A guerra bate à porta

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- Senhora...

Abri os olhos. Estava uma bela noite lá fora.

- Melissa... - disse eu, com voz fraca.

- Sim, senhora.

Olhei em volta. Meu quarto estava impecável, como sempre.

- Onde está o conde? - perguntei.

- Depois de muita insistência, o príncipe conseguiu com que ele fosse comer alguma coisa e tomar um banho. Ele está aqui desde a noite passada...

Levantei-me. Os ferimentos haviam sumido. Com certeza havia sido utilizada a mesma porção das outras vezes.

- Como está Samantha? - perguntou uma voz desconhecida.

Era um homem alto, de cabelos e longa barba branca, olhos azuis pequeninos e traços decididos no rosto já idoso. Usava uma longa bata de cor prateada e um chapéu em forma de cone na cabeça. A figura era imponente, e eu, sem querer, encolhi-me ao vê-lo.

- Bem. - respondi.

- Sou Fenoglio, mas pode me chamar de Fi. - disse ele, estendendo a mão. - O conde pediu para que eu cuidasse de você.

O homem pediu para que eu esticasse os braços e apalpou a região onde as garras de Meg haviam penetrado.

- Dói? - perguntou.

- Nada. Sinto apenas o toque de suas mãos.

- Muito bem. - Fi virou-se para a criada e disse. - Chame o conde.

Ela saiu, fechando a porta de leve.

- Você também é.... - comecei, mas ele me interrompeu.

- Um conspirador? Com certeza. Porém mais ativo do que Pietro...

Olhei-o com ar de dúvida.

- Quem você acha que treinou Lince Parda?

O quê!?

- Foi você? - Eu estava realmente surpresa. O velho confirmou com a cabeça.

- Lince, Ulisses, Luz... Para tentar consertar a burrada que fiz ao treinar Treva e Samantha...

Os olhos de Fi estavam marejados.

- Minhas doces meninas... - ele disse baixinho.

- Treva e Luz... são suas filhas? - a pergunta surpreendeu-me, mas faria sentido se a resposta fosse sim.

- Esses são apenas apelidos que elas inventaram e que todos as chamam. Mas para mim elas são Analuz e Anabela. Treinei-as e lhes ensinei tudo o que deviam saber, porém Anabela se superou e aprendeu magia... Hoje ela é quase tão poderosa quanto eu.

Luz era filha de Fi.

As coisas começavam a se encaixar. Por isso Samantha sabia tanto sobre magia.

- Fi... - Pietro entrou e veio até onde estávamos.

- Bem, eu irei tomar uma xícara de chá na cozinha. Boa noite Sam. - disse o velho, saindo.

Os olhos do conde estavam molhados, como se tivesse chorado.

- Está realmente bem Sam?

- Sim. Não sinto nada estranho.

Ele tomou minhas mãos e disse:

- Está chegando a hora de nos separarmos...

Eu olhei-o assustada.

Bem, sabia que esse dia iria chegar.

Mas, precisava ser agora?

- Promete que irá cumprir as ordens de Fi? - o rapaz perguntou.

Sam, a assassina do mundo perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora