O que tem no fim do túnel?

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Fiquei alguns minutos ali naquele corredor aplicando técnicas de respiração e quando me levantei parecia que eu tinha dado de encontro com uma parede. Foi tão forte que meu corpo voltou para trás como se fosse cair com tudo no chão. Eu só percebi que meu corpo tinha dado um encontrão no de alguém quando ele muito mais forte que eu passou um dos braços atrás de mim para me segurar.

— Desculpa, desculpa. — ele disse me soltando e consegui vê-lo de verdade pela primeira vez, não me era estranho, mas eu não saberia dizer quem era. 

— Tá tudo bem, foi eu que saí de uma vez do corredor. — sorri pra ele pra aliviar as coisas e me arrumei — Obrigada por não ter me deixado cai.— sorri novamente e me virei pra tentar achar a Bárbara, mas ele segurou em meu braço me fazendo olhar para ele novamente. 

— Qual o seu nome? — ele guardou o celular para prestar atenção em mim. 

— Anna e o seu? — estendi a mão pra ele e com a outra tirei o boné que estava gritando minha cabeça. 

— É Diego Costa, Anna. — primeiro ele me cumprimentou e depois esticou a mão tirando fios de cabelo que estavam no meu rosto. 

— Prazer! — o olhei novamente tentando me lembrar de onde eu conhecia aquela feição e aquele nome. 

— Todo meu. Desculpa novamente! Eu estava indo procurar uma água, sabe onde eu acho? — na mesma hora me lembrei de onde eu o conhecia, das milhões de imagens curtidas pelo meu pai do São Paulo Futebol Clube. 

— Acho que com isso eu posso te ajudar sim. — falei simpática afinal era o que me restava. 

Ele esticou a mão para que eu entendesse que podia ir na frente e assim eu fiz, até chegarmos no local que eu estava antes com a Bárbara e vários garçons serviam bebidas diversas a todo tempo. 

— Acho que aqui você vai achar algo que te agrade. — sorri pra ele e fiquei um pouco na ponta do pé pra procurar a Bárbara. 

— Pior que já achei, você acredita? — a malícia na voz dele fez meus pés caírem no chão na mesma hora. 

— Acho que eu não entendi, desculpa. — me fiz de desentendida. 

— Vamos conversar mais, aí eu acho que você entende melhor. — eu ia negar, não por ele não ser bonito, não por não me agradar, mas pq não estava no clima, porém a imagem do Ríos me encontrando e caminhando até mim me fez mudar de ideia. 

— Porque não né? Não estou fazendo nada e acho que você também não. — me virei pra olha-lo e me escorei em uma pilastra perto de nós. 

A partir daquele momento tentei focar minha atenção na conversa, o que não foi muito difícil, mesmo comigo sentindo o olhar do Richard queimar em minhas costas. Ele era bom de papo, bom o suficiente para o tempo passar e eu só me tocar quando a Bárbara me encontrou. 

Mas ela também não resistiu, acabou caindo na conversa também e assim fomos até quase o fim do evento. Vez ou outra eu via o Richard passar ou parar em lugar estratégico para me olhar, mas pra falar a verdade nem me incomodava tanto. Acho que tudo já tinha doído o suficiente naquela semana, acho que os momentos de pânico só percorriam meu corpo quando eu estava sozinha e sentia a solidão na qual eu havia me metido. 

— A gente podia sair, o que você acha? — a voz do Diego me acordou da reflexão e eu olhei pra Bárbara que já nem estava mais na conversa. 

— Hoje? 

— Sim, por que? Tem algum compromisso? — neguei com a cabeça — Então ótimo, me passa seu número, eu te dou um tempinho pra descansar e te busco pra gente fazer algo. 

— Ela vai demais. — a Bárbara saiu do telefone só para dizer isso. 

— Tudo bem. — eu ri um pouco e ele estendeu o telefone para que eu anotasse o número. 

Naquele instante mesmo me despedi dele. Peguei minhas chaves na bolsa da Bárbara e saí a puxando para que fôssemos embora. No caminho até o carro notei que ainda eram 18h e enquanto olhava as horas no celular fui interrompida por uma voz conhecida. 

— Vamos conversar. — ele parou na minha frente e eu segurei a Bárbara para que ela não fosse pra cima dele. 

— Licença. Não temos o que conversar, certamente tá falando com a pessoa errada. 

— Eu fui na sua casa, no seu trabalho, eu te liguei, eu te mandei mensagem. — ele passou a mão pelo rosto. 

— E nem assim entendeu que eu não tenho nada para conversar com você? — sorri irritantemente — Com licença, eu ainda tenho outro compromisso. — fiz uma força fora do normal para empurra-lo. 

— Tá saindo com alguém? — ele parou me olhando e eu fiz questão de bater a porta antes de abrir o vidro pra respondê-lo. 

— Quem sabe você não descobre por jornais ou páginas de fofoca a resposta pra sua pergunta. 

Não sei como consegui dar partida no carro, minhas pernas tremiam tanto que era quase impossível em estar pisando no pedal correto. Eu nem sei te dizer de onde tirei forças pra enfrentar ele, mas só sei te dizer que doeu, como doeu não escutar nem uma tentativa frustrada de desculpa, nem uma vez vê-lo implorar pelo meu perdão. 

Mesmo em meio a um monte de merda na cabeça eu conseguia escutar a risada da Bárbara ecoando pelo carro enquanto me imitava respondendo pra ele sobre sair com alguém. 

Ela tinha achado o máximo, chegou até a mencionar durante o caminho que ia colocar aquela na listinha de frases épicas da vida dela. Mencionou também que queria mata-lo quando escutou sua voz de vítima como ele normalmente fazia quando errava. Mas por último ficou no fato que eu tinha um encontro e por um tempo eu até tinha esquecido que havia aceitado sair com o Diego. 

— Vê se dá e não se apaixona dessa vez. 

Ela amava fazer piada pra deixar as situações mais leves e eu conseguia perceber que no fim do túnel talvez nem fosse tudo tão escuro assim. Uma luz diferente às vezes podia trazer bons efeitos para um estado mental conturbado. Era bom saber que o fim do túnel não era o fim do poço.

Reserva- Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora