A viagem nos pareceu quase eterna, pois todos nós estávamos esgotados. Eu e Fi éramos os últimos no caminho, para que eu contasse a ele tudo o que havia acontecido. O mago chorou ao saber que a filha havia sido morta, mas conformou-se quando lhe disse que ela estava prestes a me matar.
- Eu sabia de tudo desde o começo. - admitiu o velho. - Mas queria que a própria Samantha contasse a você.
- Foi melhor assim. - disse eu. - Finalmente consegui entender o motivo de toda a minha trajetória em Kim... O motivo da minha vinda...
- Agora ela terá a infância que sempre quis...
Olhei para a frente e vi o rei segurando a criança com toda a delicadeza. Ela ainda estava adormecida.
- É... Fico feliz por ela.
Chegamos em Kim com o sol alto. Os portões estavam abertos, e a cidade limpa e arrumada. Não havia mais sinais de luta, apenas a pura e verdadeira alegria. As árvores começavam a se colorir de verde e o cheiro de assado me lembrou que já fazia um bom tempo que eu havia comido. O sorriso nos rostos das pessoas me deixava alegre, por saber que eu havia contribuído para que a paz finalmente fosse estabelecida. Nas sacadas e varandas das casas, mulheres e crianças nos atiravam flores e fitas. Gritos de hurra ecoavam pelas ruas. Os jovem exultavam-se, os mais velhos se emocionavam, e as crianças brincavam pelas ruas.
Meus olhos encheram de lágrimas. Lágrimas de emoção. De ver que, pelo menos uma vez, eu fiz a coisa certa.
Uma multidão nos seguia pelas ruas que levavam até o palácio. Muitas pessoas espantavam-se ao ver aquele lindo bebê no colo do monarca. Aos curiosos, ele respondia:
- É minha filha. Minha e de Safira.
Segui rapidamente, detendo-me de vez em quando para cumprimentar alguém que me dirigisse a palavra. Enfim, conseguimos entrar no palácio.
A primeira coisa que Korus fez foi pedir aos criados que preparassem os melhores e mais confortáveis quartos do castelo para nos receber. Em seguida, escolheu duas de suas empregadas de maior confiança e as incumbiu de cuidar de Katherine. Ou Kate, o apelido carinhoso que Katrina colocou.
- Muito bem, agora é festa! - exclamou o rei. Meus companheiros deram gritos e hurras.
Eu estava na janela, admirando aquela paisagem quase surreal. Logo chegaria a hora de voltar a minha vida antiga. Aos meus estudos, meus patins, meu iPhone...
Fui conduzida ao meu quarto. Era um belo aposento, decorado com muito luxo e bom gosto. Tirei o capacete, descalcei as luvas. Um suspiro arrancado do fundo da alma me fez parar.
Acabou. Finalmente.
Ao tirar a armadura completamente, vi as minhas quatro facas que haviam sobrado.
O que eu faria com elas?
Lembrei que, bem no comecinho da aventura, as três que restassem tinham os respectivos donos: Treva, Lana e o Cavaleiro Negro.
Bom, Treva estava morta e Lana também.
Porém ainda restava o Cavaleiro...
Sacudi a cabeça, para expulsar aqueles pensamentos. Guardei-as detrás de um quadro grande que mostrava um belo crepúsculo.
Entrei no banheiro e tomei um banho demoradíssimo. Passei muito tempo me esfregando para tirar o sangue seco e a terra de minha pele. Quando terminei, mirei-me no espelho.
Eu estava limpa e pura. Meus cabelos, lisos e sedosos.
Enrolei-me em um roupão e saí para procurar o que vestir no armário. Resolvi usar um vestido branco, com mangas longas e detalhes em renda finíssima. A tiara e o colar de ametista deram o toque final.
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Sam, a assassina do mundo perdido
FantasyEu era uma estranha normal até ser apresentada a Kim, o mundo perdido... Junto com meus melhores amigos, embarquei para esse mundo de maravilhas, encantos e mistérios. Sabia que iria ser perigoso, só não sabia que fazia parte de uma profecia e tinha...