Capítulo Sete

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As duas jovens entram no Café Central, sentam-se à mesa, esperam por sua mãe que andaria nas compras, um rapaz alto com um avental de cabelos loiros aproxima-se da mesa, com um bloco pautado na mão.

A mais velha o olha de cima a baixo, o analisando em silêncio imaginava-o noutras atividades. O empregado era um jovem bem - parecido: moreno; de cabelos curtos castanho claro e olhos castanhos expressivos, os seus lábios prefeitos ligeiramente entreabertos deixavam os seus dentes brancos à vista, a camisa riscada com o primeiro botão aberto que descobria os músculos peitorais. A rapariga tinha água na boca, a sua vontade é de tocar naqueles ossos para verificar se era realmente duros, ou estaladiços parecia uma bomba prestes a explodir. O rapaz sorria de lado, num jeito galanteador.

- Boa tarde, doutoras. – Cumprimenta aquele jovem simpático - O que vão querer?

Helena suspira volta à realidade, afinal estava num café não era local para sentir aquilo que estava a sentir, tosse sentindo-se vermelha ia fraquejar, estava insegura, não sabia agir normalmente. Mexe-se na cadeira.

- Pode ser – gagueja, quase ténue e prestes a ser descoberta, pelo menos na sua cabeça, tosse mais uma vez procura não ficar nervosa – quero um café e uma fatia de torta, por favor. – Pausa – e tu, Rita?

A outra rapariga estava a brincar com os seus dedos sobre a mesa de madeira sem ter muita paciência para a espera, parecia uma tarefa interessante e algo peculiar, de repente fica amuada quando se sente só, sim porque não se identifica com a irmã, Helena nunca se dera bem com ela, até pode ser por ser a mais nova também é mais mimada, no entanto haviam certas atitudes que não lhe caiam bem; quando o empregado se aproxima delas, olham de soslaio uma para a outra, a mais nova recosta-se à cadeira, com os braços cruzados sobre a barriga dirige o olhar para a sua irmã, engole em seco e começa a fazer-se ouvir:

- Quero uma garrafa de água, por favor.

O rapaz sorri delicadamente e distancia-se. Helena, por sua vez quase cai do assento ao tentar observar a sua forma de caminhar, como se desfilasse para trás do balcão. Entretanto, ouve a campainha da porta de entrada, que lhe atrai a atenção e visualiza uma mulher alta de tez clara com uma grande boca aberta num sorriso que lhe permitia ver os dentes brancos, com uma pochete agarrada ao braço, bamboleava-se nos seus sapatos de salto alto, com um homem de cabelo preto cortado à escovinha e mais baixo.

- Ah, Vicente anda, homem, despacha-te. – Pausa – quero ver as hienas a saltar.

A jovem é muito distraída, vive com dois colegas numa república é uma professora catedrática da universidade de Coimbra. Ele a olha com irritação que dá lugar à raiva.

- Olha para mim! – Grita em surdina.

Os olhos carregados muito negros pareciam que ia cuspir fogo, o lábio trincado pelo maxilar invisível, os ossos faceais pareciam mais expostos.

- Oh, estás tão fofo. – Já não deveria ser um espanto para Vicente. Ela aproxima-se dele o segura no queixo – gosto dessa cara.

Bernarda Pires é uma professora de Processo da universidade de Coimbra, não gosta do nome por ser muito antiquado, e também por seu avô se chamar Bernardo, não que não goste do seu ancestral, mas não considera que seja um nome feminino só tem complexo porque hoje em dia ninguém se chama de Bernarda, então adotou o nome de Becky, é distraída e não acerta uma. Partilha a casa com dois colegas: Vicente Campos e Artur Paz.

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora