Visitas e mudanças

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Para mim estava mais do que óbvio que com o Richard ou não eu teria que mudar novamente, era inviável, tínhamos só dois quartos e eu nunca conseguiria receber visitas ou fazer algo com as minhas amigas, porque não podiam dormir por ali. A ultima vez que meus pais dormiram na minha casa, porque o Richard estava viajando e insistiu que eles dormissem lá com medo que eu desse a luz prematuramente, minha mãe dormiu na cama comigo e meu pai dormiu no sofá. Era inviável morar ali, ainda mais com uma criança. 

E isso ficou ainda mais claro quando os pais dele vieram da Colômbia para esperar o nascimento do neto, eles tiveram que ficar no apartamento do Ríos, porque onde morávamos era impossível. Não que eles aparentassem gostar muito de mim, mas eu também não julgava, era o filho deles, mas também não demonstravam desgostar. Me tratavam bem, mas sem muito carinho. Eu também não tinha o que reclamar estavam ali por dois motivos: o Richard e o neto. Eu só estava no meio do caminho mesmo. Então dormir em casas diferentes foi ok, mas desconfortável, eu sentia que podia parecer que não eram bem vindos na nossa casa e aquilo me incomodou profundamente.

A ponto de ligar correndo para imobiliária e pedir socorro, eu precisava mudar e precisava urgente, não poderia passar daquela semana, se não eu acabaria parindo e sem lugar para morar. A minha corretora era gentil, o suficiente para entender meu estado e minha urgência devido a gravidez. Então me ligou no outro dia para que fossemos visitar alguns espaços. É eu tinha chamado o Richard para ir, afinal não parecia ser intenção dele sair do meu apartamento. Eu também precisava de uma segunda opinião e não estava com muita paciência para os cálculos mirabolantes do meu pai, então ia ele mesmo. 

Depois do treino ele foi me buscar, mas antes deixamos os pais dele com os meus pais para que ficassem entretidos enquanto rodávamos o mundo atrás de um lugar descente. Nem tínhamos conversado nada, mas o Richard fez uma exigência. Tinha que ser perto do centro de treinamento para amenizar o tempo que ele gastava de trânsito, acatei. Mesmo que ele não morasse lá, passaria bastante tempo por causa da criança, então era o justo. Posto principalmente que eu  passaria mais tempo de home office do que na empresa. 

Gastamos praticamente toda a nossa tarde olhando lugares, meus pés já doíam tanto que eu estava pedindo socorro, só havíamos parado para comer, porque eu tinha reclamado de fome. Quase no último dos imóveis separados pela corretora achamos um que atendia a praticamente todas as nossas exigências. Isso, nossas, porque a partir do 3º apartamento o querido pai do meu filho começou a ter a exigências dele também. Tinha 4 quartos, um closet, área de lazer, era perto do CT, tinha uma quadra, porteiro 24h, uma área gourmet. Estava tudo quase perfeito. 

Acabei escolhendo só apartamentos também, mas que tinha áreas de lazer para que a criança pudesse correr e viver em paz. Casa apesar de ótimo dava muito trabalho e muitos custos, eu estava prestes a ter uma criança meus custos iam acabar indo todos para ela. Por fim, nem quis olhar mais imóvel nenhum, só queria fechar aquele e poder me mudar o mais rápido possível. 

Nos dias seguintes as visitas a corretora me ligou falando que tinha sido aprovado e eu imediatamente liguei para minha designer de interiores e pedi socorro para ver o que podíamos aproveitar do antigo apartamento e o que de novo teria que comprar. Lá ia eu mexer de novo no quarto do bebê.

Dessa vez eu não mexi com nada, mal mal ia observar com estavam as coisas, enquanto isso eu ficava na casa dos meus pais e o Richard no apartamento dele. Era um processo demorado, principalmente que no quarto do bebê demandou muita mão de obra e as organizes tinham meu closet, que além das minhas coisas também tinham coisas do Richard, o guarda-roupa e a cômoda do bebê, os armários da cozinha e as coisas do escritório para deixar organizado. Eu estava gastando uma fortuna, eu sabia, mas eu tinha que dar graças a Deus por ter trabalhado tanto e hoje ter condições daquilo tudo. Era loucura, mas era pelo bem da família que eu queria estabelecer. 

Eu vi pouquíssimo as visitas naquele processo e para falar a verdade era melhor, eu estava estressada e sem espaço, não queria correr o risco de descontar nos outros. Eu nunca tinha sido assim, mas os hôrmonios estavam me matando e vez ou outra sobrava pros meus pais. Depois minha consciência pesava e eu pedia desculpas. Até o Richard estava amando não sobrar para ele, ao ponto de eu ter contado o que tinha acontecido e ele responder. 

" ainda bem q n sou eu 

deixa pra eles

foi eles que fizeram

quem pariu matheus que balance"

Eu tinha ensinado essa expressão para ele e agora tudo era motivo para que ele usasse, até com ele mesmo quando ele reclamava que estava cansado.

— No, tô quebrado, mas quem pariu Mateus que balance, né não? 

Quando as coisas finalmente ficaram prontas, a jato, na beirada das quarenta semanas, eu percebi o quanto Deus era bom para mim, aquilo era algo quase impossível e ele tinha feito. Assim como o Richard, na minha cabeça e na cabeça de muita gente, aquele homem mudar não tinha como, ele precisaria nascer de novo. Mas nada é feito por acaso, eu tinha dentro de casa um homem totalmente diferente do que tinha me feito sofrer e eu finalmente estava me sentindo segura perto dele. 

Minhas visitas finalmente puderam vir ficar com a gente e aquilo era um alívio, ali eu conseguia ter certeza que estavam sendo bem tratados e que eu estava dando o melhor de mim para que pudesse se sentir confortável. Foi aí também que eu pude começar a conviver mais com eles e dar a certeza de que eu não tinha interesse nenhum no dinheiro do filho deles, eu tinha o meu. A única coisa que me interessava era ter o Richard homem e pai ao meu lado, não o jogador. 

Reserva- Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora