Eu preciso me dar valor

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Pensei se eu deveria respondê-lo, então pesei: eu quero, porém é cômodo para ele. Pesei novamente: o que eu ganharia e se isso era suficiente. Olhei novamente para o celular e resolvi responder, nem que fosse por educação. Mas a educação passou um pouco longe.

"Oi, pensei que não precisava, já que toda manhã sai como se nem me conhecesse.

Mas pode vir..."

A campainha tocou, larguei o que eu estava fazendo na cozinha e o celular e fui atender.

Era ele, olhando pro celular.

— De verdade, queria entender se você está comprando meu porteiro, pois ele nunca me avisa, só te deixa subir. — falei abrindo.

— E eu queria algo leve, mas pela sua mensagem acho melhor eu ir embora.

— Como assim minha mensagem? — fiz de desentendida.

— Como se você não soubesse.

— Vai entrar? — dei espaço pra ele, que olhou pra mim, pro apartamento, pro celular e pra mim de novo antes de bufar e entrar — Mas se amanhã você acordar fingindo que nada aconteceu e agir como um babaca, você pode fazer o favor de não me mandar mensagem.

Tranquei a porta, ele foi direto pro meu quarto e eu voltei pra cozinha para arrumar algo para que eu pudesse comer. Sentei na bancada e fiquei comendo enquanto mexia no celular.

— Não vai vir pro quarto? — senti sua mão em minha coxa, levantei o olhar engolindo a comida e a imagem era linda como sempre, pelos cabelos molhados deduzi que ele estava tomando banho, por isso demorou voltar.

— Vou sim, só terminando de comer, você aceita? — estendi o prato para ele que negou.

— Só preciso ir para cama. — assenti.

Pensei que ele iria voltar pro quarto, mas me surpreendi a sentir ele puxar minhas pernas para que eu ficasse na beirada da bancada e se encaixar entre minhas pernas abraçando minha cintura. Limpei a boca e deixei o prato de lado na mesma hora. O abracei de volta fazendo carinho em seus cabelos molhados.

— Vamos? — assenti novamente, eu tinha esse costume de ficar muda perto dele.

Ele levantou só um pouco a cabeça para ver minha resposta e ao receber o aval suas mãos foram da minha cintura para as minhas coxas me carregando até a cama. Pensei que começaria tudo de novo, mas como surpresa ele me deitou se encaixando atrás de mim, começou a fazer carinho em minha coxa com o polegar, beijou minha nuca e sussurrou.

— Hoje eu só preciso descansar, trocar um carinho e dormir, tudo bem?

— Tudo bem. — respondi surpresa com toda a situação.

Ele concordou e eu seguindo seu pedido apenas me virei passando uma das coxas pelo seu corpo e acariciando seu rosto com uma das mãos e a outra passei por ele acariciando entre sua nuca e seus cabelos. Eu também estava muito cansada, então não demorei a pegar no sono.

Acordei com ele mexendo na cama, olhei pela janela e ainda estava escuro, seus braços me prendiam na cama, me virei com cuidado olhando o celular, eram 05h da manhã. Observei-o por alguns minutos dormindo, talvez eu estivesse ficando maluca, porque eu achava tudo lindo. Dormi novamente o observando e acordei novamente pela manhã com ele me chamando.

Abri os olhos o procurando e ele já estava sentado na cama, passei a mão pelo meu rosto e o meu cabelo e disse.

— Oi?

— Você não vai trabalhar? — neguei com a cabeça — Tá fácil assim?

— Vou tirar pelo menos a manhã em casa, estou muito cansada. E você não tem nada hoje cedo? — ele negou.

— Só de tarde.

— Você já vai?

— Tá me expulsando. — ele disse rápido cruzando os braços.

— Não, só perguntei. — sentei na cama — Quer café? — ele balançou a cabeça dizendo que sim — Vem, me fala o que você come normalmente e eu faço.

Ele levantou mais rápido que eu, fui lenta, me levantei espreguiçando, fui até o banheiro escovar os meus dentes e lavar meu rosto. Sequei o rosto e ao tira-lo da toalha pulei ao ver o reflexo de alguém atrás de mim.

— Estou tão feio assim? — neguei.

— Não estou acostumada com ninguém aqui, por um minuto eu esqueci que você estava aqui em casa. Tem escova na terceira gaveta, pode pegar para você se precisar.

Me virei para sair do banheiro, mas uma das suas mãos me seguraram, olhei primeiro sua mão e só depois olhei seu rosto.

— Vamos tomar um banho. — ele falou já descendo as alças da minha camisola para baixo, fazendo-a cair.

Eu já mencionei, mas preciso repetir, eu tenho costume de ficar muda quando o assunto é ele. Eu continuei muda e ele desceu fazendo uma trilha de beijos do meio dos meus seios até a beirada da minha calcinha, o que me fez segurar a pia que estava atrás de mim e me inclinar jogando a cabeça para trás. Suas mãos foram rápidas ao tirar minha calcinha e eu já estava ofegante só de sentir seu hálito por ali. Ele colocou uma das minhas pernas sobre seus ombros e fez exatamente o que eu precisava naquela manhã, eu não conseguia o negar, era gostoso, provocante e acolhedor da forma dele. O banho durou um bom tempo e conta de água ou serviço não importavam para mim naquele momento, eu estava satisfeita, mesmo sabendo que eu não estava me dando o devido valor.

Naqueles momento é como se cada respiração fosse uma ode ao desejo, uma busca incessante pela proximidade, pelo conforto e pelo prazer que encontramos nos braços do outro. Era uma dança de emoções intensas, onde o tesão se entrelaça com a vulnerabilidade, criando laços que transcendem o mero desejo físico e adentram o reino profundo da entrega. É difícil admitir que por muito tempo me coloquei em segundo plano, mas naquele momento minha vontade estava sendo considerada e eu estava recebendo exatamente aquilo que eu queria ter: prazer. Por isso, eu entendia que eu precisava me dar valor, porque sei que mereço mais do que tenho permitido para mim mesmo, mas era complicado negar o que eu tanto precisava. 

Reserva- Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora