Capítulo Catorze

18 2 0
                                    


Até ele gosta de Bruno na hipótese da Laura ser viva não havia motivo nenhum para ele rejeitar o seu filho, no entanto, sentia-se mal por que ele se aperceba desse facto.

- Bom dia de aulas, Bruno – deseja o progenitor.

O rapazito ajeita a sua mochila às costas em seguida sorri alegre não dando importância ao que acabara de lhe dizer.

- Obrigado, Vasco – põe-se em bicos dos pés e dá um beijinho na face de seu pai.

Imóvel vê o seu filho a entrar no recinto da escola permanece ainda algum tempo aí fica só pensativo, seu filho não tem a culpa dos seus comportamentos, de que Laura o tivesse deixado "só" com um filho de dias nos seus braços para criar que precisa de carinho e compreensão. Contudo, doía-lhe no seu peito talvez ainda vá a tempo de preencher a lacuna, e seja possível ainda o amor.

*

A jovem entra, tremula na igreja, senta-se completamente ofuscada, ele tinha-a assustado quando um homem magro e alto de idade traja uma batina preta com a gola branca e um crucifixo ao pescoço se aproxima da rapariga.

- Padre? – Inquire ao se recompor do susto – senhor padre, desculpe – salienta cautelosamente, enquanto ele se senta no banco.

- Então que se passa, minha filha?

A rapariga fica em alerta não deveria contar tudo, pois aquele senhor de sessenta anos não iria a compreender, contudo; a jovem necessita de dizer algo, o padre espera uma resposta.

- É Vasco – queixa-se ela, com atenção não quer dizer tudo, mas o seu principal e talvez único problema é esse, em seguida respira fundo – ele é tão injusto, às vezes.

Padre Américo fica verdadeiramente preocupado, com a situação da moça, sabe que o jovem é assim desde o falecimento da sua primeira esposa, ele nunca mais quis saber de verdade de nada.

- Minha filha... - a tenta acalmar – Vasco é assim... - pausa – não que seja um mau homem, ou com falta de carácter.

Descontrolada, nervosa e sem saber o que dizer perante tal revelação que já sabia, a jovem vê no padre um homem de confiança. Por fim, desabafa com ele.

- O problema é que eu me apaixonei como uma tola.

O senhor padre permanece aturdido com o que aquela doce rapariga lhe revelou, sem nunca ter a noção, e sem saber o que dizer, estava sem palavras, não que fosse um pecado mortal, é normal uma mulher procurar um jovem, para se casar, contudo, aquele não seria o mais indicado para aquela moça.

- Hum? – Havia a possibilidade de ter entendido mal – por Vasco?

Inês pensa em várias hipóteses, mas está farta de mentir de mentir a várias pessoas, e também está escandalizada com o seu empregador, pois ele é tão duro, todavia, não tem culpa que o seu coração o ame.

- Sim! – É mais fácil ser verdadeira – eu o amo, com todas as minhas forças – declara – mas preciso de desabafar o que me vai na alma. – Pausa – apaixonei-me quando Laura ainda era viva, senhor padre... - chora – sei que não devia, mas amo-o desde então...

- Minha filha, que Deus te perdoe – o padre interrompe-a.

A jovem chora, acha-se uma má pessoa, por pensar assim, pois aquela mulher estava muito doente.

- Quando Laura faleceu, fiquei contente... - soluça ela.

O Senhor padre permanece pensativo, em silêncio, encara os seus pés.

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora