A assaassina do mundo perdido está de volta...

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O olhar de espanto foi geral quando me viram sair pela narina da baleia, em meio a um jato forte de água.

Nos primeiros cinco segundo, ninguém esboçou nenhuma reação.

Após outros cinco, eu estava no meio de um abraço apertado de Ulisses e Mabel.

- Mas como foi que você sobreviveu àquela queda? - Mabel perguntou.

- Acho que foi sorte... - respondi. - Mas não tenho certeza de nada.

Logo colocaram-me nos braços e Acab gritou, eufórico:

- Três vivas para Sam, a assassina do mundo perdido!

A festa no corpo do monstro foi imensa. Acab abraçou-me e disse:

- Nunca mais nos dê outro susto desse, Maria Samantha!

Assim que ele me soltou, minhas amigas vieram correndo me abraçar. Nós ríamos e chorávamos ao mesmo tempo.

- Da próxima vez nos convide para ir com você! - Karol exclamou, secando as lágrimas.

- E manda um torpedo avisando que foi engolida pela baleia, igual ao Pinóquio. - Susan completou, rindo.

Lince Parda olhou-me e disse:

- Bom trabalho Sam. Matou a baleia e saiu com grande estilo.

Tiros de canhão foram disparados. Música começou a soar.

- Espere! - disse eu, e tudo cessou.

- O que foi Samantha? - o capitão George pareceu preocupado comigo. Acho que todos ficaram, pois tinham olheiras profundas e os olhos vermelhos.

- Abram a baleia. Acho que vão gostar do que tem lá dentro...

Subi para o navio vazio, enquanto todos usavam suas facas e espadas para abrir a pele, agora frágil, de Dick.

Bem, não tão vazio...

Miguel estava no convés. Seus olhos verdes e brilhantes estavam banhados em lágrimas. Ele virou-se e ao me ver, disse:

- Se eu soubesse que você se jogaria do cordame para o meio daquele abismo, eu a teria prendido mais naquele abraço...

- Mas eu estou aqui, não estou? - aproximei-me dele. Eu ainda estava esfarrapada, suja de sangue, e meus ferimentos doíam bastante. Olhei em seus olhos e continuei. - Talvez se eu não tivesse tido coragem de pular, nós teríamos afundado junto com ela.

Ele acariciou meu rosto. Desabei em seus braços fortes, e nossas lágrimas se misturaram.

- Tive tanto medo de não te ver novamente... - ele sussurrou. - De não ouvir mais o seu riso... De não te abraçar de novo...

- Eu estou aqui agora. O resto não importa mais...

Beijamo-nos longamente. Depois de algum tempo fui para o meu camarote tomar banho e me trocar. Parecia que havia passado meio século desde a última vez que eu estivera ali. Limpei meus ferimentos e passei o mesmo líquido cicatrizante que Alan usou quando Ulisses o feriu. Todo o cansaço que eu sentia acabou assim que tomei as sete gotas recomendadas. Coloquei um vestido azul claro bordado a ouro e sapatos de cetim da mesma coloração. Penteei meus cabelos, que estavam mais lisos do que nunca, e saí para contemplar a alegria de todos.

Daqui a pouco ia escurecer. Olhei o céu azul e sem nuvens, e senti-me mais forte. A corrente estava em meu pescoço presa junto com a concha de Melina. Encima do cadáver de Dick, os hurras eram imensos. Haviam acabado de abrir uma pequena fresta e de ver as preciosidades que havia dentro dela.

Sam, a assassina do mundo perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora