Depois de pouco tempo ali escorada no bar vi a Bárbara caminhando no meio da multidão pra chegar até mim. Quando ela finalmente chegou até mim estendi o copo a ela que negou veemente pedindo algo com gin. Gin era fraco demais pro meu estado atual. Dei de ombros e ouvi ela comentar meia dúzia de palavras sobre o trio em questão perguntando se eu não os achava interessante.
— Bá, vai por mim. Jogador só serve pra aquele tipo de menina, que não liga de ser só uma transa. A gente já beija pensando no depois. — ela riu balançando a cabeça e perguntou.
— Mas você não tem curiosidade? Não faz teu tipo?
— Pareceu fazer ou deu pra entender que aquilo não me atraía quando eu saí de lá pra ir pegar uma bebida?
— Acho que deu para todo mundo perceber que você não tava afim, mais fria que o ar de São Paulo no inverno. — balancei a cabeça concordando e passei meus lábios pela beirada do copo observando a festa antes de finalizar.
— Mas se você quiser nada contra, super te apoio.
Ela se limitou a rir e quando encostei novamente meus lábios no copo vi os olhos dele me procurarem pela festa e antes que eles encontrassem os meus me virei de costas, demonstrando total pavor a qualquer contato com ele.
Meu celular dentro da bolsa continuava vibrando e eu estava prestes a jogá-lo longe, mesmo sabendo que só bloqueá-lo resolveria. Foi quando insistentemente eles chegaram próximos a nós puxando assunto, eu que estava sentada bebendo meu sei lá qual copo de whisky continuei imóvel, foi percebendo meu desinteresse que eles me colocaram na conversa.
— Anna né? — o Piquerez perguntou e olhei pra ele por um segundo concordando — Não tá gostando da festa?
— Estou sim, não parece? — ele ainda tinha alguns traços do sotaque espanhol diferente do Richard que resolveu que hoje deveria falar comigo.
— Nem um pouco, quer pisar no meu pé de novo pra ver se tudo melhora? — fingi rir e ele cruzou os braços percebendo que eu estava forçando.
— Não, não. Não sou fã de fazer a mesma coisa duas vezes.
Minha resposta foi suficiente para mudarem o rumo da conversa, eu estava amarga. Vim para me divertir e estava odiando tudo aquilo, eu precisava achar uma saída. Mas qual? Continuei sentada escutando eles conversarem quando senti um braço passando pela minha cintura e me tirando no banquinho, quem também olhou foi o Richard e eu percebi pela tensão da sua mandíbula que aquilo não estava o agradando.
Era o ex de férias com o ex Cléber Zuffo, como eu o conhecia? Ele já tinha feito alguns trabalhos com a minha empresa pra um cliente nosso. Era a fofura em pessoa e na maioria das vezes era esse tipo de homem que eu atraía.
Sorri para ele o cumprimentando e me virei o abraçando. Eu conseguia ver de canto de olho o Richard não tirar os olhos de nós e sua mandíbula cada vez se tencionar mais e se não fosse a música podia jurar que estava ouvindo seus dentes rangerem.
O Cléber estendeu a mão cumprimentando a Bárbara de longe e só acenou com a cabeça para os meninos e foi ali que eu encontrei uma saída. Eu precisava sair um pouco dali tava me incomodando estar perto dele e complicando cumprir minha palavra.
— To precisando de uma bebida, vamos pegar? — ele apenas concordou acenando com a cabeça e me puxando no meio dos convidados.
Fomos até o bar conversando com certa dificuldade pelo barulho e ele continuava a mesma pessoa, brincalhona e fofíssima. Pegamos uma bebida e ficamos conversando num canto próximo ao bar.
As horas passaram rápido e vez ou outra eu encontrava com a minha prima, ficávamos um pouco juntas, mas logo o Cléber me chamava pra irmos a algum lugar. O ponteiro corria veloz, mas nada o fazia chegar em mim de forma efetiva, era só algumas indiretas e eu estava quase o puxando pra que ele as concluísse.
Já passavam de meia-noite quando ele finalmente se aproximou para me beijar, eu até poderia dizer se o beijo era bom ou não, me causava coisas boas ou não se uma mãos apertando minhas bochechas não tivesse me tirado do beijo pouquíssimo tempo depois dele ter começado. Os dedos dele apertando minha bochecha doíam, me machucavam e eu me debatia tentando empurrar o braço dele em vão. O Cléber tentou me ajudar, mas eu coloquei a mão no seu peito e a Bárbara o puxou entendendo que eu era perfeitamente capaz de resolver aquilo.
Só quando meus olhos encheram de água foi que ele largou minha bochecha percebendo que estava me machucando. Ele me abraçou rápido pedindo desculpas e eu só queria que ele se afastasse.
— Tá tudo bem, me larga por favor.
— Me desculpa. — ele me apertou mais.
— Já desculpei.
— Então podemos conversar. — neguei — Por que?
— Eu só não quero, não vai resolver.
— Dois minutos, eu juro que paro de ficar atrás assim que conversamos. — ele indicou a área de fumantes com o dedo.
— Dois minutos. — repeti e caminhei até a área com ele atrás de mim.
— Você está linda.
— Obrigada! — cruzei os braços na altura dos seios me encostando na parede e ele tentou se aproximar, mas o impedi com uma das mãos.
— Por que não tem me respondido. Te mandei mensagem o dia inteiro.
— Tem certeza que você não sabe? — ri passando o polegar pelo meu lábio inferior e ele acompanhou o movimento com o olhos mordendo seus lábios.
— Não. — ele disse ainda olhando pra minha boca e eu gentilmente levantei seu rosto o fazendo olhar para meus olhos.
— Talvez, só talvez eu não esteja mais afim. — sorri tentando dar credibilidade as palavras que saíam da minha boca.
— Mas por qual motivo?
— Insensibilidade, falta de caráter, imaturidade, posso escolher mais palavras se essas não forem suficientes.
— Mas e o nosso sexo? — ele colocou as palmas das mãos uma de cada lado da parede me prendendo entre ele e ela.
— Sexo não é nada sem conexão. Você me mostrou ontem minha total insignificância para você e eu estou te retribuindo. — sorri mais uma vez e parecia que eu tinha explodido a cabeça do colombiano com um dialeto num escutado por ele, era como se eu tivesse o deixado tonto só com palavras.
Ele cambaleou, não era muito bom com mulheres que o enfrentavam de frente, muito menos com aquelas decididas a o fazer totalmente um nada em suas vidas. Eu conseguia ver o reflexo em seus olhos de confusão, de inquietude e constrangimento. Tudo que eu precisei fazer é ser uma garota de palavra, uma garota de promessas.
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Reserva- Richard Rios
FanfictionJá parou para pensar no que significa o banco de reservas? Você está ali esperando para substituir alguém, seja por performance, seja por problemas médicos ou só opção. Mas você já se viu sendo a reserva da vida de alguém? É como estar constantement...