Uma luta inesperada e um título por acaso

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- Sam...

Eu estava em um lugar desconhecido. As paredes eram de pedra maciça, e a porta era feita de vidro. Por mais força que eu fizesse, não consegui quebrá-la; nem mesmo um pequeno arranhão na superfície lisa e espelhada. Ao me virar, vi que era um quarto grande, cheio de livros. Atrás de uma das prateleiras havia um criado mudo com um candelabro de prata encima, cama com cobertores limpos e uma escrivaninha. Nela, estava um rapaz, mais ou menos da mesma estatura de Igor. Ele era loiro e tinha uma pele muito pálida, e ao se virar, vi que seus lábios eram cor de sangue, e seus olhos eram meio esverdeados. Mas eu não estava muito interessada nisso. O rapaz estava desenhando um rosto. E esse rosto me pareceu ligeiramente familiar...

- Sam...

* * *

- Sam? Sam, acorda!

Abri os olhos. Karol, Cris e Susan rodeavam a minha cama com caras de sono e espanto. Estavam de robe; lilás, laranja e rosa, respectivamente. As janelas do meu quarto estavam de cortinas levantadas e o dia lá fora era cinza e frio. Pelos rostos que me fitavam havia acontecido algo.

- O que foi? - perguntei. O dia ainda não havia amanhecido muito bem, e eu sabia que elas dormiam muito.

- A rainha chegou. - disse Susan, olhando para o lado de fora por uma das janelas. - E está trancada no escritório de Lince.

- Katrina? - eu sabia que ela viria, mas não imaginava que ela fosse chegar tão cedo. - E vocês ouviram alguma coisa pelos corredores?

- Eu ouvi um dos soldados dizer que iríamos nos mudar, mas não entendi direito. - Karol falou bem baixinho, com medo de que alguém entrasse e ouvisse. Depois completou. - Parece que Samantha descobriu o paradeiro de Luz e quer matá-la.

- E não somente a Luz. - continuou Cris. - Ela também vem atrás de você Sam.

Levantei de um salto da cama e olhei pela janela. Havia vários cavalos, e alguns linces rodeavam a casa. Soldados em armaduras reluzentes andavam de um lado para outro carregando caixas, sacos e baús e colocando dentro de uma grande caixa de madeira. É, talvez Alan estivesse certo, e nós iríamos nos mudar. Eu já tinha ouvido falar no tal abrigo subterrâneo, mas não sabia exatamente onde ele se localizava.

Abri o armário e puxei uma calça de couro preta, uma blusa da mesma cor, feita de tule, e uma camiseta, também preta, e fui para o banheiro. Tomei uma ducha rápida e vesti-me rapidamente. Meu cabelo estava cacheando nas pontas, e as mechas rosa e lilás pareciam mais vivas do que normalmente. Saí, e minhas amigas ainda estavam lá, sentadas, olhando para mim. Disse eu:

- Troquem de roupa e fiquem no quarto. Eu vou descer e ver o que está acontecendo.

Saímos as quatro do quarto, e quase esbarramos em Alan.

- Estava ouvindo atrás da porta Alan? - perguntei.

- Não sou desse tipo de coisa Samantha. - respondeu ele. - Vim chamá-las para o café-da-manhã.

- Sim, elas ainda vão trocar de roupa, mas depois vão descer. Antes, eu quero dar uma palavrinha com você.

Fomos andando pelo corredor. Todas as janelas estavam abertas e com as cortinas levantadas. Quando passamos pela sala de armas, vi que ela estava vazia.

- O que aconteceu? - perguntei.

- Assim que você foi dormir, alguns minutos depois, a rainha Katrina chegou. E quando soube do ataque, já foi ordenando que pegássemos todas as coisas que fôssemos precisar no subterrâneo e coloca-las na caixa de transporte. Desde então, ninguém mais dormiu nesta casa.

Sam, a assassina do mundo perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora