Pagando com a mesma moeda

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Quando desliguei finalmente me reconectei com a realidade e percebi que eu precisava trabalhar. Fui até o quarto falar com o Lucas, mas ele já estava em pé e completamente arrumado para ir embora. 

Ele não disse nada de mais e nem questionou, apenas beijou meu rosto sorrindo e disse que depois a gente se falava. Foi tão fácil não ter que mandar ele ir, que me senti aliviada. 

O banho teve que ser rápido, o cabelo teve que ser preso, inclusive obrigada estética clean girl e a roupa não pode ser muito pensada então fui no simples, t-shirt básica branca, calça pantalona jeans, scarpin cinza, bolsa da mesma cor, o mesmo brinco da noite anterior e pé no acelerador. 

A segunda tinha sido um dia completamente normal pra mim, eu realmente parecia a Anna de muito antes, foco no trabalho, sorriso largo e sem se importar com muita coisa. Inclusive passei a noite trabalhando então quando saí do escritório às 22h foi o tempo de tomar banho e capotar. 

No dia seguinte, acordei super cedo e disposta então resolvi que era melhor gastar um pouco daquela energia na academia para que ela não fosse despejada em outro lugar. 

Na volta da academia passei na casa da Bárbara para tomar café e conversamos bastante sobre tudo que tinha acontecido, como saí super cedo pra academia tive esse privilégio. 

Voltei pra casa endorfinada, mas com a cabeça totalmente no lugar novamente. Tomei um banho relaxante e passei alguns minutos secando o cabelo antes de sair do banheiro. Eu tinha silenciado a conversa com o Richard e arquivado, o que estava me trazendo uma paz danada. No início cheguei a fraquejar querendo olhar se tinha chegado algo, mas hoje parecia tudo calmo e gostoso demais pra voltar para loucura. 

Eu teria uma reunião importante pela manhã então precisava me vestir um pouco mais arrumada, fiz uma boa maquiagem, coloquei um sleep dress preto midi com alguns detalhes de renda no busto e um pouco mais colado ao corpo e para equilibrar um maxi blazer da mesma cor, precisa deixar o look mais jovem então sandália de amarração, mas ao invés de subir a amarração pela perna a enrolei toda no tornozelo, troquei os acessórios por argolas douradas e um relógio fino, conferi o look no espelho e fui para o escritório parando na sala de reunião, antes de ir a minha, para conferir se estava tudo de acordo com o combinado. 

Fui a minha sala pela manhã só para deixar a bolsa e depois da reunião pedi a minha secretária que pedisse uma salada pra mim, pois eu não teria tempo para ir almoçar. 

Ao terminar de escovar meus dentes escutei o telefone da minha sala tocar, o que era totalmente comum, então não estranhei. 

"—  Oi. É a Anna. 

—  Anna, a Sara está no horário de almoço, por isso liguei diretamente pra sua sala.

— Celine, tudo bem, você sabe que não me importo. O que aconteceu? — sentei em minha cadeira relaxando, mas ao olhar a câmera da recepção pulei da cadeira — Pode falar pra ele subir, eu vi pela câmera. 

— Tudo bem, Anna. Desculpa novamente."

Minha porta costumava ficar aberta, eu não era de tranca-la, mas eu sabia que iria precisar, então andei até a porta e me apoiei na maçaneta esperando que ele chegasse. 

— Entra. — falei ao vê-lo e dei espaço para que passasse — Tá tudo bem? — tranquei a porta. 

— Não sei, viajei pro jogo imaginando que estava né? 

— Não entendi. — falei me sentando na beirada da mesa e cruzei as pernas, pois sabia que o movimento faria seus olhos fugirem para ela — Da minha parte tá tudo ótimo, qual o problema com a sua? 

— Eu saí com a gente bem, estando lá recebo uma mensagem super esquisita, te ligo você tá indo pra show, postando um monte de coisa e aí te ligo de manhã pra ficar bem pro jogo e quem atende é o Lucas? 

— Mas eu não vi o problema nisso tudo que você falou. — o encarei por alguns minutos e logo desviei o olhar falando — Com a gente tá tudo bem, do jeito que sempre foi, sem exclusividade, só sexo. 

— Não me pareceu isso não sábado. 

— Era o que você queria que eu achasse né? Mas que pena que eu tenho o péssimo costume de frequentar o mesmo lugar que suas "amigas" — fiz aspas com as mãos — frequentam. Pior, que eu tenho a sorte de te ver conversando com ela cheio de manhã, pedindo desculpa e mimando ela. — ele passou a mão pelo rosto rindo. 

— Você não tá com ciúmes de uma ligação né? 

— Por que eu teria ciúmes do que não é meu gatinho? — sorri pra ele e vi seu riso cessar e sua cara fechar — Pagar com a mesma moeda não é sinônimo de ciúmes, é superação, sabia? 

— Você tá diferente. 

— Que nada, é que eu te mostrei meu lado bom e bobo por muito tempo, até eu aprender que você não merecia nada além de uma sósia de você. Estou agindo igual a você. A gente fica e é muito gostoso, mas existe mais um monte de gostoso no mundo pra eu pegar também, não é assim? — estendi a mão pra acariciar seu rosto e ele a segurou se levantando. 

— Para com isso, é loucura sua...— ele se aproximou tocando minha cintura enquanto falava e eu o interrompi. 

— Homem nenhum me chama de louca, você não vai ser o primeiro, então se quiser que eu ouço alguma outra palavra que sair da sua boca, — passei o polegar por ela— trata de me pedir desculpa. 

— Desculpa. — ele disse assustado — Vamos ficar de boa, sem essa loucura. Quero ficar com você tipo sábado, sem isso tudo. 

— Devia ter pensado antes enquanto fazia promessas pra outra. — sorri — Mas relaxa, nós vamos ficar de boa sim. Só não vou ficar de boa apenas com você. — sorri novamente beijando seu rosto e vi a cabeça dele explodir assim como na noite do aniversário na balada. 

E como era gostosa essa sensação de vê-lo desprotegido e confuso. Eu era ele na versão mulher, só que sincera e sem rodeios. Fazia e falava o que queria. Tratava ele a pão de ló só para mordê-lo depois. O devolvia a moeda que ele tinha feito questão de jogar em minha cara enquanto eu só dava a ele o que de melhor eu tinha.

Reserva- Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora