- Estamos quase chegando.
Devia ser meia noite ou mais e ainda caminhávamos pela trilha na mata. Uma lua crescente gigante deixava entrever seus raios por entre as folhas das árvores.
Uma imensa parede de pedra maciça apareceu de repente em nossa frente.
- É aqui? - perguntou Karol.
- Sim. - Igor falou mais para si mesmo do que para responder a pergunta da jovem. - Sim, é aqui.
- Só há uma entrada e uma saída na Gruta da Assassina. - disse Eustáquio, apalpando as rochas. - É por onde desemboca o rio Maldito. Um navio poderia passar tranquilamente por lá...
- O navio vai entrar e nós vamos ficar aqui fora, é isso? - perguntei enfurecida. Mais um dos enigmas do cavaleiro e eu partiria para a briga com ele.
- Por que não abre um portal? - perguntou Acab ao mago.
- Há uma barreira anti-portais nessa região. Apenas os versados na magia a sentiram quando passaram.
Eu achei que era apenas um finíssimo véu transparente. Ao passar, porém, foi como se eu estivesse dentro de uma bolha de sabão.
- Entraremos por aqui. - disse Igor, empurrando uma pedra no grande paredão. No chão, um alçapão apareceu, mostrando uma escada enorme indo para baixo.
Fui a primeira a descer, segurando o medalhão para iluminar os degraus. O corredor era estreito, com pouco oxigênio, e parecia não acabar nunca.
- Fiquem quietos. - sussurrou o cavaleiro, que ia atrás de mim. - aqui o som se propaga numa velocidade incrível.
Mal ele havia acabado de falar, ouvi o tintilar de armas no final do corredor à nossa frente.
- Como eles conseguiram chegar até aqui?
Era nitidamente a voz de Treva, porém não vinha na nossa direção.
- Preparem os canhões. O capitão Acab e sua tripulação não aportarão aqui.
Ouvi um pesado suspiro próximo a mim.
Avancei, até chegar em uma grande sala, onde não havia ninguém. Haviam várias prateleiras com armas, alimentos e muitas outras coisas.
- Essa é a chamada despensa. - disse Igor baixinho. - Eles acabaram de sair para afundar o navio.
Os olhos de Acab estavam banhados em lágrimas. Só ele sabia o quanto lhe doía perder sua nave daquela forma. Pousei minha mão em seu ombro, como forma de consolo, porém o rapaz pareceu não perceber.
- E agora? - perguntou Ulisses, de guarda na porta.
- Eu vou com Sam atrás da rainha. Vocês podem armar uma emboscada contra os soldados que vieram. Creio que não são mais de cem...
- Cem?! - perguntou Cris, incrédula. - Somos apenas dezessete!
- Mas todos vocês valem por muitos. - disse eu, olhando para eles. E dirigindo-se para Igor, continuei. - Não preciso de cão guia. Sei me virar muito bem sozinha. Fique e tome conta dos outros.
- Mas... - ele começou, porém interrompi-o.
- Aqui, caro senhor conde, são meus companheiros. Portanto, a palavra final sempre será a minha.
Ele abaixou a cabeça em sinal de submissão.
- Korus, - dei continuidade, conferindo minhas armas. - só me procurem quando tiverem controlado todos os soldados. Não quero carnificina; então, os que se renderem serão poupados. Adeus.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sam, a assassina do mundo perdido
FantasiaEu era uma estranha normal até ser apresentada a Kim, o mundo perdido... Junto com meus melhores amigos, embarquei para esse mundo de maravilhas, encantos e mistérios. Sabia que iria ser perigoso, só não sabia que fazia parte de uma profecia e tinha...