Não ficaríamos juntos essa noite, o Diego estava super cansado e eu ainda precisava fazer muita coisa antes de ir dormir, já que no dia seguinte eu viajaria a trabalho, seriam só dois dias, mas ainda sim tinha mala para fazer, trabalhos para organizar, cabelo para lavar. Enfim, coisas demais para eu obriga-lo a me acompanhar cansado.
Antes de ir realmente me dedicar aos milhares de afazeres paramos para comer, mas foi tão rápido que eu parecia ter engolido tudo sem mastigar, quase me sentia com náuseas. Corri para casa já pensando em tomar um remédio para digestão. Mas minha correria foi totalmente interrompida na porta do meu apartamento.
Lembrei: eu tinha esquecido de avisar que não podia mais deixa-lo subir, pelo menos não sem comunicação.
— Não posso conversar agora. — falei antes mesmo que ele pudesse abrir a boca.
— Já faz um mês que você não pode conversar.
— Tá contando? — ele revirou os olhos e meu estômago revirou junto — Mesmo assim não entendeu ainda que não temos o que conversar. Além de tudo é burro. — girei a chave na porta e quando entrei já a fechando ele a segurou.
— Só dois minutos.
— Eu não posso.
— Por que? — ele me olhou empurrando mais a porta.
— Numa boa, eu não quero não. Não quero nada de você, será que você pode respeitar? — ele ignorou.
— Está namorando? Faz quanto tempo? Você me julgava e saía com nós dois? O gol foi para você? Cadê ele? — ele seguia cheio de perguntas e eu só consegui colocar as duas mãos em sua boca para que ele parasse.
— Não é da sua conta, porra. Eu não saía com ninguém não, eu te julgava, porque você me cobrava e fazia tudo errado. Mas sério, não sei porque você tá aqui, só que eu não posso te ajudar no momento. — forcei a porta contra ele e ele forçou de volta, o que me fez tirar logo a mão, já que doía bastante.
— Te machuquei? — ele se aproximou e eu me afastei.
— Não, tá tudo certo. Mas vai embora! — olhei nos seus olhos na tentativa que ele entendesse que era sério, mas não valeu de nada.
— Vem, deixa eu te ajudar. — ele aproveitou para entrar de vez no apartamento e fechar a porta.
— Eu não preciso de ajuda, só quero que você vá embora. — falei dessa vez o empurrando para que não encostasse em mim.
— Por que? Tá apaixonada por ele? — ele se aproximou novamente tentando testar meus limites.
— Eu estou é com nojo de você, isso sim. — ele se assustou — Vai embora, você não vai conseguir nada aqui. — abri a porta novamente, mas dessa vez nem o olhei, apenas escorei a cabeça na porta e esperei todos os minutos necessários para ele se tocar e sair dali.
Foram minutos perturbadores, eu me sentia forte para enfrenta-lo, mas ao mesmo tempo inquieta e com um pingo de saudades lá no fundo. Em mais de um mês é a primeira vez que realmente tínhamos uma conversa, já que no evento eu não considerava as meias falas um dialogo. Era estranho, fazia tempo, a voz já não me causava somente desejo, causava repulsa também.
Não demorei para me recompor, não contaria para Bárbara, afinal ela era maluca. Ia me mandar trocar de prédio. O prédio? Mandei mensagem na mesma hora para os dois porteiros que se revezavam e informei que ele não podia mais subir sem minha autorização. No serviço já estava estipulado: chegou é só falar que eu não estou. Eu estava me blindando de todos os jeitos e esperava que desse certo.
Para acalmar um pouco meu coração, enquanto arrumava minha mala o Diego me ligou, ficamos conversando de vídeo enquanto eu fazia tudo que tinha para fazer e pela primeira vez depois de tudo que tinha acontecido com o Richard senti meu coração bater um pouquinho mais forte, quando em meio a uma brincadeira ele disse que sentia minha falta na cama. Eram só dois dias, mas aquilo me fez balançar e ao mesmo tempo pensei: por que com ele eu não tenho medo de sair e dar espaço na cama para outra?
Será que eu confio tanto assim nele ou será que eu nem gosto dele como eu estava aprendendo a gostar do Ríos? Eu não sei, só sei que eu não tinha medo, nem disso e nem de não nos assumirmos, tudo era tão leve que nesse um mês nem consegui pensar em status. Mas o que eu queria ser dele? Eu precisava pensar, aquela viagem seria boa para notar certas coisas.
Ele acabou adormecendo com o celular na mão quando eu estava terminando de secar meu cabelo, o que era extremamente fofo. Mesmo cansado ele ficou ali até que eu fizesse tudo que eu tinha para fazer, era até um pouco clichê. Mas o clichê as vezes era muito bom.
Naquela noite parei para pensar, existem duas Annas depois do Richard. Primeiro a obcecada, que se entregou, que se abriu, que se permitiu, que se humilhou, mas que sofreu, sofreu como nunca tinha sofrido, parecia até mesmo um relacionamento. Essa Anna se encantou desde o pisão no pé, tanto que ficou cega, cega o suficiente para imaginar o que estava longe de ser real.
A segunda aprendeu. Aprendeu que com ele palavras nunca eram promessas, eram apenas palavas. Tudo vazio, vazio o suficiente para que ela começasse a estranhar o que era cheio, como se a vida dela fosse sempre como era com o Ríos. Essa Anna não estava disposta a ficar mais naquele lugar, tava longe de querer ser o banco novamente. Mas será que para sempre?
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Reserva- Richard Rios
FanfictionJá parou para pensar no que significa o banco de reservas? Você está ali esperando para substituir alguém, seja por performance, seja por problemas médicos ou só opção. Mas você já se viu sendo a reserva da vida de alguém? É como estar constantement...