia escrito na noite anterior. Havia nomes de vários locais onde, possivelmente, poderíamos achar uma entrada para o mundo perdido. Arranquei a página e coloquei encima da escrivaninha. Tomei banho, vesti jeans e camiseta, como ele; e desci as escadas quase que correndo.

Mamãe e papai haviam ido passar as quatro semanas de férias na casa de praia e eu ficara para fazer companhia a vovô. Na verdade, eu nem queria ir, então dei essa desculpa esfarrapada. Eu tinha esperanças de que, ficando sozinha, Igor me notasse. Acho que estava dando certo...

Fiz café, coloquei na térmica e preparei a bandeja para levar ao quarto de vovô. Arrumei a mesa pra mim e o Igor e subi, levando o café no quarto do meu avô:

- Vovô, aqui está o seu café. - disse eu para ele. O velho estava de pé, acabando de tirar um pacote de dentro do seu armário e entregando para Igor, que sorria.

- O que é isso? - perguntei.

- Nossas roupas, para irmos pra Kim. - respondeu Igor, entusiasmado.

- E mochilas, mais cantis de água, moedas de prata e de ouro, e mais algumas armas. - completou vovô colocando encima de sua cama doze espadas com o cabo cravejado de pedrarias. Elas eram lindas e brilhavam como o sol lá fora. Minha alegria era imensa, e mal via a hora de ir para Kim.

- Vovô, por que não nos diz logo onde acharmos a entrada? - perguntei.

- Se eu dissesse vocês não seriam dignos de possuir a chave do mundo perdido. Vocês devem conseguir entrar com os seus próprios meios. Agora vão, os dois, pois eu vou me trocar e sair.

Sam, a assassina do mundo perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora