Vocês já olharam para trás e pensaram que talvez aquilo que você viu ou pensou não era tão real assim? Ou que talvez você que tivesse entendido errado? Que aquela é a sua perspectiva sobre o acontecido. Chegando em meu apartamento era assim que eu me sentia, que tudo não tinha passado da minha perspectiva sobre aquela relação, que talvez eu o tivesse enxergado da forma que eu queria que fosse e não como realmente era.
O Diego realmente tinha me mandado mensagem, então eu realmente iria sair com ele. Tive pouquíssimos minutos dentro daquela casa. Foi a conta de esticar os pés um pouco, tomar um banho, retocar um pouco a maquiagem e o cabelo e vestir uma outra roupa. A química do meu cérebro tinha melhorado um pouco, mas não o suficiente para que eu conseguisse pensar em combinações, então fui no prático. Um vestido preto de golinha e mangas, com um recorte que deixava praticamente toda a barriga de fora e uma fenda na coxa direita que vinha até próximo a virilha quase. Já estava chamando atenção demais, então coloquei uma sandália de duas tiras preta e peguei uma bolsa da mesma cor do restante. Nem troquei os acessórios, os da tarde estavam suficientes para mim.
Aconteceu tanta coisa no evento, que eu nem consegui comentar com a Bárbara o quanto eu tinha o achado bonitinho e que mesmo antes dela chegar o papo estava ótimo, que ele era simpático ao extremo, mesmo com aquela carinha de bravo que muitas de nós amamos.
Então, no "encontro" não foi diferente, a conversa fluiu. Realmente conversamos, não era aquilo de contato, de visão como era com o Richard. Com ele a conversa realmente rolava, o bastante para que eu conseguisse o conhecer antes de qualquer coisa. Não era tipo te olhar é o suficiente para me interessar por você. Era diferente, talvez uma nova perspectiva. Conversar com ele me deixou interessada em saber o que mais tinha ali.
Eu queria tirar a prova de se realmente era tudo aquilo que as palavras me demonstravam. Não, a gente não ficou conversando putaria. Só aconteceu de se conectar tanto que eu podia sentir pelo seu hálito o tesão e a vontade. Não que eu queria usa-lo, mas eu queria saber como era, eu queria esquecer como era com o Richard. Então me abri, o suficiente para acordar na cama dele por 2 dias seguidos e depois mais 2 e quando percebi já fazia um mês que eu dormia mais lá do que na minha casa.
A minha cama só via meu corpo quando ele viajava, eu já até conhecia alguns companheiros de time. Era uma coisa leve, a gente curtia ficar junto e só isso, nada de cobranças ou confusões. O Richard chegou a me ligar, as vezes eu quem não estava afim de atender, as vezes eu não podia e as vezes a Bárbara atendia só pra ter o prazer de desligar na cara dele. Ele não apareceu na minha casa, pelo menos eu não tinha visto, se apareceu foi quando eu não estava lá.
Mas já tinha uns dias que eu estava tendo paz. Mas eu sabia que não duraria muito quando recebi a mensagem do Diego enquanto eu estava no trabalho.
"Quer ir no choque-rei?
Vc nunca foi me ver jogar
Vamos?
Seu pai vai ficar orgulhosão da filha de camisa do São Paulo kkkk"
"Que dia?"
"Domingo, as 16h"
"Tudo bem"
"Quer levar meu sogrão?"
"Mané sogrão, Diego kkkkk
No máximo vou levar a Bárbara"
A resposta dele foi algo animado sobre eu ficar uma gatinha com a camisa tricolor do São Paulo no MorumBis. Ainda estava na sexta-feira então eu teria certo tempo para me acostumar com a ideia até domingo. Chamei a Barbara, porque não iria sozinha, nem a pau, se eu me enfiasse em merda levaria ela junto. Coitada, mas prima era para isso.
Talvez você não esteja entendendo para que tanto medo, mas depois de um mês era a primeira vez que eu ia ter algum contato mesmo que mínimo, inexistente ou muito distante (até porque tudo naquele estádio fica bem longe) com o Richard, mas teria. E o Diego ainda não sabia que esse deslize tinha acontecido em minha vida e se dependesse de mim não saberia.
Domingo pareceu chegar voando, quando eu vi já estava saindo do almoço de família para poder ir pro MorumBis. A Bárbara já era a decepção do pai dela, tinha vestido mil camisas e nenhuma era do Corinthians. O meu pai nunca soube que fui no Allianz, então eu estava no lucro. Era a filhinha preferida saindo do almoço para poder ir assistir o choque-rei no MorumBis com a camisa do time do coração dele.
Eu levei a roupa para trocar na casa dos meus pais mesmo, coloquei a blusa que o Diego tinha me presenteado e era uma camisa feminina, então se tratava de um baby look, ou seja, pequena. O suficiente para ficar mais apertado em mim e mais curta, mesmo tendo emagrecido. Mas resolvi não trocar, só vesti uma calça jeans cintura baixa e com o shape mais largo para balancear. O sol estava ajudando naquele dia, então presumi que eu não precisaria de uma blusa de frio ou uma segunda pele. Calcei o tênis do dia em nos conhecemos e decidi que não levaria bolsa, só meu celular, um gloss e a chave do carro no bolso mesmo.
Eram perspectivas totalmente diferente do que eu tive com Richard do que estava acontecendo com Diego, em tudo, inclusive no gol feito no primeiro tempo e claramente dedicado a mim, ou na espera do fim do jogo por um abraço tão forte que parecia descarregar tudo que ele estava sentindo naquele momento. O jogo não tinha terminado como ele queria, não era o pior dos mundos um empate, mas o sorriso no final era reconfortante.
Enquanto conversávamos vi os jogadores do Palmeiras começarem a entrar no ônibus, o que fez meu coração gelar um pouco. Eu o vi e vi que ele me viu também, até se desconcertou enquanto entrava. Mas já disse é tudo questão de perspectiva, agora já nem me incomodava tanto mais. Porque eu via aquilo dentro de um abraço que realmente me queria nele. Talvez o incomodasse saber o porque eu não o respondia mais, talvez ele tivesse saudades, mas é tudo talvez. A minha perspectiva desintoxicada não permitia que eu afirmasse nada sobre ele, só sobre mim.
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Reserva- Richard Rios
FanfictionJá parou para pensar no que significa o banco de reservas? Você está ali esperando para substituir alguém, seja por performance, seja por problemas médicos ou só opção. Mas você já se viu sendo a reserva da vida de alguém? É como estar constantement...