A jovem trigueira espreita por cima do ombro e vê a sua amiga, a única que se salva numa família de lesados. Rita com o seu vestido folhado cor de rosa claro, um laço branco e um chapéu de palha sobre a cabeça, a ampara para que a sua amiga não caia ao chão.
— Matilde, — a chama docemente, com um sorriso na ponta dos seus lábios — está tudo bem?
A pastora sente-se segura, se bem que a cabeça girava como um motor de uma hélice se tratasse. O jovem advogado sai do tribunal e caminha elegantemente por metrópole, com saudades de outros tempos da sua juventude, quando ao longe vê a silhueta da sua irmã, com a pastora. Aproxima-se das moças:
— Bom dia, — cumprimenta com o seu melhor sorriso. — Está tudo bem?
Abraça Rita a sorrir, a pastora ergue a sobrancelha, a outra perscruta-o em silencio, e dá-lhe um beijo de bom dia na face, perguntava-se no seu coração se ele estaria bem ou se era apenas uma das suas muitas máscaras, que ele tinha para esconder os seus sentimentos em relação a tudo o que se passa em sua vida.
— Posso saber o quê foi feito de ti, esta manhã, — pausa — a não ser que te fosses embora?
Fernando não conta com a frontalidade de sua irmã, na presença da pastora, que o encara. Embora, o objetivo de Rita seja em ajudar o seu irmão com Matilde, esteja cumprido. De acordo com a jovem, Matilde nasceu para Fernando, e era dela que ele precisa.
— Por acaso, não sabes que me preocupo contigo, maninho? — Declara Rita em tom de seriedade.
De modo a que o seu irmão não descubra desde logo que ela o ajuda, embora; ache que não adiante muito, porém; valeria o risco tentar. Assim, dava a Matilde as informações necessárias, de onde o encontrar caso precise.
A pastora julga-se a mais, e despede-se de ambos, fazendo menção de se dirigir à feira, de repente, Fernando sem querer toca-lhe no braço e olham nos olhos um do outro. Fernando sente o toque macio e suave da pele da pastora, que automaticamente se arrepia, e a vê a corar. Ao passo que Matilde, baixa os seus olhos vendo o braço de Fernando junto ao dela, morde o seu lábio inferior e fica ruborizada, ergue os seus olhos e o vê a sorrir.
— Des-Desculpa — gagueja — não foi por crer.
— Tah-tah! — pausa — eu tei, qui dizir nã tei... oh, Deus, o que eu digo.
*
Adão Bugalho é um viúvo que em tempos habitara a aldeia da Cordilheira Central, nos Altos dos Moinhos, é católico como convém ao povo da aldeia, desde que se entende por gente nunca faltou a uma missa, mas, no tempo em que Malco se foi embora, também lhe seguiu os passos, com a sua família.
— Sebastião, meu filho, tenho de te falar.
Estavam sentados à mesa, Sebastião permanecia sentado ao lado de seu pai, saberia o assunto que ele tinha a conversar.
— Diga, — pausa — pai?
No entanto, já saberia onde o seu pai queria chegar, pois, agora acabaram-se as suas desculpas para não trabalhar com ele, ao passo que Adão traga um gole de vinho puro sorrindo das caras que seu único filho lhe faria.
*
No armazém, há segunda é sempre pouco movimentado, o homem tacanho parecia ferver em banho maria, dado ao seu suor a lhe escorrer pelas faces abaixo, precisa de se acalmar urgentemente, se não está a ponto de perder tudo, até a vida, às mãos de Malco, ouve o seu irmão ao longe a rir de si a bandeiras despregadas, até Júlia o abandonaria depois de se provar que era pouco homem, para gerir a justiça na aldeia, se nem é capaz de resolver intimidar o homem de ombros largos para que faça o que tanto quer.
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Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também Choram
Literatura FemininaSinopse: O Doutor Fernando regressa enfim de Coimbra, o seu coração destroçado e pronto para se isolar numa aldeia remota. Só um verdadeiro amor é capaz de o fazer voltar a viver. Embrutecido, não acredita na felicidade p...