Senti como se estivesse pulando de paraquedas.
Olhei para baixo e vi uma coloração azulada que ficava cada vez mais nítida, mais próxima...
Respirei fundo, bem na hora de cair dentro de uma lagoa de águas claríssimas numa caverna vulcânica desativada. Nadei rapidamente até a margem. Foi quando escutei o baque de duas mochilas na água e Igor mergulhando na lagoa. Pulei novamente e nadei o mais rápido que pude (meu jeans não estava colaborando) para pegar minhas coisas. Deitei no chão de pedra, e olhei para o teto. Apenas um céu azul, com algumas nuvens. Não havia nem sinal do lugar por onde entramos. Ele deitou bem ao meu lado e perguntou:
- Onde estamos?
Abri a minha mochila e puxei o mapa. Ele continuava seco, embora tudo estivesse molhado lá dentro. Abri-o e esquadrinhei toda a superfície do pergaminho.
- Estamos na Montanha dos Elfos, perto da casa de Luz.
Levantei, olhei ao redor e vi um túnel que levava até fora. Ao chegar mais perto, Igor exclamou:
- A cortina de folhas!
E realmente era a cortina de folhas verdes e cipós que vovô havia citado no diário. Assim que afastamos, demos de cara com uma paisagem magnífica de pôr-do-sol, banhando os arbustos e arvores pequenas ao redor da montanha. Lá embaixo, podíamos ver uma leve fumaça esbranquiçada subindo para o alto. "A casa de Luz" pensei, olhando para distinguir alguma trilha que nos levasse até lá.
- Podemos ir por ali, disse Igor apontando para um caminho meio escondido pelo mato. Logo vai escurecer e não é bom ficar na mata de noite.
Ele foi à frente, cortando o mato com a espada. Mas não foi preciso, pois depois de alguns golpes, revelou um caminho limpo e largo.
Olhei para cima. Já conseguia ver algumas estrelas piscando ao longe. Cutuquei Igor e começamos a correr. Depois de dez minutos, sempre descendo, saímos em uma vinha muito bem cuidada, campos de trigo e um pomar com árvores grandes e carregadas de frutas. Eu estava admirada com aquele cenário magnífico. Avistei a casa, feita de tijolos cor de rosa, venezianas brancas, rosas nas janelas e um balanço para duas pessoas debaixo de uma cerejeira em flor. Era o lugar mais romântico que eu já havia visto. Imaginei-me sentada naquele banco com Igor, olhando as estrelas, que agora eram bem visíveis no final do crepúsculo. Eu e ele... Acordei do devaneio quando chegamos à porta e ele bateu.
Um homem de cabelos castanhos meio crescidos, de bigodes ralos e olhos verdes nos abriu a porta. Olhou-nos de cima para baixo e ao ver a espada nas mãos de Igor, gritou para dentro:
- Luz, eles chegaram! - e escancarando a porta, convidou. - Entrem, por favor.
Notei que havia certa familiaridade na voz dele, mas não disse nada. Uma mulher veio correndo da cozinha e quando nos viu, deu um grito de alegria:
- Nossa! Eu sabia que ele não ia falhar! O Capitão disse que devíamos confiar nele e, veja só, ele nos mandou!
Ela era igualzinha como foi descrita no diário. Alta, cabelos castanhos, olhos azuis grandes e cheios de cílios. Vestida com um vestido longo, preto, como os da Idade Média. Eu perguntei:
- Desculpe, mas, quem mandou o quê?
Ela nos pediu para sentar em um dos sofás da sala espaçosa e respondeu:
- Ulisses. Um dos guerreiros do exército da rainha de Kim. Ele disse que nos mandaria alguém em que podíamos confiar plenamente. E esse alguém é você, Maria.
- Como sabe o meu nome?
Ela sorriu enigmática:
- Sei de muitas coisas que você nem imagina... - e mudando completamente de assunto. - Ora, vocês estão todos molhados! Subam, tomem um banho e desçam. O jantar estará pronto daqui a pouco. Robert; será que pode mostrar-lhes os quartos?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sam, a assassina do mundo perdido
FantasíaEu era uma estranha normal até ser apresentada a Kim, o mundo perdido... Junto com meus melhores amigos, embarquei para esse mundo de maravilhas, encantos e mistérios. Sabia que iria ser perigoso, só não sabia que fazia parte de uma profecia e tinha...