Mais surpresas e um começo de amor...

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- Eu não acredito! - era Cris, que já estava de pé e olhava ao redor. Alan ajudou Susan a levantar e depois pediu licença e se retirou para chamar a mãe. As três estavam boquiabertas. Há poucos minutos elas estavam na minha casa, rindo de mim quando falei que havia outro mundo além do que nós vivíamos; agora estavam olhando em redor do amplo escritório de Lince. A tapeçaria da parede, a estante de livros, a mesa enorme e envernizada, a poltrona atrás da mesma, e as outras mais ao redor. No teto, um lustre grande de cristal ostentava luxo e bom gosto, marca registrada da dona. Pela janela dava para ver a piscina e o sol que já ia quase sumindo por detrás das colinas verdejantes.

- Cuidado. - disse eu, sorrindo ironicamente - Isso pode ser um sonho muito louco. Talvez vocês tenham desmaiado dentro do guarda-roupa...

Karol sorriu:

- Acho que um pedido de desculpas somente não vai resolver.

- Não vai mesmo - disse eu, sorrindo. - Mas não temos tempo para banalidades.

A porta se escancarou e Lince veio entrando junto com Luz. Ao ver-nos, sorriu e disse:

- Achei que iria demorar mais um pouco para convencer alguém. Quem são elas?

Minhas amigas estavam espantadas com a aparência de Lince. Sua pele, cabelos e roupas eram totalmente brancos, e às vezes uma ou outra joia que ela usava em algumas ocasiões. Os olhos azuis-claros eram um detalhe à parte. Ela parecia uma fada tirada de algum livro ou uma albina; eu acreditaria nessa segunda hipótese, se não soubesse que ela se transformava em lince. Sim. Com exceção de Luz, todos os outros ali na casa viravam linces quando havia necessidade. Eu comecei com as apresentações:

- Lince, estas são Karolina Albuquerque, Susana Maia e Cristina Villar, todas de extrema confiança. Meninas, essa é Lince Parda, a anfitriã, e Luz.

- Oi. - disseram as três em coro.

- Olá, e bem vindas a Kim. - disse Lince, sorridente. - Eu serei uma das treinadoras de vocês. - O céu lá fora já estava mais escuro, e os últimos raios de sol eram filtrados pelas árvores. - Luz lhes mostrará os quartos em que vão ficar, e não se preocupem com nada.

Luz fez um sinal para que elas a acompanhassem, deixando-me a sós com Lince. Ela sabia que eu tinha algo a dizer, então se sentou em sua poltrona e esperou que eu começasse a falar.

- Eles quase nos pegaram.

Ela pareceu espantada. Depois perguntou:

- Quem estava lá?

- Treva, Lana, Robert, os chefes da Armada de Sorelois... - eu fiz uma pausa e continuei. - E Igor, o garoto que veio comigo pra Kim.

- Hum... - disse ela, querendo compreender. - Você poderia descrever esse garoto para mim?

- Posso fazer melhor. - disse eu puxando o celular do bolso. - Aqui está ele.

Ela continuou com o rosto sereno, mas notei que seus olhos adquiriram o leve brilho de uma lágrima prestes a rolar. Perguntou:

- Que tipo de relação você tem com esse garoto?

- Somos amigos, respondi. E aquela resposta me fez lembrar o tempo em que o meu maior problema era apenas Marie.

Ela levantou e foi para a grande janela olhar o magnífico pôr-do-sol, que já estava no fim. E me disse:

- Eu tinha quase certeza de que Katrina não mandou você lá por acaso. Acho que ela sabia que eles iriam atrás de você.

- Como assim ela sabia? - perguntei, sem entender. - Quer dizer que ela me arriscou, a mim e a Alan? Por qual motivo?

- Eu não sei. - Lince estava de costas para mim, e passava a mão em seus cabelos sedosos e limpos. - Mas deve ter tido um propósito. Não é possível que ela a tenha mandado de volta somente para buscar suas amigas.

Sam, a assassina do mundo perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora