Dia D

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Me senti uma mãe no meio de duas crianças, porque não tive apenas que conter o Diego, tive que conter os dois. Uma mulher de 1,60 no meio de dois homens bem maiores que ela, se eu não desse o grito com certeza aquilo não acabaria bem.

— Chega, os dois! — larguei ambos, se quisessem se matar que fizessem, apenas cruzei os braços e fiquei com uma expressão séria — Quer saber? Vai embora. — empurrei o Richard em direção a porta e sua expressão triste quase me comoveu — E você também! — puxei o Diego pela mão para que ele pudesse sair.

— Mas, Anna? — o Diego falou.

— Mas Anna nada. Os dois vão embora, eu vou decidir sozinha, do jeito que era pra ser decidido antes da confusão. E você tem que viajar, Ríos. Então podem ir, quando eu tiver certeza do que eu vou fazer eu ligo. Tchau!

Assim que fechei a porta pude ouvir um resmungar com o outro alguma coisa, mas foram embora e eu achei que eu estava num filme, pois deslizei meu corpo pela porta até me sentar no chão e fiquei por ali por uma hora, eu acho.

Foi quando meu estômago roncou e eu levantei para comer algo. Só aí me lembrei da comida que ele tinha trago para mim e que agora eu teria que esquentar.

Resolvi que era melhor passar o sábado sem celular, com certeza teriam mensagens e aquilo não me ajudaria em nada. Então passei o dia assistindo série jogada no meu sofá enquanto pesava a situação.

De um lado tinha o Diego, nem vou pesar beleza, porque para mim ambos eram bonitos. Ele era gentil, cuidadoso, preocupado, fazia questão de me ter ali mesmo sem rótulos, sem que eu fizesse muito esforço aprendeu tudo que eu gostava ou não só para me agradar. E o sexo era muito bom.

Do outro Richard. Era carinhoso quando queria, mas imprevisível e desistia rápido do que prometia, mas era de quem eu mais gostava e sentia vontade de estar perto todos os dias. Além disso, o sexo era além. O melhor que um dia eu já pude experimentar, na cama sabia exatamente o que fazer comigo. Seus toques eram tudo o que meu corpo desejavam e todas as vezes era melhor, uma conexão fora do normal.

Era difícil decidir entre amar ou ser amada, será que eu conseguiria essas duas coisas insistindo no Diego ou será que o Richard conseguiria me amar?

Cada ponto que eu pensava me deixava mais confusa. Parecia que tudo aquilo só estava me deixando mais indecisa.

Por volta das 18h a Bárbara apareceu em meu apartamento, ela tinha ganhado ingressos para um show e queria porque queria que queria que eu fosse com ela, mesmo eu explicando a situação. Explicar na verdade só fez aumentar a insistência, já que ela estava puta só por eu considerar o Richard na escolha. 

Por fim, aceitei ir, pela chantagem emocional feita por ela. Talvez também fosse bom parar de pensar um pouco em tudo aquilo. Mas não adiantou muito, porque enquanto ela dirigia reconheci o caminho. Allianz, um show nesse estádio não me faria parar de pensar, só me faria pensar mais e talvez até pesar para o lado errado. 

Nem consegui aproveitar a festa, foi uma ida em vão. No domingo então. Além de estar cansada de ter ficado em pé no tal show, eu fiquei tentando tomar minha decisão, mas tive que adiar.

Acordei na segunda e sabia que de hoje não poderia passar, os dois estavam ansiosos, domingo de noite meu celular não parava de receber mensagem. Ignorei, porque eu ainda não tinha a resposta. O banho parecia ter sido esclarecedor, mas para amenizar o peso, deixo aqui uma dúvida genuína e engraçada, será que antes de falar eu podia passar uma noite com cada um para ter certeza? Gracinhas a parte, eu sei que não era uma opção e mesmo se fosse, não ia pesar na minha decisão, já que a tinha tomado mediante a muitos parâmetros. 

Mesmo tendo decidido não comuniquei a eles, eu precisava me vestir e ir trabalhar na parte da manhã e de tarde eu iria até a casa do "escolhido" contar pessoalmente. Vesti o simples, uma calça jeans, uma t-shirt mais descontraída, coloquei um scarpin, peguei minha bolsa e fui para o trabalho.

Mas não rendi muito, não tinha como render, estava completamente ansiosa, muito. A Bárbara também, já que apareceu na minha sala puxando os cabelos para saber o que eu tinha decidido, mas eu a enrolei, não achava justo expor antes de falar com os dois relacionados ao assunto, ela queria me matar, mas eu falei que era difícil, que ainda não tinha decidido. 

Eu faria horário de almoço mais tarde, para encaixar com o horário que eles saíam do treino da manhã. Olhei no relógio ainda eram meio dia. Olhei de novo meio dia e meio, não estava passando nem a pau. Decidi dar uma volta pela empresa para passar mais rápido. A demora quase estava me causando dúvidas novamente. Afinal, eu estava insegura de se eu tinha mesmo tomado a decisão correta, até porque doía um pouco. 

Quando olhei no relógio de parede da sala de assessoria e nele marcavam duas da tarde corri para minha sala para buscar minha bolsa. Não conseguiria comer antes de contar, porque provavelmente eu vomitaria de ansiedade se algo entrasse em meu estômago. Hoje não era dia para isso, já tinha drama demais para eu aumentar criando mais um. 

Quando parei no sinal decidi mandar mensagem para o outro. 

"Eu não posso, para mim não dá mais."

O sinal abriu exatamente quando toquei no enviar e deixei o celular de lado. Daí até a casa dele foi rápido, mas minha barriga doía, eu suava, parecia estar dizendo sim no meu casamento. Quando cheguei em sua porta e toquei a campainha escutei sua voz gritar de longe que já viria, quase ficou inaudível. Eu estava tão nervosa que antes mesmo de ver a porta revelar seu rosto disse rápido e um pouco embolado. 

— Eu prefiro você. Eu quero ficar com você.

O sorriso que veio dele me deu certeza de que naquele momento ele era a minha escolha correta. Com certeza, era fácil gostar dele como ele gostava de mim. O Diego deixava tudo favorável para que aquilo acontecesse. Eu era cuidada e a partir de agora cuidaria mais dele também. 

Reserva- Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora