A busca por Dick

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A partida foi rápida e silenciosa. Já havíamos perdido um tempo preciosíssimo e tínhamos pressa em matar Dick e ir logo para casa.

Nos navios, tudo mudou radicalmente. Agora éramos eu, Cris, Susan e Karol no mesmo camarote. Não digo que isso é ruim, mas o espaço diminuiu bastante. Katrina, Lince, Luz e um soldado de confiança dela, chamado Gustavo, vieram para o Diamond. Para o camarote do capitão, levaram o grande mapa do escritório dele, de onde podíamos ver a exata localização da baleia. Ela agora direcionava-se para mar aberto, o que fazia Acab praguejar, pois assim a vantagem era maior para o animal. Todo mundo estava apreensivo e nervoso, principalmente quem já havia tido contato com o terror dos mares, como era chamada entre os marinheiros.

Emílio, o piloto, mantinha a mão firme no leme e poucas vezes saía dele. Dormia algumas horas, deixando o comando para Miguel e logo voltava. Até mesmo as refeições ele fazia apressadamente, e sempre de olho no mar.

- Apesar de não demonstrar, eu também estou com medo. - disse-me Miguel, na terceira noite de viagem. Só tínhamos o mar, o céu apinhado de estrelas e a lua minguante iluminando parcamente a água. Estávamos os dois sentados no mesmo lugar onde conversamos a primeira vez, e onde vínhamos nos encontrar assim que o sol se punha. - É um animal com proporções inimagináveis, e é difícil de pensar que apenas uma garota poderá dar cabo de uma criatura que nem mesmo toda a esquadra do rei conseguiria.

- Não tem fé em mim? -perguntei-lhe.

Ele ajeitou uma mecha do meu cabelo e respondeu:

- Muita. Mas tenho medo que aconteça algo com você Sam e....

- Spin!

Era Emílio, e pela voz, não era coisa boa...

Corremos os dois para a onde estava o piloto. Ele apontou para a água e disse:

- Da última vez que vi tantas assim, o capitão quase morreu.

Sereias. De novo, elas rondavam os oito navios de nossa frota.

- Spin, traga-me o megafone. - disse Acab, aparecendo atrás de Miguel e Emílio.

Rapidamente foi feito o que ele queria. Subiu ao bico de proa e falou:

- Alô, aqui quem fala é o capitão Guilherme Acab, do Diamond. Mais uma vez estamos sendo acompanhados por sereias, então os pares serão refeitos novamente. A tripulação de homens e mulheres são iguais em todos os navios, então escolham as duplas da maneira que acharem melhor.

Algumas luzes foram acesas, e depois de alguns instantes uma voz feminina soou:

- Alô, aqui é Elisabeth Canady, do Pearl. Suas instruções já foram seguidas em nosso navio.

- Alô, aqui é Lise Mafrey, da nave Melanhcoliah. Avistamos algumas luzes à leste queen não se parecem nem um pouco com estrelas.

Acab olhou e viu que realmente algumas luzes movimentando-se há umas seis milhas dos navios.

- Serão outras naves, capitão? - disse Miguel.

- Acho que não. - ele levou novamente o megafone a boca e disse - Fiquem atentos as luzes. Apaguem todas que estiverem a bordo. Devemos ser o mais invisível possível.

- Acho que são sereias... - Lince apareceu atrás de nós. - Do jeito que o mar está infestado delas, não é difícil.

- Todos para as cabines, agora! - Ele olhou para mim e disse. - Menos você, Lince, Emílio e Miguel.

Ficamos os cincos às escuras, com o convés vazio, sem nenhum homem trabalhando. Miguel sussurrou para Acab:

- Você não vai fazer o que eu estou pensando, vai?

Sam, a assassina do mundo perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora