A tempestade ainda continuava. Com facilidade, abri a pele de Salt.
Um feixe de luz do sol iluminou-me, assim que saí de dentro da serpente.
O arco-íris brilhou no céu, já bem perto do crepúsculo.
- Vai um churrasquinho de cobra aí? - disse eu, irônica.
Meus companheiros estavam trepados nas árvores próximas e desceram rapidamente para me cumprimentar. Miguel, ficou a distância, como era o seu jeito, somente observando com os olhos marejados. Escorreguei pela pele da criatura e fui para o chão, onde minhas amigas prenderam-me em um abraço apertado.
- Mais uma dessas e eu volto para casa! - exclamou Karol, com os olhos cheio de lágrimas.
- Você quase matou todo mundo pela segunda vez... - Cris sussurrou baixinho.
- Bom trabalho Sam. - Lince abraçou-me, comovida. - Tenho muito orgulho de ter treinado você.
A rainha Kiara estava desmaiada nos braços do rei Felipe. Peguei uma pétala de flor de cerejeira do chão e passei em seu rosto pálido. Ela deu um longo suspiro e acordou.
O capitão Ulisses deu-me um abraço apertadíssimo dizendo:
- Tenho muito orgulho de ser seu avô... Mas lembre-se que Dick e Salt eram os obstáculos mais fáceis na caminhada para matar Samantha.
- Você é a louca mais sensata que eu conheço. - Acab passou a mão em meus cabelos e abraçou-me.
- Obrigada, assassina do mundo perdido. - Kiara agradeceu, pegando em minha mão. Aquela era realmente a rainha, com seus olhos azuis quase transparentes e sua voz doce e melodiosa.
- Vamos comemorar! - disse o rei Felipe, e todos os presentes gritaram, eufóricos.
- Esperem! - disse eu, e todos pararam.
- Abram a serpente. Acho que vão gostar do que tem lá dentro...
As pessoas se entreolharam e me obedeceram. E qual não foi o espanto quando ao perfurar a barriga, de lá saíram mil e uma preciosidades.
Corri para o palácio o mais rápido que pude. Eu queria chegar logo, tomar um banho e tirar aquele cheiro doce que me impregnava.
- Sam, espera!
Parei. Miguel corria velozmente para me alcançar. Ele tentou me abraçar mas eu o repeli.
- Estou suja, feia e com muita sede. Será que podemos apostar quem chega no castelo primeiro?
Ele sorriu, aceitando o desafio.
- Valendo! - disse o jovem, e disparou na minha frente. Eu corri o mais que pude e quase na soleira do palácio, ultrapassei-o.
- Isso não valeu! - Miguel exclamou, ofegante.
Eu entrei, sem responder.
* * *
Eu não sei porque estava fazendo aquilo.
Mas eu tinha que fazer.
Quem sabe assim Miguel me contaria o porquê de sua melancolia desde que pisou em Glowcestershire.
A noite caíra já fazia algum tempo. Eu arrumava-me para a grandiosa festa que o rei mandou preparar para comemorar a morte de mais uma das almas de Samantha. Um vestido verde, vermelho e dourado, bordado com flores de cerejeira e pedrarias, sapatos cor de ouro, e uma belíssima coroa (eu os retirei de Dick). Mas mesmo com toda aquela alegria, eu me sentia triste, sem saber o motivo. Alguma coisa muito ruim pairava sobre mim. Não sei se era o fato de eu já estar a quase quatro meses fora de casa, vivendo coisas inimagináveis. Ou a falta de Igor...
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Sam, a assassina do mundo perdido
FantasyEu era uma estranha normal até ser apresentada a Kim, o mundo perdido... Junto com meus melhores amigos, embarquei para esse mundo de maravilhas, encantos e mistérios. Sabia que iria ser perigoso, só não sabia que fazia parte de uma profecia e tinha...