Mente por mim

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— Qualquer coisa você diz que a gente namora. —  ele riu e beijou meu rosto — Assim você evita de responder perguntas.

— Você falou sério? —  olhei para ele incrédula. 

— Sim, eu falei. O que que tem?

— Sei lá, é chato mentir. — virei o rosto para olha-lo direito.

— E eu não ligo, é uma mentira que eu até queria que fosse verdade. 

Foi aí que eu desmaiei e dormi.  Tá, não foi bem assim, eu comecei a abrir boca para não ter que responder, saí do seu colo para me deitar ao seu lado e coloquei a cabeça em seu peito. Rapidinho dormi mesmo, não era um assunto desejado por mim e ele entendeu, tanto que me fez o carinho no lugar certo para que eu pegasse no sono.

Ele estava me dando espaço e eu muita abertura para ele, eu sabia que os beijos, o sexo e toda intimidade fariam a conversa chegar nesse ponto um dia, mas para mim tava cedo. Eu confiava no Richard pai, mas ainda tinha medo do Richard homem. Sei que eu nunca vou saber se não tentar e também sei que ele tem me dado N motivos para tentar com ele. Mas eu preferia esperar. 

A terça foi um dia normal nas nossas vidas, a única diferença é que o Richard não dormia em casa, então eu passaria a noite inteira sozinha ou quase isso, já que passamos horas no telefone até que me desse sono. Segundo ele, era a garantia de que eu não ia fazer nenhuma outra presepada. Mas a verdade, é que sempre que estava na concentração ele me ligava, para garantir que eu não me sentisse sozinha. As ligações demoravam mais quando meus pais não podiam vir passar um tempo comigo de noite. 

A Clara e a Bárbara vinham também quando ele não estava, mas menos, porque as duas me deixavam zonza de tanta falazada, então eu preferia ficar sozinha as vezes, elas vinham mais quando era fim de semana. Durante a noite eu ficava um porre. 

Na quarta já acordei sabendo que teria que me preparar para fazer as vontades do Richard e que teria que me enfiar naquela camisa horrorosa, só para agrada-lo. Ele merecia ser agradado. Mas antes eu precisava cumprir minhas obrigações na empresa. Estava sem inspiração para me vestir, então coloquei um vestido canelado creme e um blazer caramelo, hoje o salto não ia entrar na minha vida, já que eu teria que passar mais tempo longe da minha cama. Calcei um tênis e peguei minha bolsa. 

O pessoal na empresa já tinha cansado de especular quem era o pai, alguns até afirmavam com todas as letras que era o meu ex e eu não ligava mais. Achava normal, pessoal de comunicação era assim. Um dia até me diverti com o bolão sem pé nem cabeça que tinham feito e me chamado para participar. Eu podia ter entrado ia ganhar uma puta de uma grana em cima dos otários. Mas estava tudo bem, não passava dos limites, era apenas a curiosidade normal do ser humano e que eu sabia que ia acontecer. 

A barriga já estava grande, afinal eu estava beirado os seis meses e isso me deixava ansiosa, eu queria muito ver a carinha do João e ao mesmo tempo queria me ver livre do barrigão que as vezes atrapalhava. No entanto, eu entendia, tudo no seu tempo. 

As horas no trabalho foram rápidas e eu deveria ter pensado em levar as coisas para o escritorio e me arrumar em meu banheiro. Ele tinha chuveiro, então eu poderia até tomar banho. Só que eu ia ter que carregar o mundo para lá e eu só gostava de carregar o mundo quando o Richard carregava por mim, tirando isso dava vontade de ir com a menor bolsa possível para lá. 

Fui para casa pouco tempo após o almoço, o jogo era as 19h, então eu não poderia ficar na empresa até tarde. Enquanto estava lá comi, mandei mensagem para ele desejando boa sorte, arrumei umas coisas nossas que estavam jogadas e por volta das 16h fui tomar meu banho. Ainda estava extremamente incomodada com o fato de vestir aquela camisa com as fotos dele estampadas, mas eu faria, por ele. Mesmo que falassem. 

Ainda estava na vibe do não inventar muito, porque estava com preguiça, coloquei a camisa prendendo a lateral no top, vesti uma calça jeans super larga que era cintura baixa então ainda me cabia e calcei o tênis que estava cedo. Me maquiei rápido e só alinhei o cabelo com um óleo. Troquei a bolsa de cedo por algo pequeno e fácil de carregar, peguei uma jaqueta para caso sentisse frio e fui pegar o trânsito até o Allianz. 

Cheguei cedo, cedo o suficiente para ser notada, infelizmente. Enquanto entrava para um dos camarotes me pararam, me pararam para cumprimentar, ver a barriga e fazer a tão temida pergunta, pelo menos eu achava que seria. 

— Nossa, sua barriga tá linda. —  a mulher ainda desconhecida falou.

— Obrigada! —  respondi sorrindo.

— Desculpa, te abordei do nada né? É que o Richard tinha mostrado foto para gente, falou que era namorada dele. É você né? Eu presumi pela camisa. 

Falou que era namorado dele? O que eu falava? Lembrei dele na noite de segunda dizendo que queria que fosse verdade e eu não o faria passar por essa de desmenti-lo. Então menti. Menti por ele. 

— Sou eu mesmo. 

Nem a minha risada sem graça e nem minha fala a seguir me fizeram esquecer daquilo. Ele não tinha pedido para mentir por ele, mas eu me sentia na obrigação, mas talvez ele tivesse falado para que eu não ficasse constrangida. Ou talvez a gente só quisesse aquilo e ficasse esperando para falar um pro outro. Mas ele não esperava para falar com os outros. Então só me restou mentir por ele.  

Reserva- Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora