O domingo foi exatamente como você já sabem, conversa e o término dele com o que a gente faz de melhor: transar. Na segunda e na terça foram dias complicados para mim, eu fiquei doente e não tive forças nem pra ir ao escritório, só fui realmente acordar melhor na quarta.
Então eu precisava dar uma atenção no trabalho e de noite iriamos ao Allianz assistir Palmeiras x Bahia, como eu havia prometido ao Richard, mas chamei meus amigos metendo o migué de que eu havia recebido convite de um cliente do escritório, mesmo o Lucas já tendo me visto com ele. E eu sabia que ele não havia engolido a história, mas aceitou calado sem questionar, pois sabia que eu não queria contar aquilo naquele momento para as meninas.
Quando eu acordei me sentindo melhor dei graças a Deus, fui direto para o banho e quando saí procurei alguma roupa fácil, pois eu queria passar em uma cafeteria antes de ir ao escritório. A roupa fácil era um macacão frente unica e com costas nuas jeans, uma sandália de tira preta, oculos, argolas douradas e fim. Passei em uma cafeteria próximo ao escritório e comprei cafés e alguns croassaints, rosquinhas e pães de queijo para levar para o pessoal. Eu fazia questão de saber o que cada funcionário meu gostava, é um costume que eu quis ter, por saber como era a vida de um empregado nas empresas por aí.
Quando cheguei na empresa, pedi ajuda as meninas da recepção para levarmos para cozinha e avisei no grupo da empresa para cada um ir pegar o seu, peguei o meu e subi para o escritório. Os momentos passaram devagar durante o dia, foram muitas reuniões que ocuparam praticamente toda a minha agenda. Quando o relógio bateu 15h, resolvi que era melhor eu ir para casa me arrumar, já que o jogo era às 19h30 e eu acabaria me atrasando.
Chegando em casa tomei um banho rápido e me negava vestir a camisa, mas acabei aceitando, já que ele tinha feito questão de me enviar uma camisa dele. Coloquei uma calça jeans de cintura baixa, a camisa prendendo a lateral no sutiã, um tênis areia, peguei uma bolsa da de sovaco da mesma cor do sapato, arrumei alguns cachos que eu tinha feito no cabelo, um pouco de maquiagem e desci esperando o Lucas e as meninas na porta do prédio.
Eles chegaram era por volta de umas 17h, animados até demais, parte porque alguns deles eram palmeirense, parte porque eles não podiam ver uma oportunidade de sair e beber cerveja que se animavam. Entramos pelo estacionamento, pegamos as credenciais direitinho e subimos pros camarotes. Durante todo o jogo eu me senti uma idiota, pois meu coração doía só de vê-lo receber alguma entrada mais forte. Os meninos estavam se divertindo aos montes e a Clara e Bárbara fofocavam o jogo inteiro.
O primeiro tempo passou rápido e o Palmeiras já estava ganhando de 2x0, durante o intervalo as meninas resolveram questionar.
— Quem te deu mesmo as entradas? — vi o Lucas me olhar cruzando os braços e parei de beber a água respondendo.
— O Carlos, ele ganhou da crefisa. — menti como eu tenho feito e muito.
— E a camisa? — a Bárbara perguntou.
— Eu ganhei naquele incidente lá da festa beneficente. Não te contei? — bebi mais água vendo os olhos do Lucas se estreitarem.
— Não contou.
— Pra dormir. — completei e ela deu de ombros indicando que não fazia diferença naquele momento.
Eu dei graças a Deus quando ouvi o apito indicando o início do segundo tempo, me sentei e me contentei em assistir calada, vendo-o fazer um gol. Eu não consegui distinguir de longe do que se tratava sua comemoração e naquele momento nem dava muito importância, mas só mais tarde eu fui perceber que deveria.
Com o apito do fim do jogo, que terminou em 3x1 para o Palmeiras, os meninos ficaram conversando enquanto enrolavam para descer, eles cismaram que queriam ficar pra tentar tirar foto com alguns jogadores e nós aceitamos, já que estávamos de carona e morrendo de vontade de parar em algum lugar para comer depois dali.
Enquanto esperávamos olhei meu celular na esperança de receber alguma mensagem, mas não se concretizou. A última mensagem dele tinha sido na segunda quando enviou a camisa para minha casa. Depois disso ele tinha desaparecido e talvez tenha até esquecido que eu viria ao jogo hoje, como ele mesmo havia pedido. Não vou negar que eu queria atenção, mas eu também já estava me acostumando a tê-la por pouquíssimo tempo.
Meus olhos só voltaram para realidade quando escutei chamarem o seu nome e como já estava virando costume, ele não estava sozinho. Olhei para garota, para ele, depois para garota novamente e meu único instinto foi abaixar o olhar. Ele realmente não se importava em ter me feito o convite e estar com outra, porque veio até nós com o chamado dos meninos a trazendo sem a mínima vergonha. Não era como das outras vezes que eu havia o visto com outra, essa era diferente. Ele quem havia me convidado e ele não estava nem um pouco incomodado que eu o visse com a tal garota em questão.
A mão do Lucas tocou minhas costas me fazendo olha-lo e eu sorri para ele, o sorriso mais falso que eu pudesse dar para que ele sentisse que estava tudo bem, mesmo não estando, porque dessa vez havia me incomodado como nunca incomodou. Talvez eu estivesse saindo do propósito e estivesse criando sentimentos, eu me sentia fraca e ingênua e mesmo com os braços do Lucas me abraçando naquele momento era como se eu não estivesse ali. Eu estava num purgatório, pagando por tudo que eu não havia feito ou que eu havia deixado acontecer.
Foi um convite duplo e o meu era o mais sem importância para ele, já que ele não havia feito questão nem de dizer um simples "oi", ele apenas tirou a foto com meus amigos e foi embora sem se importar e sem olhar para trás. Levando de personalizado da festinha criada por ele um pedaço de mim e da minha felicidade.
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Reserva- Richard Rios
FanfictionJá parou para pensar no que significa o banco de reservas? Você está ali esperando para substituir alguém, seja por performance, seja por problemas médicos ou só opção. Mas você já se viu sendo a reserva da vida de alguém? É como estar constantement...