- Senhorita Samantha?
O sol já clareava todo o quarto. Karol dormia na cama ao lado, e ao ouvir a voz novamente, reconheci-a como a voz que fez as três perguntas ao capitão.
- Espere, vou me trocar.
Rapidamente coloquei uma calça e vesti uma blusa de manga longa lilás, coloquei o cinto, e nele, minhas três amigas prateadas. Ao abrir a porta, dei de cara com um jovem de mais ou menos 18 ou 19 anos, de pele morena, olhos vivos e verdes, cabelos lisos e negros tocando a nuca, e uma sombra de barba no rosto jovial. Ele era bonito e sua voz inspirava confiança, igual ao capitão, mas o rapaz tinha sempre um sorriso na face, ao contrário de Acab.
- O capitão pediu para que eu a chamasse. Ele a convida para um café no seu camarote.
Guiando-me em silêncio pelo corredor estreito, saímos para o convés onde os marujos trabalhavam quase que incansáveis. Uma porta grande, de madeira nobre, na qual havia uma placa de cobre com o nome do capitão me indicou que aquele era o quarto.
- Pode entrar.
- Não vai comer conosco?
- Não. Estou no meu turno de vigia, e só poderei comer quando ele acabar.
Bati de leve na porta e entrei.
- Espero não ter acordado você, Samantha. - disse-me Acab quando entrei.
Diferentemente do que imaginei o quarto dele era grande, e decorado com muita elegância. Uma tapeçaria vermelha com uma cena de sereias num rochedo se estendia por toda uma parede. A cama bem feita, com lençóis de cetim verde claro, um divã branco que dava de frente para uma grande janela de vidro, com cortinas vermelhas de seda. Um guarda roupa, criado mudo, candelabro grande dourado, e um menor, de cabeceira para iluminar o aposento. Num cantinho, uma escrivaninha, na qual pude ver um mapa, compasso, esquadro, bússola e outros instrumentos de navegação. A mesa do café exalava um cheiro delicioso, e me sentei no lugar que ele me designou:
- Eu estava dormindo realmente. E até sonhei...
- Os sonhos aqui em Kim são especiais. Quase sempre acontecem. - Acab serviu-se de chá. Eu peguei o bule e coloquei café com leite na xícara de porcelana.
- Chamei-a para tomar café comigo porque quero conhecê-la melhor. Não sei muita coisa sobre você...
- Não tem muita coisa sobre mim mesmo. Eu sou do outro mundo, cheguei de lá há mais ou menos dois meses.
- Sozinha?
- Não. - respondi. Não gosto muito quando me perguntam demais.
- Igor, não é? - perguntou ele, comendo um pedaço de pão.
Meu espantou ficou nítido em meu rosto.
- Como sabe?
- Seu avô me contou que iria mandar você e um garoto chamado Igor pra cá. E onde ele está?
Contei a ele toda a história, desde a minha chegada a Kim, até o dia em que fugi da casa de Treva.
- Teve muita sorte. - disse ele. - Muitos não sairiam vivos de lá. Mas uma coisa eu não entendi: porque você fugiu sozinha? Deveria ter chamado seu amigo. Não se deve deixar um amigo para trás.
- Ele estava de casamento marcado com Lana, uma dos chefes da guarda de Sorelois.
- Hum, e isso te deu certo ciúme?
- Não. Eu e ele somos, ou éramos apenas amigos. E desde quando eu saí da casa de Treva não tenho mais notícias dele.
Depois de uma pausa, perguntei:
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Sam, a assassina do mundo perdido
FantasíaEu era uma estranha normal até ser apresentada a Kim, o mundo perdido... Junto com meus melhores amigos, embarquei para esse mundo de maravilhas, encantos e mistérios. Sabia que iria ser perigoso, só não sabia que fazia parte de uma profecia e tinha...