— Porra, Richard. Eu te esperei por muito tempo, acho que agora é a sua vez, me espera estar pronta para nós. — eu me assustei com a firmeza dela, eu já tinha notado sua mudança e seu amadurecimento, mas ainda não tinha visto ela sendo ríspida.
Na verdade, muita coisa ainda era novidade para mim. Principalmente esperar por alguém, eu nunca tinha passado pela experiência de aguardar uma mulher querer ter algo comigo, normalmente era o contrário, elas ficavam aguardando e se frustravam. A Anna era a prova viva disso e agora estava jogando na minha cara o quanto tinha me aguardado e me cobrando tempo.
Quanto tempo eu aguentaria esperar? Quanto tempo ela precisaria para me perdoar? Eram perguntas demais na minha cabeça e eu só conseguia pensar que eu queria estar com ela e eu queria viver cada fase do nosso filho, então naquele momento eu não tinha muita escolha. Mas minha cabeça pensou uma coisa e minha boca disse outra.
— Mas quanto tempo, Anna? — ela me olhou espantada e eu me xinguei de 50 nomes ao perceber que eu tinha feito merda.
— Quanto tempo eu precisar, Richard. Não vou apressar as coisas para que deem errado. Agora não somos só nós, não podemos viver como se fosse. Agora tem uma criança no meio. — ela deixou o café de lado e eu me condenei.
— Desculpa, você está certa. — segurei suas mãos — Mas come, esquece o que eu falei, tá bem? Eu to aqui até onde precisar, eu vou esperar. — eu disse mesmo não tendo certeza, mas era preciso.
Eu estava me esforçando e ninguém poderia me condenar por as vezes ainda ter dúvida das coisas, eu estava aprendendo e aquilo as vezes levava tempo. Passei muito tempo na vida adoidada sem me importar com nada e nem ninguém. Hoje, me importando com os dois, era difícil as vezes não afirmar as coisas só para que ela se sentisse bem.
A Anna ainda não confiava em mim, mesmo tendo aberto espaço, mesmo me beijando, mesmo transando comigo e me dando carinho, era nítido que eu não tinha sua confiança. Mas eu acho que a entendo, fiz muita hora, a enganei, a humilhei, a fiz de segunda opção e de amante, outra pessoa em seu lugar nem olharia na minha cara. Desconfio que se não fosse a criança ela também não. Eu tirei a sorte grande quando o teste deu positivo.
Ela voltou a comer e eu fiquei aliviado, minha incerteza não tinha a atingido, nem nunca atingiria se dependesse só de mim. Eu beijei o topo de sua cabeça e fui para o banho, lá eu podia ter uns minutos para pensar direitinho em tudo. Algumas pessoas diziam que eu abdiquei da minha vida para viver a dela, mas isso eu não me importava, valia a pena. Os anos na vida de loucura não me faziam mais feliz como estar ali quando ela chegava do trabalho e caía nos meus braços fazia.
Algumas outras pessoas achavam ótimo, meus pais achavam que eu tinha amadurecido, as pessoas do clube e os torcedores achavam que meu futebol estava no máximo desempenho, alguns amigos me achavam mais feliz, os pais da Anna finalmente confiavam em mim e acho que o pai dela nem lembrava mais do Diego, e a Anna me fazia sentir amado como eu nunca senti, mesmo com seu pé mais atrás do que na frente, ela me dava o que nenhuma outra deu.
Acho que valia a pena esperar para ter isso para sempre, pelo menos não era algo que eu ia gastaria meu tempo para ter por tão pouco tempo, era algo que ia ser meu pro resto da vida, uma família. As vezes eu me achava patético por ficar pensando nessas coisas, como eu Richard Ríos ficava durante o banho pensando em uma família, mas é aí que eu conseguia identificar o quanto mudei. Antes eu só pensava em dinheiro, mulheres e correr de escândalos. Hoje meu banho é resumido em o que vou fazer pela Anna e pelo João naquele dia, meu trabalho e o futuro.
Quem me viu antes e me vê agora deve pensar que fui trocado, me levaram pro hospital e transplantaram outra pessoa para dentro de mim. Mas foi só quando a Anna foi embora e eu não conseguia mais encontra-la para me curar que eu percebi o quão doente era. Eu gostava de alguém, eu curtia ficar com ela, mas preferia vê-la sofrer do que largar os luxos que a fama me dava. Uma mulher a cada dia não ficou tão bom mais quando ela se foi. Porque nenhuma era ela. Foi aí que eu caí em mim, o Richard estava se perdendo na loucura que tinha se tornado a vida do Ríos, eu precisava mudar não só para ficar com ela, mas para não perder quem eu era. O bebê foi só o gol a mais para que eu me esforçasse.
Quando saí do banho ela já tinha pegado no sono de novo e até assim, babando no travesseiro eu consegui achar ela linda. Eu precisava ir treinar, mas antes recolhi as coisas do café, beijei seu rosto e a barriga, e peguei seu celular colocando um despertador para que ela almoçasse. Sim, eu tinha a senha, ela confiou pelo menos para isso.
Sim, eu mudei. Era nítido, o antigo Richard deixaria tudo como estava e iria embora, ele só se importava com ele. Eu não, eu queria diminuir o esforço dela, queria que ela fosse feliz e queria ser feliz com ela e com o meu filho. Não tinha motivos para ser diferente, pelo menos eu pensava isso agora.
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Reserva- Richard Rios
FanfictionJá parou para pensar no que significa o banco de reservas? Você está ali esperando para substituir alguém, seja por performance, seja por problemas médicos ou só opção. Mas você já se viu sendo a reserva da vida de alguém? É como estar constantement...