Despedidas

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- Para onde vamos?

Era quase véspera da coroação do rei Korus. As ruas estavam ricamente decoradas, esperando apenas o momento. Já era meia-noite quando Acab passou na disparada com Cris num belo cavalo marrom de manchas brancas, na direção do porto. A pergunta, feita por ela, foi respondida com um tom de suspense:

- Você logo saberá. Estamos quase chagando.

Cavalgaram durante algum tempo e logo chegaram ao cais. No pontão principal, uma magnífica embarcação ancorava-se majestosa, totalmente iluminada.

- Peraí, - disse a jovem, descendo da montaria. - este aí é....

- O meu novo navio. - disse o capitão sorrindo. - E você será a primeira mulher a embarcar.

Ele deu o braço à moça e subiram juntos os degraus que levavam para o convés.

Era um navio forte, feito do melhor material que poderia ser encontrado. Tudo espelhava de tão limpo.

- É um belo navio... - disse a jovem olhando em volta.

- Sim. Fiz questão que ele fosse assim. - retrucou o rapaz, segurando a mão dela.

Eles examinaram cada canto do navio. Cris adorou estar ali com Acab, principalmente por que era a primeira vez que eles dois se isolavam realmente do mundo inteiro. Ela adorava admirar o belo rapaz, e passava horas contemplando-o fazer suas atividades rotineiras. O capitão também gostava muito de tê-la perto, e sabia que mais cedo ou mais tarde ela iria embora. Porém ele não queria pensar nisso. Não naquela noite.

Quando voltaram ao convés, a moça percebeu a parte encoberta perto da proa do navio. Um imenso pano preto cobria uma boa parte do casco pelo lado de fora.

- Por que isto? - perguntou, espantada. - Por acaso algo de errado aconteceu nesta parte?

O capitão balançou a cabeça negativamente.

- Não. Eu mesmo coloquei este tecido aí.

Ao ver o ar de incompreensão de Cris, Acab beijou-a na testa e perguntou:

- O que achou do navio?

- Perfeito. Um pouco ameaçador por fora, mas acolhedor por dentro...

- Não lhe lembra nada?

A moça pensou por alguns instantes.

- Samantha talvez?

Ele riu.

- Ameaçadora, teimosa e indomável por fora... - o capitão acariciou o rosto da jovem, sempre sorrindo. - Acolhedora, meiga e doce por dentro...

Ela espantou-se.

- O quê?

- Bem vinda à bordo do Christina.

Ele levou-a até o local que estava encoberto e cortou a corda que prendia o tecido. Ao cair, revelou o nome do navio escrito em enormes e belíssimas letras douradas: Christina.

- Será que é prova suficiente do quanto eu gosto de você Cris?

Cris abraçou fortemente Acab. Não havia necessidade de resposta. Lentamente ela afastou o cabelo do rosto do rapaz e beijou-o. Dar o nome dela ao navio dele era a maior prova de amor que poderia ser dada.

Um capitão dá a vida por seu navio.

Acab daria a vida por sua Cristina.

E ali, no convés do Christina, eles namoraram até quase o alvorecer.

Sam, a assassina do mundo perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora